Capítulo 9

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Minha cabeça doía incessantemente – não no sentido literal, mas todos os acontecimentos daquele dia me assolaram. Espantei-me quando vi Edward adentrar meu consultório, a fim de devolver meu broche. As sensações que me dominaram naquele instante quase me permitiram agir impulsivamente, mas eu não podia me entregar ao desejo e amor que sentia por ele. Não poderia, por mais que eu quisesse.

Cheguei em casa estranhamente mal humorada e impaciente. Meus pensamentos estavam a mil e, por mais que eu tentasse, era como se minha mente estivesse mergulhada em um caldeirão de água fervente.

Damon e as crianças ainda não haviam chegado – segundo ele, após o trabalho, levaria Alyssa e Matt ao circo montado no centro da cidade, como havia prometido na semana anterior. E, como eu me sentia perdida em locais movimentados, recusei o passeio.

Subi as escadas apressadamente e, em poucos minutos, minhas roupas faziam parte de um monte no canto do enorme banheiro, enquanto meu corpo submergia na água repleta de espuma. O coque alto e mal feito em meus cabelos parecia inútil, rendendo-se à franja que insistia em cair sobre meus olhos, ao passo em que meus músculos se flexionavam e eu me recostava à banheira.

A letargia veio com força e precisão e, junto a ela, a calmaria. Meus olhos logo foram pesando e, antes que eu fechasse os olhos e me deixasse levar pelo cansaço, o estridente toque do celular soou, fazendo-me pular de susto. Praguejei audivelmente, amaldiçoando os sete mares, enquanto saía do conforto da água morna e cálida, enrolando-me em uma toalha qualquer.

Chegando ao quarto, peguei minha bolsa preta, ainda com raiva, e arrependendo-me depois – poderia ser Damon e as crianças. Entretanto, um número desconhecido piscava no visor, fazendo-me franzir o cenho no momento em que pressionava o botão verde.

De repente, minha voz simplesmente travou. A respiração forte do outro lado da linha se dividia entre o nervosismo e ansiedade, e todos os pelos do meu corpo se eriçaram instantaneamente, fazendo-me estremecer, em seguida. A penumbra de meu quarto – iluminado apenas pela fraca luz da lua que atravessava a imensa janela de vidro – associada ao meu temor, fez tudo se encaixar, como numa explosão de intuição.

– Edward? – Minha voz proferiu sem qualquer permissão, mas apenas ao ouvir aquela respiração do outro lado da linha, meus lábios agiram por conta própria, enquanto meu cérebro simplesmente paralisava.

– Sim, Bella – Seu suspiro, assim como sua voz, soou como rendição. – Sou eu, Edward.

Meu coração acelerou de maneira brusca, e minha mão pousou acima dele, ao passo em que eu reprimia um arquejo. Não seria possível... Por que Edward me ligaria? Eu tentava raciocinar todos os porquês plausíveis, mas tudo se dirigia à apenas uma palavra. Meneei a cabeça, fechando os olhos com força. Aquela palavra não existia entre Edward e eu, não mais. Amor. Eu tentava me convencer que aquilo era alguma ilusão, mas eu o amava tanto... Enquanto ele, provavelmente, me esquecera há séculos.

– O que você quer? – sussurrei, contendo as lágrimas que se concentraram em meus olhos, assim como minha voz embargada, denunciando minhas emoções.

– Eu só queria dizer... – ele hesitou, e pude ouvi-lo umedecer os lábios, do outro lado da linha, suspirando e prosseguindo. – Que... Que é muito bom ter você perto de mim outra vez. – Segurei minha respiração no mesmo instante, mordendo os lábios, ouvindo-o sorrir levemente.

Suas poucas palavras foram o bastante para fazer minha alma descarregar. Eu nunca parei para pensar o quanto esses últimos dias haviam sido tão tensos a ponto de beirar o torpor da adrenalina, e era realmente reconfortante ouvir a tímida frase vinda dos lábios de Edward.

Respiro MeOnde histórias criam vida. Descubra agora