Respostas em um sonho

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Os dias de viagem passaram iguais, eu estudava o caderno de anotações que Barnas me dera, e toda noite dividia o que havia aprendido com Pedro. Ele por sua vez conseguiu ter algum progresso na amizade com Elias, obtendo êxito na coleta de informações sobre Dashai, o Deserto Vermelho, o Pico da Serpente, e até sobre os demônios.

Era a terceira noite de viagem e segundo Elias chegaríamos à Dashai no dia seguinte. Compartilhamos a refeição e silêncio, que mais uma vez era peixe, eu já estava ficando enjoada de comer peixe todo dia, mas por via das dúvidas decidi que era melhor racionar a comida que Barnas nos dera, afinal não sabíamos o que nos aguardava mais a frente. Elias terminou de comer, e tão taciturno quanto havia chegado, se retirou. Aproveitei o momento para dividir o que havia aprendido.

— Hoje consegui muita coisa útil para nós, cheguei na parte sobre os demônios. Descobri que aquele demônio que você tem a máscara é um Artog, são muito fortes fisicamente e possuem uma armadura de placas muito resistente, os principais pontos fracos são os olhos e o interior da boca.

— Exceto pelo nome eu já sabia disso — Pedro me respondeu, percebi que ele estava me desafiando, uma provocação para tentar quebrar a tensão que vivíamos nos últimos dias.

— Ah é? — devolvi com a minha melhor expressão de afronta. — E por acaso o senhor sabia que a água abençoada não é eficiente contra ele, exceto quando usada nos pontos sensíveis? Sabia que além das habilidades que já citei, esse demônio possuí a capacidade de soltar baforadas de gás venenoso? Sabia que ele está classificado como um dos demônios mais comuns em Élkeses? Será que o senhor sabia dessas coisas?

A expressão no rosto dele passou de desafiadora para extremamente divertida, involuntariamente também sorri.

— Você me pegou, eu não sabia disso!

— O demônio do qual eu tenho a mascará é chamado de Sgar. Suas principais habilidades são a agilidade, a capacidade de esticar seus membros, e lançar jatos de chamas e produzir um líquido corrosivo e causticante, capaz de derreter até ferro. Ele é sensível à água abençoada, mas é resistente aos danos físicos, sendo capaz de regenerar quase qualquer dano, possuí como ponto fraco uma espécie de coração alojado em suas costas.

— Você está parecendo uma professora, exceto pelo fato de que está ensinando demonologia. — rimos do comentário dele e depois continuei.

— Então continuando a lição, acho que agora vem o tópico que vai te deixar mais interessado. Se lembra daquele demônio que nos atacou na porta da igreja quando estávamos na cidade Cascata? — ele assentiu em concordância. — Descobri que é chamada de Saraphina, e não é um demônio comum. Ela é um general!

Pedro engoliu em seco e a tensão voltou a se agigantar sobre nós, pesada demais para o meu gosto.

— Ela estaria na escala acima dos demônios comuns, geralmente lidera as tropas em batalhas. Como já pudemos perceber ela pode soltar gritos que causam dor extrema aos seus oponentes, tem poderes telecinéticos e é proficiente no combate com espadas duplas. Além disso, ela pode abaixar a temperatura do local onde está, deixando tudo muito gelado, pode se regenerar e pode drenar a vida daqueles que toca, se assim desejar. Sua habilidade de liderança vai além da autoridade, ela possuí o poder de controlar quaisquer demônios inferiores a ela. Não existe nada sobre as fraquezas dela, embora seja provável que a água abençoada e armas feitas de Galho-de-Shai tenham algum efeito sobre ela.

— que estimulante, não? Espero não ter que vê-la novamente.

Infelizmente algo no meu interior gritava que teríamos de enfrentá-la novamente, e o pior é que eu tinha certeza de que não haveria misericórdia dessa vez. Se perdêssemos com toda certeza iríamos morrer.

Vermilion - A sociedade das máscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora