Chapter three

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Em meados de dezembro, eu já havia me adaptado aos Estados Unidos e seu frio intenso. Meu pai havia me colocado em aulas particulares de alemão, já que eu tanto insisti, mas confesso que não estava gostando. Além de mim, duas outras meninas esnobes faziam as aulas, e pra piorar tudo, fazíamos juntas. Era em um pequeno apartamento no centro da cidade, onde os ricos moravam e um professor muito gentil ensinava língua estrangeira.

De uns tempos pra cá, percebi que morar com dois caras nada "normais" não era uma tarefa fácil. Nunca imaginei que viveria esse tédio que está sendo minha vida. Sempre sonhei em aventura, conhecer lugares com meu pai, viajar, nem que seja de nossa "casa" ao centro da cidade, pra mim seria incrível, só de estar com ele bastava, mas parece que eu era apenas o passatempo dele, o extra, aquele que ele só procura quando não se tem exatamente nada pra fazer. E por incrível que pareça, o que mais me dava atenção também havia se afastado de mim, e bom, eu sentia falta. Dean Campbell Winchester era o nome de boa parte da minha solidão e total rejeição.

Boa parte da minha manhã é tentar organizar livros e papéis dos meninos, pela tarde eu vou pro curso e a noite faço as tarefas. E quase na hora de ir dormir, quando os garotos não estão em casa, papai me liga e deseja um "boa noite de sono". Juro que esperava um "estou com saudades, vejo você amanhã", mas isso estava fora de cogitação. O único tipo de proteção que ele me possibilita é ter Castiel praticamente 24horas me vigiando, dia e noite, a todo lugar que eu vou. Como hoje, por exemplo, ele esteve me olhando por um bom tempo enquanto eu lia um livro que ganhei de presente de Dean — ele ia me dar um disco de rock, mas eu optei por um romance barato que me fizesse chorar no final —, as vezes me assusto com os olhares que "meu" anjo protetor me dá.

Na Flórida, eu andava com umas meninas que moravam com seus pais, e elas diziam não ser uma tarefa fácil, agora eu as entendo. Posso parecer reclamona na maioria das vezes, mas eu realmente estou me sentindo sozinha e sem nenhum amigo pra conversar. Por muitas vezes pensei em sair do Bunker pra ver a natureza, sentir ar fresco e quem sabe encontrar alguém pra conversar, mas eu não podia, era perigoso, segundo a revista "irmãos Winchester".

— Parece um pouco nervosa — Castiel me olhou mais uma vez, perdi as contas de quantas vezes ele me olha por minuto. — Pensando em seu pai?

—  Sim. Quando ele volta?

— ... breve.

Breve, sempre era breve, e ele nunca chegava. Algumas noites tive pesadelos horríveis com ele e Dean, e acordara de madrugada tendo que ligar pra algum dos dois e ter a certeza e que eles estavam bem, mas eu nunca ficava em paz com isso.

— As vezes, acho que vou explodir de tanta solidão — desabafo. — Me sentir sozinha o tempo todo está me deixando um tanto depressiva.

— Eu estou aqui com você, Charlie.

— Você nem conversa comigo — bufo.

— Eu estou conversando agora!

— Troca duas palavras ou outra de hora em hora — tomo um longo gole d'água. — Quero ter amigos, ver pessoas, conhecer mais esse lugar.

— E as amigas do curso?

— Não são minhas amigas!

Subo para meu quarto rapidamente e me tranco. Uma tentativa totalmente idiota, já que ele poderia usar seu teletransporte. Segundo Castiel, as meninas do curso eram minhas amigas, mas acho que ele não deve entender muito dessas coisas.

Me jogo na cama e abraço um casaco de Dean, havia pegado nas coisas dele na noite passada em que senti muito frio. Tinha seu cheiro, e uma leve mancha de torta de maçã na gola. Peguei meu celular e disquei o número que ja sabia de có. Papai não me atendeu, e pela quarta vez no dia, eu não pude ouvir sua doce voz em meu ouvido, me dizendo que tudo iria ficar bem.

Preciso falar com você, pode me ligar?

Dean, é sério!

Sinto sua falta, Batman

Mando mensagens pra meu tio em horários diferentes, já que o mesmo nunca respondia em duas semanas seguida.

Estou indo para a Batcaverna, Batgirl!

Eu nunca esperava uma resposta dessas mensagens que mandava a ele, e quando recebi a resposta fiquei surpresa. Adorava o jeito que ele e chamava, adorava ouvir sua voz pronunciando cada coisa da DC Comics. Dean era um cara extremamente incrível, e um bom irmão, por mais que as vezes tenha uma recaída ou algo do tipo. Ele também é um bom tio, um bom amigo, uma boa pessoa em si, seu único defeito — em minha opinião —, era se deixar levar pela razão, e não pela emoção.

Todos temos sonhos incalculáveis e inexplicáveis de dizer, e sentimos coisas por pessoas que não deveríamos, mas errar é humano. Se apaixonar por pessoas erradas é um erro totalmente comum entre a sociedade, mas se apaixonar pela pessoa certa e estando completamente errado, que é o problema.

[...]

Enquanto eu me trocava para ir ao curso, ouvi vozes e desci correndo me deparando com minhas duas pessoas preferidas no mundo. O primeiro a me ver foi Dean, que de imediato deu um sorriso de saudades e cansaço misturado. Corro até ele e o abracei forte, e acabei me surpreendendo com a frase que ele me disse.

"Não parava de pensar nesse abraço, no abraço que eu ganharia quando chegasse"

— Você realmente disse isso, Winchester? — ri fraco. — Isso foi muito fofo para o cara que você é.

— É só saudades, Charlie.

Meu pai me disse uma vez, que minha vinda amoleceu o coração do Winchester mais velho, estava passando a acreditar nisso. Acho que Dean me via como o retrato de sua melhor amiga, e talvez ele estivesse dando o carinho pra mim, que ele queria ter dado mais a ela. No começo, isso me incomodou um pouco, mas agora deixo com que ele siga a rota de pensar nisso e vá em frente.

Depois de tanto abraçar os garotos, tive uma péssima notícia, eles iriam sair novamente, e mais uma vez, eu fiacaria "sozinha".

— Vocês não vão ficar comigo hoje? Só hoje, por favor? — implorei e ganhei um beijo na testa, de papai. — Pai...

— Querida, fazemos isso pra melhorar esse mundo, e por você, pra te proteger.

Sempre era a mesma ladainha de sempre, me proteger.

Dessa vez seria diferente, eu não daria ouvidos a ele, seria como Dean disse "rebelde". Enquanto eles conversam com Castiel, entrei na baby, me escondendo embaixo de uns trapos velhos que eles estavam carregando no banco de trás. Cinco minutos depois, eles entraram e deram partida.

Ouvia conversa dos dois por todo o trajeto, até o carro parar e eles saírem.

[...]

Ficar por cinco horas dentro de um carro, era horrível. Decidi sair debaixo daquilo tudo e tomar um ar. O carro estava trancado, e isso me impossibilita de sair, mas quem disse que Charlie Winchester não anda prevenida? Tirei um grampo do cabelo que sempre ficava nos cabelinhos acima da nuca, e consegui abrir a porta. Sai pra fora e tomei ar fresco, foi a melhor sensação durante todo esse tempo. Começo a andar explorando o local, até que não consigo mais enxergar por conta das escuridão.

Havia ficado perdida na mata, e minha cabeça ja doía de tanto forçar as vistas para enxergar algo. Ouvi o barulho de um carro dando partida, e bom, era o impala 67, e eu estava sozinha, literalmente sozinha.

espero q tenham gostado, nenéns

obg por me ajudar nesse capítulo, amiga, sem vc eu tava ferrada... te amo❤ carolinacabral79

A Big ProblemOnde histórias criam vida. Descubra agora