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No sábado de manhã, de céu limpo e sol fraquinho, desejava dormir até meio-dia. Porém, Alex, insistia em reunir a banda no seu apartamento apertado perto da Avenida Paulista.
Juntei-me à banda Ortros há quase quatro anos. Sempre gostei de música, sendo esse o meu sonho de profissão. Mas, como músico é visto pela sociedade como vagabundice ou apenas hobby, precisei recorrer a um emprego medíocre para pagar as contas que dividia com um amigo dos tempos de faculdade, Guilherme.
Apesar de ter nascido e crescido em São Paulo, morei um bom tempo em Araraquara para me formar num curso que nunca chegaria a exercer a profissão. Sei lá por qual razão eu escolhi Economia. Simplesmente, na época, quando eu estava com meus 19 anos, decidi prestar vestibular para Economia, na UNESP, mas tentei a Música na USP do campus da capital. Como não consegui uma boa classificação na Universidade de São Paulo, aceitei a vaga, ao ver meu nome da segunda lista de chamada, na UNESP de Araraquara. Os quatro anos de curso fiz em cinco e meio. Demorei, porém consegui meu diploma que serviu para ficar no fundo da gaveta.
Acontece que cresci numa casa onde meu irmão mais novo era o exemplo da família, enquanto eu era o desordeiro. Tanto meu pai quanto a minha eram advogados e queriam que os filhos seguissem a profissão. Meu irmão, Bruno, conseguiu passar na USP para o curso de Direito, já eu, não queria saber de ser advogado nem de brincadeirinha.
─ E quer viver de música? ─ brigava meu pai. ─ Isso nem é profissão.
─ É tanto quanto ser advogado.
─ Você é um moleque, Rodrigo. Quando vai virar homem?
A resposta veio quando passei na UNESP e fui embora para o interior. Não era Direito, mas pelo menos Economia era considerada uma profissão, segundo os meus pais.
A melhor coisa que fiz na vida foi ter saído de casa aos 19 anos. Infelizmente, por dois meses tive que aceitar dinheiro dos meus pais para bancar as despesas, porém logo consegui um emprego nos barzinhos à noite tocando violão e cantando algumas músicas de bandas que eu curtia. Mas o dinheiro dos bares era apenas um extra, sendo assim, trabalhava à tarde, após as aulas, numa loja de instrumento musicais do shopping. Não pagava muito, mas com o dinheiro das apresentações, conseguia pagar as contas do mês na República Catuaba, local que fiquei hospedado. As despesas não eram muitas, pois dividíamos em sete caras extremamente bagunceiros. Apesar da bagunça, tornamo-nos bons amigos e a convivência era tranquila.
Não dependendo mais financeiramente dos meus pais, senti a liberdade invadir a minha vida. Quase abandonei o curso de Economia, mas continuei, pensando que um dia talvez o curso fosse necessário. Pretendia prestar Música na USP do campus de Ribeirão Preto, mas a grade curricular não me chamou muito a atenção; não condizia com meu perfil.
Depois da loja de instrumentos musicais, trabalhei numa empresa que, segundo o contrato, tratava-se de um serviço na área da economia, o que ajudou nos meus créditos na disciplina de estágio, porém não tinha relação com o meu curso. Na verdade, era um simples emprego de escritório, no qual eu digitava algumas coisas, enviava alguns documentos e fazia planilhas no Excel. Pagavam mais do que a loja de instrumentos musicais, mas, confesso, preferia ter continuado no comércio; era mais divertido e eu ainda podia tocar algumas músicas.
Na República Catuaba, um dos meus amigos é quem até hoje divide apartamento comigo em São Paulo, o Guilherme. E outro que também foi morar em São Paulo, sendo o guitarrista da banda Ortros, é o Fábio. Amigos que fiz em Araraquara e trouxe comigo para a capital.
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Nunca Fui Beijada | DEGUSTAÇÃO
Romanzi rosa / ChickLit[DISPONÍVEL NA AMAZON] A vida de Cecília sempre foi resumida ao tédio. Na adolescência, perdeu bons momentos de diversão para se dedicar ao máximo aos estudos do colégio, obtendo, assim, sucesso em suas notas. Terminado o Ensino Médio, a garota come...