Magia Elemental

Ele...

  Tudo o que eu conseguia ouvir eram gritos e o tilintar de lâminas se chocando umas contra as outras...Gritos de guerra e pavor. Os raios cortavam o céu e até onde o Reino se estendia a chuva castigava o chão.
 
   O medo me tomou por completo, eu podia sentir meu coração batendo em casa centímetro do meu corpo. Tudo o que era belo, em meu amado reinado...Fora tomado por trevas e destruição. Sangue inocente derramado em vão. Vidas tiradas de guerreiros que desejavam apenas proteger sua pátria. Deixada sozinha em meus aposentos eu só podia sofrer em silencio vendo tudo aquilo.
   Um véu branco cobria meu rosto e uma auréola em forma de coroa pendia sobre minha cabeça. Meu vestido branco, molhado pela chuva que respingava na janela, agora estava amarrotado e sujo do sangue de minhas mãos. Meu coração doía e gritava apenas uma coisa.

   Vi um movimento brusco vindo de fora da janela, eu sabia exatamente o que aconteceria, mas não tive tempo de reagir. O vidro grosso e molhado fora despedaçado, fazendo voar cacos por todos os cantos do quarto. Uma silhueta negra estava em pé na janela antes fechada pelo vidro. Usava uma capa preta que tinha um capuz no qual cobria todo seu rosto. Um cinto onde continha:uma espada e pequenas facas, se encontrava em torno de sua cintura. A silhueta tirou o capuz negro e revelou seu rosto molhado.

   Cabelos loiros que lhe caiam sobre os olhos, olhos verdes e brilhantes, a pele cor de bronze, os lábios cheios e bem esculpidos. Aquele olhar de quem tivera os sonhos destruídos, e o fantasma de um orfao em seu rosto. Aquele homem parecia o tipo de pessoa que se encontraria decorando a capa de um livro de terror sobrenatural. Senti medo no mesmo instante em que ouvi sua voz grave e vibrante.

   -Não é seguro aqui!-Ele me estendeu a mão coberta por uma luva de couro. -Venha comigo!

   Eu continuei olhando aquele homem com a expressão apavorada. Ele...Ele era lindo, porém tinha algo ali que não me permitia ver toda a beleza. Na verdade eu nem mesmo tive tempo de raciocinar. O rapaz me puxou para perto colando seu corpo ao meu. Fez sinal para algum lugar no alto e fomos puxados por uma espécie de gancho que fez nós dois sobrevoarmos por cima daquela guerra.
  Fomos ao encontro de uma imensa bola de luz verde. Eu lembro de sentir todo o meu corpo enfraquecer.