Capítulo 11- Amally

73 4 4
                                    


  Sair da caverna foi fácil. Eu mantinha a mão elevada para evitar que o sangue pingasse em mim enquanto ouvia Lucy tagarelar o quanto ela estava indignada com a tal forma de pagamento.
O caminho parecia não ter fim, e eu só tinha certeza de que não estávamos de fato perdidas por que a terra nos mantinha no caminho certo.

  -E então? Já conversaram sobre aquele assunto?- Lucy mudou completamente o rumo da conversa.

  -Do que está falando?- Desviei meus olhos dos dela e continuei a caminhar olhando para baixo.

-Não se faça de boba, Angelina! Eu posso ler sua mente. -Ela puxou meu queixo forçando-me a olha-la. -Sabe que está doidinha pra fazer isso!

- Lucy, eu não sei! Tem dias que penso nisso sem parar. -Suspirei-Mas não quero fazer isso agora. Estamos no meio de uma missão. Não é hora de pensar em sexo- Andei um pouco mais rápido.

-Você fala essa palavra como se tivesse medo dela. -Lucy tornou a me acompanhar. -Nunca vamos ter essa conversa se você não confia em mim.

-Eu não tenho medo dessa conversa-bati o pé indignada- Meus pais falaram disso comigo quando eu tinha doze anos de idade.

- Veja bem... Vocês dois vão ter seu tempo sozinhos. Eu não quero te apressar por que é ruim se sentir sob pressão, mas pelo menos de a chance do cara pode ir além  de só uns beijos!

  Minha expressão se tornou indignação pura.

  -Nós vamos além dos beijos! -Falei com a voz aguda. Aqueles meus traços pirracentos.

- Você me disse na semana passada, que mal deixava ele te abraçar enquanto dormia!

  Eu estava prestes a contar mais uma mentira quando ouvimos as vozes dos rapazes atrás de uma moita.
Mais além havia uma luz e era possível se ouvi estalos de madeira.
Lucy usou uma das mãos para afastar a moita.
Deyman e Jeen estavam um de cada lado de uma fogueira. Os dois conversavam e nem haviam notado nossa presença. Duas barracas estavam armadas lado a lado e em cima de um toco seco, haviam algumas embalagens de alumínio com comida.
Fizemos barulho e eles notaram nossa presença. Os olhos de Deyman bateram diretamente no corte em minha mão. Ele se levantou bruscamente enquanto nos aproximavamos.

  -O que foi isso?-Perguntou.

   Pensei por alguns segundos.

-Estava escuro na caverna e eu acabei me cortando em uma pedra afiada. -Menti torcendo para que ele não percebesse. Em vão é claro!

- Agora conte-me a verdade! -Exclamou bravo.

-Saúl queria um pagamento em troca da informação. Ela deu o sangue a pedido dele. -Lucy disse sentando-se ao lado de Jeen.

-Por que ele queria o sangue dela?

-O que foi? Eu sei me virar tá legal? -protestei-Ia pedir pra Lucy fazer isso também?

-E se tivesse feito algo mais grave? Podia ter oferecido outra coisa e não seu sangue. -Ele falava alto.

-Eu quis fazer isso! É só um simples corte! Estou viva e respirando.

- O cheiro podia ter atraído um predador na floresta!

-Não seja exagerado! - Comecei a falar alto também- Nem estou sentindo. E se me der liçensa vou dar um jeito nisso. - Peguei minha mochila e entrei em uma das barracas.

  Com sorte achei um estojo de primeiros socorros. Fiz um curativo muito mal feito, mas me recusei a pedir ajuda de Deyman. Não estava com raiva dele por se preocupar, porém meu orgulho não me permitia voltar lá fora. Deitei lá dentro e fiquei viajando em meus pensamentos enquanto sentia minha mão ficar dormente.
Ocupei  minha mente com algo realmente importante. Dallas.
Por que ele teria fugido do acampamento e por que escolheu o caminho sem magia.
Não poderia ser para não deixar rastro, já que era bem mais fácil encontrar alguém por uma trilha comum.
Talvez quisesse evitar os quatro caminhos cruzados. Os guardiões não deviam ir muito com a cara dele.

Magia ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora