Capítulo 12

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Ela se segurou nos galhos, tentando achar uma saída da prisão de fogo. Seus olhos vasculharam as chamas cada vez maiores, suas mãos tremiam. Ela estava apavorada.
Vamos lá, Emily. Pense.
Ela encontrou uma brecha e tentou voar, mas as chamas estavam altas demais. Seu uniforme começou a pegar fogo. Ela se desesperou, gritou e caiu no chão.

A parede que nos separava das duas, abaixou e corremos para perto delas. Jane ajudou Emily a se levantar e curou as queimaduras. Ela disse algo sobre estratégia, pensar rápido e derrota. Mia parecia meio perplexa por ter vencido. Eu simplesmente sorri e a abracei.
A próxima batalha seria entre eu e o Austin.
Ele era bonito. Acho que se as circunstâncias fossem outras, eu estaria tentando não corar enquanto falava com ele e não em como vence-lo. Ele tinha poder de vento, o que podia ser uma desvantagem pra mim já que, tecnicamente, eu só tinha poder de fogo.
A mesma parede transparente se ergueu. Treinei a intensidade da chama, enquanto eu o encarava. Uma brisa estava sempre envolta dele, fazendo seus cabelos flutuarem no ar. Eu ia precisar de sorte. Muita sorte.
- Podem começar. - disse Jane.
Meus olhos se dilataram e a adrenalina percorria meu corpo a mil por hora. O vento começou a girar, formando um redemoinho ao redor do seu corpo. Um tubo de vento.
Meu fogo apagava antes de chegar perto do corpo dele. Lancei pequenas bolas de fogo, mas não houve qualquer efeito. O vento carregava tudo consigo: terra, pequenas pedras, folhas, galhos.
E então, tive uma ideia. Comecei a queimar as folhas da árvore ao lado dele. O vento estava girando tão forte, que era como um furacão, destruindo e levando tudo em seu caminho. As folhas em chamas foram puxadas para dentro do redemoinho. A maioria apagou, mas algumas sobreviveram e passaram o fogo para outras folhas e para galhos. Mirei nas folhas e nos galhos queimando e atirei mais fogo. O fogo começou a se alastrar e o redemoinho começou a queimar. Ele diminuiu o vento e antes que o fogo pudesse toca-lo, ele lançou as plantas em chamas na minha direção. Agachei, colocando as mãos no chão e depois subindo, formando uma parede de fogo. Quando as folhas e galhos bateram na parede em chamas, queimaram e viraram cinzas.
Era frustrante não poder usar meus outros poderes. Imagens de todos os poderes guardados na minha "lista" apareciam a todo o momento e eu não podia usá-los. Dean disse que era melhor deixar meu verdadeiro poder em segredo e era o que eu faria.
As folhas do chão se levantaram e foram lançadas na minha direção, todas queimaram. Comecei a lançar fogo na direção dele e ele recriou o escudo de vento. Tinha que haver uma brecha...
Fiquei ao lado de uma árvore alta. Subi na árvore e sem que ele percebesse, queimei um galho grosso e soltei-o da árvore.
Ele baixou o escudo e se preparou para lançar uma nova bola de vento e folhas.
Antes que ele pudesse me atingir, pulei da árvore, segurando o galho em chamas e lancei-o como um míssil na direção dele, impulsionado por uma cauda de fogo. O galho o atingiu antes que ele pudesse se defender.
A parede se abriu e Jane bateu palmas:
- Meus parabéns, Ella. Isso foi brilhante.
Ajudei Austin a se levantar.
- Obrigada. - Jane sorriu.
- Parabéns as duas vitoriosas de hoje!
Ela conversou com Austin e Emily e depois com Mia e eu:
- Mia, você precisa concentrar mais o poder de fogo e melhorar um pouco a mira. Ella, você foi ótima, mas precisa ficar mais concentrada na batalha. Se não estivesse um pouco distraída, talvez tivesse matado a fraqueza do escudo de vento mais rápido.
- Sim, treinadora - Mia e eu respondemos em uníssono.
Seguimos Jane até uma sala branca, retangular, onde Victoria nos esperava. Os alunos do Dean foram com a Jane e os da Victoria com o Dean. Entramos na sala, Mia e eu lado a lado.
Victoria foi até a frente.
- Bom, nós vamos treinar os poderes comuns. Aqueles que todos os feiticeiros, independente de poder especial, possuem. Que são... Levitação, - uma cadeira no canto da sala flutuou no ar e depois voltou ao chão - Respirar em qualquer território, inclusive em baixo da água e fazer ilusões simples, como mudar a cor do cabelo ou dos olhos para confundir humanos. Mas para feiticeiros ilusionistas como eu, essas ilusões não funcionam. As ilusões que vocês podem fazer são bem simples e vocês não podem mudar sua aparência completamente como eu fiz. - ela sorriu - Essas são as ilusões que podem fazer.
Os olhos dela mudaram para castanhos e o cabelo ficou ruivo natural. Parecia uma simples humana, com certeza.
Ela seguida, ela voltou ao normal, primeiro os olhos azuis e depois o cabelo branco.
Mudou o uniforme branco para uma calça jeans e uma camiseta rosa.
E voltou ao normal.
Treinamos quase 2 horas de levitação e ilusões. Para levitar, tínhamos que falar a frase na cabeça: levantar mesa (ou cadeira, ou qualquer coisa).
Para usar a ilusão, tínhamos que falar o que queríamos fantasiar e pensar no jeito em que queríamos que ficasse. Primeiro, ficamos todos com cabelos brancos e olhos azuis. Quando todos conseguimos fazer isso, ficamos livres para treinar combinações. Criei olhos azuis, verdes, dourados, castanhos esverdeados, pretos e até violetas.
Fomos dispensados e seguimos com o Dean até a outra parte da floresta. Íamos aprender a nos camuflar e encontrar esconderijos. Não pude deixar de pensar em como seria fácil se eu simplesmente ficasse invisível.
- Uma guerra não é apenas sobre luta e poder. Também é preciso saber a hora de recuar e se proteger. Observar os pontos fracos do inimigo e atacar sorrateiramente. - Dean sorriu - É isso que veremos hoje.
Aprendemos a usar folhas e galhos para nos escondermos e apagar rastros e pegadas. E escolher árvores estratégicas em que podíamos nos esconder e observar, sem sermos vistos.
Depois, decidimos fazer um jogo. Uma espécie de esconde-esconde:
- Vamos ter que permanecer num raio de 500 metros. Algumas partes da floresta são enfeitiçadas e vocês não vão querer se perder por lá. Os únicos imunes aos feitiços da floresta são ilusionistas, o restante de nós fica completamente perdido. Confiem em mim, se forem até lá, não conseguirão achar o caminho de volta. - ele olhou nos meus olhos, como um pai protetor - Podem começar! Boa sorte.
Sai correndo, enquanto Emily contava. Pensei em me esconder em cima de uma árvore, mas achei óbvio demais. Fiquei procurando algum arbusto onde eu pudesse me esconder. Corri mais um pouco e vi um perfeito. Me abaixei atrás dele, escondida do outro lado por um tronco.
Deitei de bruços para me esconder melhor e fiz o máximo de silêncio que pude.
Não sei quanto tempo passou, 10 minutos? 20 minutos? Parecia uma eternidade. Minhas pernas e braços doíam de ficar na mesma posição por tanto tempo. Ficar invisível só para mudar de posição não teria problema não é?
Me tornei invisível e deitei mais confortavelmente sem fazer barulho.
Comecei a pensar na guerra, no Adam, em tudo que podia acontecer dali para frente. Eu não estava preparada. Talvez nunca estivesse.
Sem perceber meus olhos se fecharam e ao poucos cai no sono.

The White WizardsOnde histórias criam vida. Descubra agora