Capítulo 13

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Eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Quando eu achei que tinha achado o garoto dos meus sonhos, tudo desmoronou.
Fiquei congelada, olhando pra ele. Ele desviou os olhos e passou os dedos pelo cabelo, soltando um pouco de tinta branca.
- Adam...
- Isso é mesmo tão idiota quanto parece?
- Não... Não é. - eu disse num sussurro.
Ele suspirou.
-  Você pode esquecer o que eu acabei de dizer? - ele se levantou - Eu sinto muito. Eu sou um idiota. Eu... Não devia ter dito nada.
Ele subiu as escadas para o quarto, me deixando sozinha com a dor de uma faca no meu coração.

Acabei dormindo no sofá. Lavei os vestígios de lágrimas do meu rosto. Como isso pôde acontecer? Como posso amar o Dean se isso machuca o Adam? Como posso amar o Adam se isso machuca o Dean? Como posso amar qualquer um dos dois se isso me machuca?
Vesti o uniforme e abri a porta. Fiquei do lado de fora respirando o ar puro da manhã.
Olhei pra cima e vi Adam olhando através do vidro do ultimo andar, quando me viu, ele fechou as cortinas.
Desabei e fiquei sentada na grama.
Dean chegou alguns minutos depois.
- Bom dia, meu anjo.
Ele me beijou e foi como se tivesse me dado um soco. Eu não correspondi o beijo, na verdade, fiquei parada e desviei os olhos.
- Ella?
- Podemos só ir tomar café?
Não olhei pra ele em nenhum momento. Era insuportável encarar seus olhos cheios de expectativa e amor. Eram como facas atravessando meu corpo e lembranças do monstro destruidor que eu sou.

No refeitório, nos sentamos com Matt, Melody, Mia, Jane e Victoria. Fiquei revirando minhas panquecas com o garfo.
O que eu vou fazer?
Olhei para as panquecas... Mas não eram mais panquecas.
Minhas panquecas tinham se transformado em três cobras verdes, no prato. Gritei e pulei pra longe da mesa.
Todos estavam rindo, menos Mia e Dean, que pareciam preocupados.
- Ella, vc está bem? - as panquecas foram lentamente voltando a ser panquecas - Foi só uma ilusão da Victoria.
Dean olhou sério para Victoria e todos pararam de rir.
- Eu... Acho que perdi o apetite.
Sai do refeitório e fui direto pra casa.

- Adam...?
Apoiei a testa na porta do quarto, ainda fechada.
- Adam... Por favor...
Minhas mãos trêmulas estavam apoiadas na maçaneta. Duas lágrimas escorreram dos meus olhos. Ouvi o som da maçaneta e enxuguei as lágrimas, rapidamente.
- Ella?
Ele parecia sonolento, como se tivesse acabado de acordar. Os olhos estavam semi-abertos. O cabelo estava novamente escuro e os olhos castanhos. Ele percebeu que eu estava encarando e passou a mão pelo cabelo.
- Eu... Só queria me sentir eu de novo. Sabe... Sem toda essa coisa de super poderes. - ele começou a andar em direção ao sofá - Que eu nem tenho.
- Adam, eu sinto...
- Não. Tudo bem.
Ele sentou no sofá, com a cabeça entre as mãos. Fiquei na dúvida entre ficar de pé ou sentar.
- Então... Você está apaixonado por mim?
- Parece idiotice não é? - ele encara o vazio - Eu sei o que parece. E eu mais que ninguém está surtando, porque eu sei que eu conheço você. Eu sei... Que sempre fui apaixonado por você.
Ficamos em silêncio. Sem saber o que dizer.
- Você o ama?
Ergui os olhos para ele.
- Dean?
Ele assente.
- Acho que sim. Eu não sei...
- Eu deveria saber. - ele da o sorriso mais triste que já vi - Ele não é o tipo de cara com o qual é possível competir.
- Eu sinto muito.
- "O universo não é uma fábrica de realização de desejos."
A dor nos olhos dele, despedaçava meu coração. Me dilacerava por dentro, me confundia, me corroía. O que eram aqueles sentimentos?
Antes que ele desviasse o olhar, não aguentei. Antes que ele dissesse qualquer coisa, colei meus lábios nos dele.
Foi um beijo desajeitado. Eu sentia os lábios dele nos meus, mas mais nada. Não era nada como beijar Dean.
Afastei meus lábios dos dele, bem devagar.
- Ella!
Nos viramos sobressaltados. O grito vinha do lado de fora.
Desci as escadas apressada até a porta. Estava na hora de mais um dia de treinamento.

Dean, Jane e Victoria tomaram a frente e eu me juntei ao grupo de novatos.
- Os testes estão se aproximando, então, hoje faremos um jogo. Os capitães serão Jane, Victoria e eu. Cada um de nós, escolherá mais 4 pessoas.
Cochichos começaram.
- Uma bandeira foi escondida em alguma parte do vale. - o vale era um conjunto de pequenos morros verdes, localizados atrás das florestas - O vencedor será a primeira equipe a encontrar a bandeira. Mas para isso, teremos que passar por alguns... Obstáculos. Desafios lhes serão impostos nas florestas pelo caminho até o vale. E não há como escapar deles. Nem mesmo quem se teletransporta ou voa. Há desafios criados para todos os poderes que vocês possuem. - ele olhou para os novatos, certificando-se que todos prestavam o máximo de atenção - É um jogo de sobrevivência e de sacrifício. Cada capitão terá uma mochila com suprimentos. Tenham em mente, que o jogo só termina com a captura da bandeira. E isso pode demorar dias. - suspiros percorreram os novatos - Agora, vamos escolher os times.
Jane: Hanna (vidente), Jake (controle básico do tempo), Austin (controle do vento) e Jasmine (leitura básica da mente).
Victoria: Alicia (controle da água), Zack (corrida), Josh (mover objetos*) e Mia.
Dean: Johanna (falar com animais), Emily (voar), John (força) e eu.
Eu não sabia qual seria a estratégia do Dean, mas era melhor ser boa.
Os grupos se reuniram com seus capitães. Dean me chamou separada dos outros:
- Vc não pode usar seus poderes, entendeu? Você precisa ficar segura.
Assenti.
- Infiltrados podem estar entre nós, então é melhor não arriscar.
Quando foi dada a largada, começamos a correr em direção a floresta. Emily planava no ar, enquanto o resto de nós corria.
Chegamos a floresta e caminhamos por quase duas horas, o calor era insuportável. O sol brilhava forte, as camisetas colando no corpo. Desejei poder usar os poderes do Matt e fazer chover.
Continuamos andando, até ouvirmos barulhos na floresta.
*mais desenvolvido que o poder comum dos feiticeiros

Todos paramos no lugar. Ficamos em silêncio ouvindo os ruídos, que se assemelhavam a ventos uivantes. Um pequeno redemoinho apareceu na nossa frente, pequenas coisas rodopiavam na corrente de ar. Aos poucos, eu vi o que eram. Eram as minhas coisas.
Minha foto favorita, do dia em que conheci Adam, éramos crianças. Estávamos rindo.
A pulseira com as iniciais C.C.H.
Eram meus bens mais preciosos. Tudo que eu mais amava e me apegava, girando num redemoinho do que parecia vento. Era quase como um redemoinho de fumaça.
Aos poucos, a fumaça se transformou em duas crianças. Eu e o Adam da foto. Elas começaram a correr na minha direção atirando... Flechas de fumaça. Pisquei os olhos repetidas vezes, tentando acreditar. Uma flecha passou raspando no meu braço. Senti a dor e a ardência do corte, enquanto sangue tingia minha pele de vermelho. Mesmo sendo de fumaça, tinham o resultado de flechas reais. Arregalei os olhos e gritei. As duas crianças sorriram e atiraram mais flechas, me desviei delas o melhor que pude.
Fiz fogo azul queimar das minhas palmas e atirei nas flechas. Mas não adiantou. O fogo se uniu as flechas e criou uma arma ainda mais mortal: flechas em chamas.
Me joguei no chão.
Mais flechas voaram na minha direção. Desviei da maioria, mas uma atingiu minha perna direita. Gritei de dor. 
Retirei a flecha, enquanto sangue manchava a calça branca. Percebi q eu estava segurando a foto na minha mão. Lágrimas rolaram porque eu sabia o que tinha que fazer.
Tinha que destruir a foto.
Aquele simples pedaço de papel que era tudo pra mim. Eu teria que desistir dele.
Gritei, enquanto milhões de lágrimas escorriam. Olhei uma última vez para nossas expressões felizes. Senti o fogo começar a queimar na minha palma. Com as mãos tremulas, aproximei a foto do fogo e a observei queimar, até não sobrar mais nada, além da minha dor e das minhas lágrimas caindo.

Minha respiração estava cortada. As lágrimas secavam, com o vento forte que envolveu a floresta. Ele deformou a fumaça e a transformou em outra coisa. Uma mulher. Eu não conseguia ver o rosto, mas ela usava a pulseira com as iniciais C.C.H.
Por algum motivo, eu sentia que a conhecia.
Me afastei alguns passos, enquanto ela se aproximava de mim. Me faltou ar. Fiz minhas palmas queimarem, mesmo sabendo que provavelmente não surtiriam efeito.
A mulher de fumaça, imitou meu movimento, ficando com as palmas em chamas azuis. Atirei fogo na direção dela e ela repetiu o movimento. Desviei do fogo e ela imitou novamente. Atirei fogo e mais fogo, mas ela imitava todos os meus movimentos. Comecei a arfar. Eu nunca iria derrota-la. Atirei mais fogo, todas as tentativas sem resultado.
Quando tive uma ideia.
Apaguei o fogo e me aproximei dela. Ficamos bem perto uma da outra. Fiz uma chama.
Eu precisava ser mais rápida.
Cheguei bem perto e dei um chute o mais rápido que consegui. Ela caiu no chão e antes que ela pudesse se levantar, lancei bolas de fogo azul, até a imagem se dissolver e queimar e se espalhar em fumaça.

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⏰ Última atualização: May 21, 2017 ⏰

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