Capítulo Um

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"Eu fecho os meus olhos, apenas por um momento e o momento se foi. Todos os meus sonhos, curiosamente passam diante dos meus olhos... Poeira ao vento, tudo o que nós somos é poeira ao vento. A mesma velha música. Apenas uma gota d'água, em um mar infinito... Tudo o que fazemos, cai em pedaços, embora nós nos recusemos a ver... Poeira ao vento, tudo o que nós somos é poeira ao vento." ♥♥♥ Dust In The Wind, Kansas ♥♥

        Eu escolhi ir...

        Eu escolhi ir

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       Coloco a última peça de roupa na mala, então puxo vagarosamente o seu zíper e a fecho. A coloco no chão, antes de me sentar na cama e passar as mãos em meus cabelos, deixando que o meu queixo descanse sobre elas logo depois. Pela milésima vez nas últimas horas, eu preciso parar para pensar e, repetir a mim mesmo os motivos que me fizeram acreditar que essa viagem era uma boa ideia. Estou deixando a Califórnia, um lugar no qual morei por tantos anos e que se tornou o mais próximo de um lar para mim. Embora nunca tenha sido uma pessoa indecisa, eu não estou convencido de que tomei a decisão correta agora.

        Aquela carta, aquela maldita carta, vinda de tão longe e escrita por Deus sabe quem; mudou absolutamente tudo em mim. A ponto de querer deixar tudo para trás e embarcar em rumo ao desconhecido. Eu estou louco certamente. Uma carta, 50 linhas, 438 letras — eu contei — depois de relê-la por infinitas vezes; até decorar todo o seu conteúdo. Conteúdo esse, que tem ecoado por toda a minha mente nas últimas duas semanas. Eu estou obcecado por tudo o que está escrito ali. Tenho me torturado, enquanto as palavras ficam martelando em meu cérebro, sem que eu encontre qualquer tipo de paz. Em meio a tantas dúvidas e incertezas, uma única coisa é certa para mim; se eu ignorar o convite feito pelo meu passado, eu jamais terei paz novamente.

       Pode ser que eu me arrependa completamente, todas as possibilidades me levam a crer nisso, mas eu não posso ignorar tudo o que aquelas palavras me fizeram sentir. Eu pensei em meu pai um milhão de vezes ao longo dos anos. Passei muitas noites da minha infância tentando montar o seu rosto em minha mente, levando em conta cada pequeno detalhe sobre ele que eu sabia até então. Não eram muitos eu admito, já que a minha mãe só tocava no assunto da sua ausência, quando estava com raiva. E as palavras que saiam da sua boca, eram ácidas e cheias de rancor. Entretanto tudo o que realmente me importava, era ter uma migalha da minha própria história, algo que me ajudasse na construção da minha personalidade. O que eu realmente sabia era que eu me parecia fisicamente com o meu pai, o seu DNA havia se sobressaído no momento da minha concepção e não havia dúvidas que desde muito jovem eu herdara os seus traços.

       Eu cresci sabendo que era uma cópia do homem que deveria ter me protegido e amparado, mas por algum motivo desconhecido, havia apenas me abandonado. Quando criança, eu sonhava que ele viria em algum momento, contaria uma história plausível sobre a sua ausência e seria um bom pai a parti daí. Eu esperei por alguns anos, alimentando esse sonho bobo, me apegando a ele com força e depositando cada partícula da minha fé...

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