Quinto Capítulo: Procurando Você

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Apesar da minha pouca idade um ano depois do início da segunda guerra mundial, eu me candidatei para trabalhar na cruz vermelha, meu país estava em guerra contra os Estados Unidos, Inglaterra e  a União soviética. Antes de tomar essa decisão eu morava com a minha tia e assim que terminei meu curso de enfermagem a guerra começou, ainda fiquei um ano trabalhando em um hospital no Japão, mas estava descontente parecia que faltava alguma coisa. 

Por isso me candidatei para trabalhar cuidando das vítimas da guerra, num hospital organizado pela cruz vermelha, lá eu poderia ajudar os jovens soldados japoneses e também os italianos e alemães que estavam lutando ao nosso lado nessa guerra estúpida,  foi a experiência mais enriquecedora e terrível que passei. 

 E foi durante esse período que eu conheci o Lorenzo, era uma manhã terrível. Muitos soldados japoneses e seus aliados foram atacados de surpresa, a maioria morreu. No entanto o Lorenzo apareceu na tenda médica improvisada no meio do campo de batalha na qual eu estava, todo ensanguentado e com um tiro na perna e outro na barriga. O médico teve que fazer uma cirurgia de emergência para conter a hemorragia e eu tive que ajudá-lo, foram horas até que as duas balas estivessem totalmente fora do corpo dele.

Depois disso, ele dormiu por dois dias seguidos e quando acordou estava fraco e confuso. Eu tive que alimentá-lo durante uma semana, sem que trocássemos nenhuma palavra se quer. Quando eu já estava desistindo, ele resolveu falar e apesar de ainda estar muito debilitado, sentou-se na sua maca e perguntou:

— Qual è il tuo nome?

Eu não entendi uma palavra do que ele disse, olhei para os lados em busca de ajuda, mas não tinha ninguém além de mim ali, por isso eu me aproximei ainda mais e respondi:

— Eu não entendi o que você falou. — Ele me olhou confuso, mas no final acabou entendendo que eu não fazia ideia do que ele estava falando, por isso colocou as duas mãos no peito, fazendo gestos para que eu olhasse para ele.

— Lorenzo. — Ele pronúnciou devagar a palavra apontando para si, na esperança que eu entendesse o que ele queria me dizer.

— Akemi. — Eu respondi, assim que percebi que ele queria saber o meu nome também.

Os dias que se seguiram serviram para que eu descobrisse palavras novas para conseguir me comunicar com o jovem soldado italiano,  encontrei um dicionário e praticava a pronúncia das palavras em italiano todas as noites. Eu precisava conversar com o Lorenzo, mas para isso tinha que aprender a sua língua. No começo foi difícil, porém comecei a entende-lo cada vez mais fui desenvolvendo a fluência e com o passar dos dias até conseguimos manter uma conversa.

Descobri que o Lorenzo morava em Sorrento, uma província de Nápoles na Itália. Ele vivia com os pais e sua irmã mais nova chamada Giovanna. Quando a guerra começou ele tinha terminado de se tornar engenheiro e todos os jovens foram convocados a lutar para defender seu país.

Os dias e as noites eram mais longos durante a guerra, por isso tentávamos passar o máximo de tempo que podíamos juntos, porque enquanto conversávamos esquecíamos que estavam num hospital improvisado no meio do nada. Quando estávamos juntos tudo era perfeito, e foi assim que me apaixonei por Lorenzo, sem planejar ter um relacionamento amoroso durante uma guerra, a verdade é que seu sorriso fácil, seus cabelos tão pretos e brilhantes, aqueles olhos verdes e sinceros me conquistaram no segundo que nós olhamos, foi por essa razão que fiquei desesperada para aprender italiano e ele queria de todas as formas saber meu nome.

Todas as noites eu trazia seu jantar e conversávamos por horas, às vezes ele me contava como era linda e romântica a sua pequena cidade, na Itália. Em outras ocasiões eu contava um pouco sobre a minha infância e assim descobrimos nossas afinidades que com o passar dos dias para a minha surpresa foram muitas.

Um Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora