"Culpada"

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  Eles brigavam todos os dias, e nunca entendi o porquê, mas obviamente iriam se divorciar cedo ou tarde, eles nunca paravam para de dizer "eu te amo" ou "Durma bem querido", eram sempre brigas, discutiam por coisas bestas, o papai era alcoólatra, quando chegava tarde da noite a mamãe brigava e o botava pra dormir na rua, já a mamãe, estava sempre fumando, e o papai também sempre brigava, dizendo que estava me levando para este caminho, mas eu tinha apenas cinco anos, eles sempre discutiam, mas um dia, elas tiveram um fim, um horrível fim.

  Era época do Natal, e eles​ só brigavam, até que alguém bateu em nossa porta, não se identificar, apenas batiam cada vez mais forte, meus pais não escutavam, pois estavam​ brigando, ocupados demais para dar atenção​ a mim ou ao que estava ocorrendo, então, eu, o ser humano idiota por ser inocente demais, abri a porta e, fora, haviam três homens, três homens mascarados com armas semelhantes a um revólver, nunca havia os visto antes, eles entraram sem hesitar, um deles que parecia o líder agarrou minha mão, não soltaria de jeito nenhum, os outros dois ergueram suas armas contra meus pais, e atirou.

  Em um único tiro, foi necessário para tirar a vida do meu pai, único tiro e seu som atordoante, um pequeno buraco acima de seu olho, apenas saía sangue, uma quantidade significativa de sangue. Lá estava ele, caído nos braços de minha mãe que se lamentava por ser uma cretina, ela deitou junto com ele e chorou, chorou muito, já eu? Não sabia que estava acontecendo, apenas me lembro de ter l sido levado por aqueles homens, minha mãe gritando como se estivesse sentindo a mesma dor que meu pai, uma dor insuportável, até que, em minutos depois, ele se encontraram morto em seus braços.

  Fui levado até seu carro, como eu disse, era estupidamente Inocente​ e entrei por conta própria, como se fôssemos a uma viagem, uma longa viagem. Chegamos a uma casa onde haviam pessoas habitando, os dois que haviam mirado suas armas contra meus pais fizeram o mesmo, atirando e todos naquela residência. Com todos mortos o líder me pôs em uma mesa, me amarrou e começou uma lenta sessão de tortura.

  Eles pegaram uma lâmina extremamente fina, porém, afiada, começaram a incisão ao longo de minha caixa torácica, eu estava sem anestesia, sentia cada furo, uma dor agonizante, estava surtando, gritava de dor, aquilo não acabava, eles enfiaram suas mãos sujas dentro do meu peito retirou todos os órgãos, um por um, me debatia sem parar, só fazia piorar a situação, mas eu era uma criança, não estava entendendo nada, cada órgão que eles tiravam, era uma dor maior, mas eles deixaram os pulmões e coração por último, eles queriam que sentisse tudo, e eu estava sentido.

  Finalmente meu coração foi retirado, meus olhos que não parava de lacrimejar finalmente pararam, se fecharam lentamente, tendo como última vista a face do meu assassinado, um senhor como outro qualquer, que aparentava estar na casa dos sessenta, uma cicatriz em seu pescoço, uma leve cicatriz, mas eu não via seus olhos, na verdade, eu não via mais nada.

  Eu estava morto, não via mais nada, não via o papai, não via o tal céu que minha mãe falava e não via o tal inferno que meu pai tanto falava, não havia nada, eu realmente estava morto e nunca mais voltaria vida, eu era apenas o resto de ser.

  Minha mãe estava lá com meu pai, em seu último minuto de vida, não estava comigo, nunca esteve comigo, os vizinhos ouviram o ocorrido e chamou a polícia, algo que a  incompetentemente minha mãe deveria ter feito. Eles chegaram em instantes, mandaram ela sai de perto do meu pai, ela não deu ouvidos, então um deles foi e a tirou de lá, ela havia enlouquecendo, começou a falar sozinha, eles a levaram para ala psiquiátrica onde ficou durante duas semanas antes que a interrogassem mas ela não melhorou.

  Com o peso na consciência, afirmou ter sido ela que contratou aqueles homens para me sequestrarem, o meu assassino estava com uma doença que seus órgãos estavam morrendo, Ele precisará consequentemente de novos órgãos, mas ele esperou muito tempo e, não achou nenhum doador, seus filhos não queriam que seu pai morresse, então, ofereceram cem mil reais para quem se oferecesse, como a mamãe era ambiciosa me ofereceu, porém não estava em seus planos ter o papai morto.

  Foi ela, ela que me deu o fim, a mulher que me deu a vida, me deu a morte, em troca de míseros dinheiros. Foi condenada à prisão perpétua mas se matou antes de completar 10 anos de cadeia, espero que ela esteja apodrecendo no inferno, como o papai está agora.

Enquanto o Bem Dorme - Contos de Suspense e TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora