"Uma nova cidade, uma nova vida, com novos vizinhos, novas pessoas, vai ser divertido." Essa era a desculpa do papai para nos mudarmos, e nos mudamos.
Época de inverno, os colégios se fechavam mais cedo, consequentemente, iria mais cedo para nossa nova casa, duas horas de viagem, seria cansativo, mas estávamos preparados.
Todos se despediram, era triste aquela cena, pois estava naquela casa desde que nasci, não estava pronto para ir, mas era preciso.
Iniciamos a viagem, saímos no final da tarde, chegamos no início da noite, a rua estava escura por causa da neblina, mas podíamos ver nossa nova casa, a casa onde tudo aconteceu.
Ao entrarmos, já estava com medo, era uma casa assustadora, mas meu pai dizia que era por causa da escuridão, ele foi acender a luz, mas ela não ligava, que ótimo, logo no primeiro dia não havia luz, não conseguíamos ver nada, então, pegamos travesseiro e cobertores e fomos dormi.
O caminhão de mudança chegaria no outro dia, dormirmos no chão naquela noite fria. Mais tarde, na mesma noite, ouvi passos na cozinha, já estava tremendo, ninguém acordava, olhei em direção da mesma e pude ver uma sombra, mas como que, no escuro, havia sombra? Então, com medo, voltei a dormir, pelo menos, tentei.
O dia amanheceu e o caminhão chegou logo de manhã, o que foi um alívio para nós, pois não queríamos esperar muito. A luz do dia iluminava aquela casa, ela era bem maior do que ontem no escuro, era uma casa normal, térrea, com quintal e tudo que uma casa tem.
Na casa já havia alguns móveis, estavam cobertos por cobertores brancos empuerados, enquanto meus pais estavam arrumando, fui ao meu futuro quarto e, lá, havia apenas um móvel, era grande em relação ao meu tamanho, o cobertor que o cobria não era branco e sim, preto, comecei a sentir um calafrio, como se algo estivesse atrás de mim dizendo "puxe", e eu puxei.
Era uma cadeira, estava velha, se seu sentasse nela a quebraria em instantes, e eu sou magro. Ela era de madeira negra, a mais negra que eu já vi na minha vida, nas costas da cadeira havia dois pontos brancos, o que me deixou aterrorizado por minutos, aquilo era bizarro, a casa era bizarra.
Meu pai começou a olhar aquela cadeira, ele também nunca havia visto uma madeira tão escura como esta, então, com delicadeza, levou ao seu quarto, para evitar que eu a quebrasse ou eu me machucasse, no chão conseguia se ver a marca dos pés da cadeira, que indicava que ela estava lá, parada por muito tempo.
O relógio marcava 3:00PM, era uma tarde fria, mas o sol iluminava a cidade, a brisa batia sob meu rosto, aquilo era satisfatório. Comecei a olhar a casa, brincar sozinho, já era final de semana, podia dormir até tarde, mas não acho que ficaria muito tempo acordado nesta casa, ela me assusta.
A noite chegou com uma forte nevasca caindo sob a cidade, fechamos todas portas e janelas para evitar o pior, acendemos a fogueira na sala e ficamos lá, aquecidos durante algumas horas, quando a neve começou a cair pela chaminé, apagando a fogueira, estávamos no escuro, então, meu pai foi ligar a luz, estava claro, porém, frio. Minha mãe foi fazer chocolate quente, enquanto eu foi buscar cobertores para nos aquecer, ao entrar no quarto, me deparei com a cadeira.
Ela estava lá, exatamente no mesmo local, como era possível, todos estavam juntos toda hora, quem a pôs lá? Fiquei com medo e chamei o papai, ele foi correndo, quando chegou, olhei para ele, estava chorando, eu era uma criança, não conseguia dizer o que estava acontecendo, então, apontei para onde a cadeira estava, ele olhou, e continuou perguntando o que havia acontecido, estava em dúvida, ele não tinha há visto? Então olhei para a cadeira, mas ela não estava mais lá.
Comecei a gaguejar mais ainda, chorava mais também, meu pai não sabia o que estava acontecendo, então eu conseguir dizer.
- A cadeira.
Ele pensou que eu a tinha quebrado, então foi correndo ver se ela estava bem, mas ela não estava lá também. Ele voltou para meu quarto com raiva e começou a perguntar.
- Onde está a cadeira Arthur? Acha que eu tô brincando? - eu nem conseguia falar só acenava com a cabeça "não".
Ele não parava de me perguntar e eu sempre acenava pois não conseguia falar, estava apavorado, então, a mamãe chegou gritando.
- O que está acontecendo nesta casa?
- Ele escondeu a cadeira e não diz onde está, também não para de chorar - afirmou o papai com raiva.
- A cadeira? Ela está lá em baixo, ela estava lá o tempo todo, vocês não viram? - disse a mamãe olhando para o papai, então descemos todos para ver a cadeira.
Ela estava lá, do lado do sofá onde eu estava. A cadeira estava lá. Como? O papai também começou a se questionar.
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Ele estava mentindo pra mim, com certeza ele deve te pego a cadeira, mas como eu não vi? Levei ele pra cama, dei boa noite e fui para o quarto junto com minha mulher, mas algumas horas depois acordei com os gritos do Arthur, algo estava acontecendo. Não pensei duas vezes e fui para seu quarto.
Ao chegar lá ele disse que tinha alguma coisa no armário, que tinha ouvido algo bater, disse que não havia nada, era só sua imaginação, então, para provar, fui em seu armário, admito, estava com um pouco de medo, mas mesmo assim fui, e, ao abrir, não havia nada, então ele começou a chorar, e disse.
- Papai, tem um monstro em baixo da minha cama.
- Filho, não tem nada embaixo de sua cama, é só sua imaginação.
Então para provar, me abaixei e olhei, quando me assustei, estava chocado, aterrorizado, era ele, meu filho, Arthur, em baixo da cama, comecei a encarar e então ele me disse.
- Papai, tem um monstro em cima de minha cama.
Nesse momento, não falei nada, estava assustado demais para olhar para cima, estava imóvel, então olhei para cima, e, realmente, havia um monstro em cima de sua cama.
Parecia uma mulher, mas, na verdade era uma sombra, ela era toda preta, e, no lugar dos olhos, tinha duas pontas brancas. Ela me encarou, começou a se entortar e se estralar toda, estava se contorcendo, então parou, olhou pra mim, e gritou tão alto que não conseguia ouvir mais nada, então ela pulou em cima de mim, caímos no chão, ela começou a me arranhar, sentia meu sangue escorrer e sentia meu filho me segurando pela perna, quando abri meus olhos, não havia nada, não estava mais no quarto e sim na cozinha, com uma faca na mão, minha mulher e filho estavam diante de mim, não sabia o que estava acontecendo, não conseguia me movimentar, era como se a sombra tivesse me possuído, então comecei a avançar em cima de minha mulher.
Com a faca comecei a corta-lá e meu filho estava vendo tudo, na faca, suja de sangue, conseguir ver meu reflexo, meus olhos, eram apenas pontas brancas, não me reconhecia, não conseguia controlar meu corpo, apenas esfaqueava ela, até que ela morreu, então avancei no meu filho.
Ele correu antes que eu pudesse pegá-lo, ele foi para fora e, lá, haviam três viaturas com policiais cercando a casa, os vizinhos haviam chamado.
Então, num momento, senti uma liberdade, podia me controlar de novo, mas era tarde de mais, alegava sempre que um tipo de demônio havia me possuído, então, fui internado no hospital psiquiátrico, não soube onde meu filho foi depois do ocorrido.
Uma semana depois, comecei a ter trabalho no hospital, tinha que acordar cedo. Saí para fazer trabalho comunitário, e, ao voltar, tarde da noite, eu vi a cadeira, ela estava lá. Pedi para que a tirassem, .as eles não me ouviram, eu sabia que a sombra estava lá, tentei dormir, foi difícil.
A última coisa que eu vi foi o meu despertador tocando às 00:07, antes ela empurrava suas longas unhas podres no meu peito, sua outra mão abafando meus gritos. Eu me sentei aliviado que foi apenas um sonho, mas quando olhei meu despertador apontar 00:06, ouvi a porta do meu armário ranger.
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Enquanto o Bem Dorme - Contos de Suspense e Terror
Horror"Por que está gritando? Ainda nem cortei você..." "Sabia que quando o coração para, o cérebro ainda funciona por 7 minutos? Nós ainda temos 6 minutos para brincar." "Alguns são tão ingratos por estarem vivos, mas você não, não mais..." "Bem vinda ao...