Biblioteca das Faces

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  14 de Fevereiro de 2015.

  A exposição seria aberta as 17:30, estava pronta para entrar, mas nervosa também, pois meus amigos não haviam chegado ainda, estavam demorando demais, não conseguia entrar em contato, a última vez que falo com eles faz semanas, aqui mesmo, em frente ao Museu, eles disseram que a exposição era baseada artes feitas em faces, faces onde mostram a realidade. Isso seria interessante.

  Um leve atraso para abrirem os portões, ninguém se importou, todos foram visitar o mais novo Museu de Artes que o abrira na região. As artes eram maravilhosas, uma perfeição enorme, eram rostos muito realistas, mas havia um problema, eu os reconhecia.

Janeiro de 2015 (Um mês antes da Inauguração)

  Estava sem criatividade, que tipo de exposição eu poderia fazer de Inauguração? Estava sem ideias, até que, eu vi, sentado, um mendigo, sua face demonstrava tristeza, mas ele era um guerreiro, pelo menos ele lutou muito, para eu não arrancar sua velha pele podre para fora de sua face, mas no fim, sua dignidade não serviu pra nada. Ele estava lá, sem face, apenas litros de sangue escorrendo de seu rosto ausente.

  Depois de segundos o ouvindo gritar de dor e agonia, ele caiu, estava morto, finalmente. Com cuidado, o levei para um terreno baldio próximo de minha localidade, o joguei sem ter a intenção de esconde-lo e voltei para meu laboratório onde se encontrava abaixo do Museu, para fazer "artes" naquela face morta.  A deixei secando de lado e tirei todo o sangue presente, aquilo era uma arte de verdade, uma verdadeira obra de arte.

  Em poucas horas, já tinha uma face pronta, então calculei e obtive um resultado satisfatório, até a exposição, poderia "criar" mais de 70 faces, obviamente, voltei as ruas para caçar,  comecei pelos mendigos, eles não servem para nada mesmo, apenas ocupam espaço no mundo, eles fedem, não são úteis, mas agora, seus rostos serão expostos para todos, eles serveriam para algo, então, consegui, naquela noite, mais três faces.

14 de Fevereiro de 2015

  Estava entendendo nada, meus amigos estavam com suas caras expostas sob uma parede qualquer, eles estavam participando disso e eu não sabia? Liguei para um onde sua face estava lá. Não atendeu.

  Estava cansada de ouvir chamar e ninguém atender, algo estava errado, disso eu sabia, então, resolvi falar com o criador dessas obras, queria saber o que estava acontecendo, me aproximei de um segurança.

  - Boa noite, eu acho... Eu gostaria de falar com o criador dessas faces.

  - Ele não se encontra no momento, na verdade, estão todos a procura dele, se me dar licença, irei á sua procura também.

  Ele saiu numa velocidade, como se alguém fosse se jogar Dum prédio e ele pudesse segurar a pessoa antes do ato. Não estava entendendo mais nada, meus amigos tinham suas caras estampadas numa parede, a mulher que moldurou as imagens estava desaparecida, estava ficando preocupada, quando outras pessoas começaram a ficar também.

  Outras pessoas estavam reconhecendo as faces das paredes, seus entes queridos, estavam confusos, assim como eu. Todos queriam tirar satisfação com a criadora, mas ela continuava desaparecida, estávamos preocupados, nada do que estava acontecendo fazia sentido até que, uma onda de pessoas que estavam em outra sala veio correndo desesperadas em nossas direções, algo havia acontecido.

15 de Janeiro de 2015

  A noite se passou rápida, acabei dormindo e acordando no dia seguinte, estava preparada pra mais um dia, quando ouvi alguém batendo na porta, era a vigilância sanitária. Eu havia pegado no sono antes que pudesse limpar o sangue das outras faces, então, pus um pano por cima da mesa e fui abrir a porta.

Enquanto o Bem Dorme - Contos de Suspense e TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora