247 Borboletas

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Julho de 1915

Época da primeira Guerra Mundial, pessoas morrendo por todos os lados, o caos no mundo, o desespero que atormentava as famílias, soldados que iam servir o país e acabavam não voltando.

Em meu apartamento, haviam dois quartos, o meu dormitório e um, sem nenhuma mobília, apenas borboletas, todas mortas, cada uma, pregadas na parede, espalhadas por todo o quarto, para ser mais específico 247 borboletas, seu significado?.

Eu sempre tive uma fascinação por borboletas, desde criança, sempre que ia visitar a mamãe, via borboletas voando sob seu jardim, e eu ficava com inveja, eram vários tipos de borboletas, mas a morpho azul era o destaque, com suas tonalidades de azul, com bordas pretas e pontas brancas, eu queria ter elas, sem ter que ir visitar a mamãe, não gostava de sua presença, então, numa visita qualquer, raptei uma borboleta, pus em um pote transparente e fiquei a admirado se debater, tentando fugir, com o tempo, ela foi diminuindo a velocidade em que se debatia, até que parou, pensei que ela estava cansada, mais estava morta, havia esquecido de por buracos para sua respiração, mas eu não estava triste, estava mais feliz, pois conseguia ver ela melhor, então pensei em fazer uma coleção de borboletas, mortas.

Em meu apartamento, mandei por mais um quarto, com paredes brancas, para que elas se destacassem, um quarto grande, pois me importava com as paredes onde elas estariam, então fui a caça delas, em plena primeira Guerra Mundial. Naquele dia, não havia pego nenhuma, fiquei até 18:00 fora de casa, quando a sirene tocou, estávamos sendo atacados pelos Aliados¹, voltei calmamente pra casa, triste, por não ter pego nada. As bombas caiam próximo a minha casa, conseguia ouvir os gritos de desespero das pessoas, casas sendo destruídas pelas bombas e os ataques, também podia ouvir os gritos das almas perdidas implorando para ir ao paraíso, mas essas almas pecaram, e não mereciam o céu, foram todas para o inferno.

*Aliados: Conjunto de países que se uniram para atacar os Ententes (outro conjunto de países, seus adversários, inimigos). Composto pela Rússia, França, Grã-bretanha, Itália e os EUA*

No dia seguinte, o ataque não havia acabado, mas mesmo assim, saí para caçar, quando me deparei num beco do quarteirão, dois militares norte-americanos maltratado um inocente, apenas uma criança, com medo, eu me escondi e observei, eles empurravam o menino, e mandaram ele tirar a roupa, ele ficou pelado, estava chorando, implorava para que parassem, mas eles não o ouvia, então, peguei um canivete do meu bolso e fui ao encontro deles, gritei com eles, para chamar sua atenção, cortei a garganta de um, e estripei o outro, com apenas um canivete, matei dois soldados, o problema era que, eu havia gostado daquilo, era como uma "sede de sangue", eu queria mais.

Depois do ocorrido, o certo seria o garoto fugir, mas ele ficou e me agradeceu, mas eu comecei a olhar para este menino, ele era tão puro, nem merecia estar neste mundo, não nessa época, sua pele macia, seus dentinhos brancos, seus olhos pediam ajuda, ele estava sozinho, e eu o ajudei, apunhalando no pulmão, ficou sem ar e morreu em segundos, aquilo era satisfatório. Após matar aquela criança, borboletas pousaram nos corpos dos policiais, eram duas, eu as peguei, pus no pote e fiquei as observando morrer de forma lenta, então votei para casa e as preguei na parede do quarto.

E então achei um significado para as borboletas, cada borboleta era uma pessoa, uma pessoa morta, uma pessoa que eu matava. Como tempo comecei a caçar borboletas e humanos, pregava nas paredes a quantidade de borboletas equivalente a quantidade de pessoas que eu matava e, na metade do mês, já havia preenchido mais que a metade das paredes com borboletas, cerca de 134, estava começando a ficar profissional, quando os policiais começaram a perceber o que estava acontecendo, eles acharam que havia algum inimigo na cidade, mas era eu. Com o tempo, começaram a encontrar os corpos, um por um, enquanto isso, eu estava matando, um por um, quase no fim do mês, completei 175 Borboletas.

Agosto de 1915

As investigações começaram, quem estava matando essas pessoas? Eu não era burra, matava cada um de maneiras diferentes, mas comecei a brincar um pouco, quando matava uma pessoa, eu botava uma folha em seu peito, e grampeava, com uma frase, "Você está longe de mim" ou "Você está perto de mim", meio que ajudava os detetives a me encontrarem, e eles estavam chegando muito perto. Eu já sabia que seria presa, cedo ou tarde, então, ao chegar na 245 borboleta, pensei, já estava chato, não queria mais, conseguia ouvir as almas das pessoas que eu matei, não aguentava mais, então fui caçar pela última vez, peguei duas borboletas, uma amarela linda, e a outra, cujo nunca havia visto, mas era perfeita, me encantei ao vê-la, era preta e branca, era maravilhosa, e a última que caçei.

A a última pessoa que matei, foi da pior maneira possível, tortura, eu o torturei em troca de diversão, a prendi numa cama qualquer, o deixei pelado e, com o canivete, desenhei uma borboleta em seu peito, aquela amarela, peguei tinta amarela e passei em seu corpo, com um alicate, arranquei cada unha de suas mãos e pés, arrancava cada unha a cada 5 minutos, pra ele descansar um pouco e sentir a dor novamente, depois comecei a arrancar seus dentes, novamente, uma a cada 5 minutos, depois comecei a tirar sua pele, pedaços dela, só terminei a tortura quando ele desmaiou, então, deixei ele lá, preso, por dois dias, sem comer nem beber, e quando esses dias se passaram joguei água com ácido em sua face, sua morte foi lenta e extremamente dolorosa e, ele foi a borboleta n° 246

Peguei seu corpo e fui a delegacia próxima a minha casa, fui de vestido branco, para simbolizar a paz, então, ao chegar lá joguei o corpo do homem no chão, peguei meu precioso canivete e comecei a apunhalar ele repetidamente, na frente de todos, meus vestido ficou sujo de sangue, o maldito sangue daquele podre homem, fui presa e esperei meu julgamento. No julgamento, confessei ter matado 246 pessoas e 247 borboletas, com isso, levei prisão perpétua, nunca mais veria a luz do dia, mas, um mês depois, me matei, pregando a última na minha cabeça, concluindo 247 Borboletas.

Meu nome é Cynthia Lehab, tinha 35 anos quando matei 246 pessoas e 247 borboletas e depois de tudo, me matei, minha mãe morreu de ataque cardíaco semanas depois, meu apartamento foi fechado e nunca mais foi vendido de novo, as borboletas continuam lá, pregadas e intactas, meu corpo está até hoje apodrecendo na cadeia, enquanto minha alma está queimando no inferno.

Enquanto o Bem Dorme - Contos de Suspense e TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora