Os Demônios Que Em Mim Habitam, Parte I

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"Por causa dos sinais que lhe foi permitido realizar em nome da primeira besta, ela enganou os habitantes da terra. Ordenou-lhes que fizessem uma imagem em honra à besta que fora ferida pela espada e contudo revivera. Foi-lhe dado poder para dar fôlego à imagem da primeira besta, de modo que ela podia falar e fazer que fossem mortos todos os que se recusassem a adorar a imagem."
Apocalipse, 13:14-15

Queríamos diversão, não sabíamos o que estávamos fazendo, não sabíamos de suas consequências, éramos inocentes, desde o início.

Nossa mãe trabalhava por horas para conseguir uma renda suficiente, enquanto nosso pai estava a sete palmos do chão, sua morte? 6 Facadas pelas costas.

- Estou cansada dessa vida, por favor, me ajudem.

Mas o que nós podíamos fazer? Somos os filhos dela, vivemos uma vida sem pai, Alex, o mais novo, tentava fazê-la parar de dizer isso, ela estava enlouquecendo, mas, quem não estaria depois de ter ficado 3 anos presa e 3 meses num hospício?

Último ano da faculdade, eu e o Alex queríamos fazer algo para comemorar, fazer uma viagem, visitar novos lugares, e assim foi feito, nós e mais alguns da turma, uns amigos nossos, fomos a Las Vegas, a cidade das apostas.

Ficamos as férias de verão todas lá, bebendo, fumando, apostando, fazendo tudo que queríamos, enquanto podíamos. Semanas se passaram, resolvemos ir para Califórnia, 6 horas de viagem, fomos de manhã, curtirmos a brisa e o sol nascendo aos poucos, estávamos cansados, demos uma parada em Bakersfield, descansamos um pouco, mas resolvemos ficar, curtir a cidade.

Fomos á um albergue, ele estava vazio, ninguém nas redondezas, apenas nós e o albergue. A gerente nos deu a chave do quarto 154, levamos nossas bagagens e saímos para um bar, ficamos horas lá, mas parecia que só tinha passado apenas 10 minutos, não tinhamos mais noção do que estávamos fazendo, quando olhei para trás, já estava de noite, olhei o relógio, 24:00, estava extremamente tarde, tínhamos que acordar cedo, deveríamos partir logo cedo para Califórnia, então, saímos logo, todos bêbados, eu dirigi, chegamos no albergue, entramos no quarto e fomos dormir, mas ninguém estava conseguindo.

Minutos depois, Crys pegou algo de sua bolsa, um tabuleiro, o tabuleiro Ouija, sabíamos como ele funcionava, sabíamos das regras e sabíamos o quanto era perigoso, mas estávamos bêbados, começamos a jogar.

O primeiro a perguntar foi Alex.

- Tem algum espírito presente?
O tabuleiro não se mexeu

- Tem algum espírito presente?
O tabuleiro se mexeu para o número 8.

Então Crys perguntou,
- Tem mais de um espírito presente?

O tabuleiro se mexeu, apontando para "SIM", todos se afastaram e começamos a rir, (lembrando que estávamos bêbados, não sabíamos o que estávamos fazendo), então Alice, com ironia disse:

- Então diga seus nomes, idiotas.

O tabuleiro se mexeu sem nenhuma mão em cima, então seus nomes foram revelados.

- Vocês não tem o que fazer? folgados, ao invés de ir para o inferno, está vagando aqui na terra, aberrações​.

Me arrependi tanto de ter dito aquilo. O tabuleiro tremeu, as luzes piscaram a cama se mexeu, eles estavam revoltados, mas nós não tínhamos noção de nada, era como se tivéssemos sido drogados, não parávamos de rir.

Então o tabuleiro começou a se mexer, palavra por palavra, formou a frase: E-S-T-A-M-O-S-C-H-E-G-A-N-D-O, então o tabuleiro voou, ouvimos um grito horripilante vindo de fora, a porta começou a bater, fui ver o relógio, eram 3:00, a hora do demônio.

O tabuleiro ficou contra a parede, próximo a voz que não parava de gritar, como se tivesse sendo torturado, sofrendo muito. No meio do Ouija, um buraco preto surgiu, era o portal para o inferno.

Estávamos tão bêbados que caímos no sono, deixando o tabuleiro aberto e sem nos despedirmos, os espíritos ainda estavam presente, o portal ainda estava aberto.

Alice foi a primeira a acordar, ela estava chorando, me acordou às lágrimas, quando eu acordei, o tabuleiro havia sumido, me assustei, ainda estava de noite.

Não estava entendendo, olhei o relógio, eram 7:00 da manhã, acordamos o resto do grupo, todos tiveram a mesma reação que a minha, o problema maior estava fora do quarto, quando saímos, todas as portas estavam marcadas com um "X" de sangue, todas, menos a nossa.

Estávamos apavorados, fizemos nossas malas às pressas, fomos correndo para o carro, e continuamos viagem, dirigia sem parar, todos assustados, me perguntando o que estava acontecendo, eu mais apavorado ainda, pois peguei uma estrada reta, que nunca tinha fim.

Ficamos horas nesta estrada e, com o tempo víamos coisas que há tinhamos vistos antes, como se estivéssemos dirigindo em círculos, mas, numa estrada reta, não estava acreditando, dei ré, e, em dois minutos, voltamos para o albergue, era como se não tivéssemos ligado o carro, mas ele estava andando, eu sentia o vento batendo em meu rosto, eu sentia que estava me locomovendo, não dava mais para sair daquela cidade, e não havia mais a luz do dia.

Entramos no albergue, não vimos a gerente, apenas sua sombra, mas ouvíamos sua voz deixando o local, ela dizia "desculpa", o que era uma viagem divertida, se transformou num pesadelo, gritavamos por ajuda, mas ninguém respondia, então, Alex, com raiva, começou a arrombar as portas com os "X" de sangue, e dentro delas, víamos pessoas, mas essas pessoas não queriam ajudar.

- Ele está próximo, lamento, não podemos lhe ajudar, por favor saiam do meu quarto.

Eram pessoas loucas, não sabiam do que estavam falando, então, fomos para o centro, todas as casas com a marca "X", começamos a nos questionar o porquê​ da nossa porta não estar marcada também. Alex arrombou a porta de uma casa qualquer, havia uma família, eles disseram a mesma coisa, eles estavam com crianças, elas estavam chorando, mas ao mesmo tempo riam, totalmente anormal, elas brilhavam, não muito, como se fossem puras, já seus pais não brilhavam, eles estavam com suas peles queimadas, como se estivessem queimando no fogo, suas peles derretiam, era bizarro e assustador.

Estávamos cansados de abrir portas e ouvir a mesma coisa, quando, de repente, um estrondo extremamente alto apagou toda a energia da cidade, o estrondo vinha do albergue em que estávamos, estava tudo escuro, as pessoas começaram a sair de suas casas, gritando para ouvirmos:

-É a presença dele, ele está aqui.

Então, todos entraram em suas casas. Nós conseguimos ver o que era, nós vimos o que poucos viram: A besta, de carne e osso.

Enquanto o Bem Dorme - Contos de Suspense e TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora