Capítulo 21

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estado de choque de Ellie durou até que voltasse para casa. Depois de fechar a porta ela tirou o vesti­do, caiu na cama e se deixou envolver pelo enorme buraco aberto em seu peito.

Algum tempo depois ela se levantou, colocou uma calça jeans, lavou o rosto inchado e prendeu o cabelo. Dedicou-se à terapia da faxina até sentir controle sobre as emoções o suficiente para ligar para Beth e contar a novidade catastrófica. Choca­da, Beth prometeu ir até lá depois do trabalho para saber dos detalhes.

Foi até o computador e entrou em um site de em­pregos, mas foi muito doloroso. Só a lembrava do quanto amava trabalhar no banco. Considerava-se parte da equipe. Não era conhecida em todos os de­partamentos? Tantos amigos trabalhavam lá.

Ele trabalhava lá.

Ainda não conseguia acreditar que jogara tudo fora. Olhou com tristeza para as roupas e sapatos no corredor, depois começou e reembalá-los para mandar de volta para à loja.

Como conseguira criar tamanha confusão? Ten­tou pensar de maneira lógica, mas o rosto furioso de Sam aparecia constantemente em sua frente.

Não imaginava como seria não vê-lo todos os dias, daqui por diante. Desde a entrevista, tudo vi­nha dando certo. Ela se permitiu pensar no que per­dera: o impacto do primeiro encontro a cada manhã. Os momentos eletrizantes nas reuniões quando seus olhares se encontravam. A voz grave dele no interfone.

A vida dela seria muito sem graça.

Se ao menos não o tivesse mandado embora na noite anterior...

Mas nem tudo estava perdido. Pela manhã ela perdera a cabeça, ambos se deixaram levar pelo calor do momento, mas a situação não podia ser revertida? Era óbvio que a paixão entre eles tinha curso próprio. Isso deveria lhe dar alguma van­tagem. E com a experiência dela em convencer chefes, o quão difícil seria persuadi-lo de que me­recia outra chance? Se fosse vê-lo e admitisse a culpa, pedisse desculpas em vez de tentar levar a melhor...

Se ao menos pudesse ter outra chance...

Sonhava que ele sairia do trabalho e iria procurá-la. Imploraria para que ela voltasse, pediria descul­pas pelas coisas cruéis que dissera. Em vez de será senhorita O'Dea, calma e inteligente, ela mostraria para ele como se sentia de verdade. Quando ele a tomasse nos braços e a beijasse, ela iria...

Mais tarde, Beth trouxe bombas de chocolate para consolá-la e Ellie lhe contou sobre os eventos das últimas 24 horas.

Beth tocou no ponto onde tudo passou a dar er­rado.

— Você não podia ter se antecipado e escondido o material sobre inseminação? — Os olhos dela es­tavam arregalados de incredulidade. — Numa ga­veta, por exemplo?

— Era risco demais. Ele podia ver. E muito astu­to. Não perde nada. Você não sabe como ele é. Ele... — Mas ela não conseguiu prosseguir.

Beth quis ver os dois vestidos.

— Os dois são lindos, mas este... — Ela gemeu ao tocar no preto. — É maravilhoso. E bom demais para o trabalho. Você não o comprou só por causa do trabalho, não é?

Ellie balançou a cabeça sem falar, com medo de começar a chorar.

Beth ficou até a noite, ajudou-a a arrumar as coi­sas e saiu com a recomendação de que Ellie ligasse para ela se precisasse conversar. Depois de se des­pedir, Ellie ficou na janela olhando para a rua vazia quando um carro parou em frente ao portão.

O coração dela deu um salto esperançoso. Ela correu para o banheiro a fim de ajeitar o cabelo e viu seus olhos ansiosos no espelho. Quando a cam­painha tocou, os joelhos dela bambearam, e ela teve que buscar o controle para andar até a porta calma­mente.

Sonhos de Uma NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora