A festa no restaurante era farta, considerando a nova política que o banco adotara. Havia um bolo, flores e presentes. A primeira coisa que Ellie notou foi a ausência de Sam. A decepção foi cruel, mas escondeu esse sentimento dos amigos, que a receberam carinhosamente com abraços e muitas perguntas sobre o novo emprego.
Foi impressionante como alguns minutos ouvindo as conversas sobre o banco a fizeram se sentir uma estranha. Eles brindaram em homenagem a ela e fizeram discursos, e ela se forçou a fingir que uma mudança de emprego era o que mais queria no mundo.
Perto do final, todos ficaram em silêncio e se acomodaram nas cadeiras. Ela ficou tensa e viu a figura autoritária de Sam na porta.
Os olhos escuros procuraram na multidão até que se acenderam ao encará-la. Ela viu o rosto dele ficar tenso e depois inexpressivo.
Ele foi até ela e a cumprimentou educadamente.
Ellie tentou responder normalmente, mas seu coração palpitava pelo estresse e ela mal conseguia olhá-lo nos olhos. Estava consciente dos insultos que o ofenderam da última vez. Mas como sempre. diante de seus funcionários, ele permaneceu calmo e composto. Jamais estivera tão lindo, inacessível e desejável.
Ele preparava um discurso, e ficou de pé para lê-lo de maneira simpática e à vontade, sabendo exatamente que tom usar.
Ela ouviu todos os elogios que ele fez com olhos baixos e um sorriso para encobrir as feridas. Ele deve ter tido muito trabalho para elaborar o discurso, pois descobrira histórias divertidas sobre o passado dela no banco. Os amigos lembraram e riram abertamente.
Apesar da turbulência no coração, Ellie também riu. No final, ela ficou de pé para receber o costumeiro presente do banco. Como sempre, um relógio, elegante e aparentemente caro. Quem escolheu fez com carinho.
Sam esticou a mão e Ellie a apertou. Ao sentir a familiar pulsação acelerada, teve que descer o olhar para encobrir as lágrimas. Ele se inclinou para roçar os lábios em sua face. A aspereza masculina do queixo despertou lembranças de prazeres desperdiçados. Depois de cessados os aplausos, ela não sentiu confiança para pronunciar um discurso e apenas agradeceu a todos pelo carinho.
Temendo exceder a hora de almoço na presença do chefe, os funcionários começaram a voltar para seus trabalhos. Quando o último grupo se foi, a equipe do restaurante apareceu para arrumar as mesas.
Ela pegou seus presentes e flores. Ao contrário dos demais, Sam não havia ido embora ainda. Ela o olhou com incerteza e ele indicou com a cabeça um canto perto da janela, longe do trabalho dos garçons, depois de um segundo de hesitação, ela o seguiu.
O momento ficou tenso e eles falaram ao mesm0 tempo.
— Você já...
— Você...
Os dois deram uma risada tensa e Sam recomeçou, — Há algo que preciso perguntar. Você se lembrou de sua promessa de acompanhar minha mãe ao casamento?
— Oh! O casamento! — Ela havia esquecido. Com os acontecimentos da semana anterior, jamais se lembraria. — Tem certeza de que ainda quer que eu vá? Não prefere contratar outra pessoa? Cortar todas as ligações indesejáveis?
— Não há outra pessoa. Minha mãe ainda conta com você. Ela está obcecada por sua companhia.
— Entendo. Bem, eu prometi. — Ela sentiu um nó no estômago ao se lembrar das coisas terríveis que dissera sobre as promessas dele.
— Sam... Desculpe-me pelo que disse na última vez que conversamos. Eu estava aborrecida... Pelo emprego. Mas eu não devia ter sido tão grosseira.
— Não precisa se desculpar por nada.
Houve um silêncio constrangedor. Ela percebeu os sons de panelas provenientes da cozinha. Ele tocou seu rosto com o dedo.
— Você se estabelecerá na nova empresa e será feliz, Eleanor. Lamento que teve que ser assim. Lamento que tenha se magoado. Que eu tenha... magoado você.
Ela sentiu a garganta fechar.
— Belo relógio. Quem escolheu?
— Oh... Um joalheiro trouxe alguns para eu ver...
Seriam safiras de verdade?
Ele esticou as mãos e a segurou com firmeza pelos braços.
— Não foi o que você pensava. Você sabe que um de nós tinha que sair.
A emoção invadiu o coração dela. Desejava cair nos braços dele e permitir que Sam a beijasse. Mas não ousava arriscar.
— Eu sei. — Com um movimento rápido, ela se soltou. — Não se preocupe. Estou bem, minha vida está bem, tenho um novo emprego e gosto dele tanto quanto gostava daqui. Não poderia estar mais otimista quanto ao meu futuro.
Ela esperava que ele não percebesse o quanto estava mentindo. Podia senti-lo. examinando seu rosto.
— Você realmente se conformou com a situação?
O que ele queria dela? Queria mesmo saber o quanto sofrerá depois que ele a dispensara, o quanto sentira medo e esperança com a possibilidade de revê-lo hoje?
Ela soube, então, que não desejava que ele se sentisse culpado. Tinha tanta culpa quanto ele. Era hora de se afastar com cabeça erguida e sem ressentimentos.
— Não nego que tem sido difícil. Mudanças sempre são. Mas a longo prazo me fará bem. Uma coisa que percebi ao vir aqui hoje é que fiquei tempo demais no mesmo lugar. Você estava certo. Preciso ser mais ambiciosa. Foi uma pena ter acontecido daquele jeito. Mas sou uma mulher obstinada, conheço as regras... Sempre conheci, e não me arrependo.
— Você conhece as regras. — Ele olhou para o relógio. — Vamos a algum lugar onde possamos conversar.
Ele abriu o celular e fez alguns contatos, depois a conduziu ao elevador. No percurso até o apartamento dele, o silêncio pesava.
Os aposentos estavam iluminados, esperando o dono. Sam abriu algumas persianas para deixar entrar a luz da tarde.
— Uma bebida?
Ela balançou a cabeça. Ele serviu um drinque para si e afrouxou a gravata.
— Venha por aqui. Por favor.
Ela o seguiu, insegura. Foram até uma sala de estar que levava a um espaçoso quarto com móveis essencialmente masculinos, incluindo uma vistosa cama. Uma cúpula de vidro no teto deixava passar a luz da cor da tempestade.
Ele se virou para encará-la com o rosto tenso e os olhos intensos.
— Eu havia decidido não vê-la novamente.
O coração de Ellie doía, e ela teve que cruzar os braços sobre os seios como se pudesse se proteger de mais ferimentos. Por que se submeter a isso?
— Então por que... — Ela fez um gesto inarticulado. — Por que estamos aqui?
— Você sabe por quê. — Ele parecia lutar contra o orgulho. Andou em sua direção e levantou as mãos como se fosse tocá-la, mas se controlou e baixou-as novamente. — Sabe o que quero. O que queremos.
O fogo nos olhos dele deflagrou o velho desejo por ela. Como se lesse o conflito em seu rosto, ele se afastou. Continuou a falar andando de um lado para o outro.
— Sinto um enorme remorso por ter magoado você.
Não sou totalmente sem coração. Admito que não entendia o quanto o trabalho no banco significava para você. Esperava que entendesse que outro trabalho, em outro lugar, tornaria uma relação mais fácil para nós... Pelo seu silêncio, Eleanor, fui levado a crer que para você o trabalho era tudo. — Os ombros dele estavam tensos enquanto ele esperava por uma resposta.
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Sonhos de Uma Noite
RomanceAlto, moreno, lindo e grego... O deslumbrante bilionário Samos Stilakos é o sonho de muitas mulheres. E é bom que Ellie O'Dea saiba que várias já tiveram o prazer de realizar esse sonho... Agora, ele será seu chefe... Mas Sam é t...