Introdução

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O mar tem muitas vozes. A voz pela qual este homem procura é de seus amigos. Ele ergue a cabeça, vira o rosto para o vento gelado que sopra pelo golfo e sente o sabor áspero do sal nos lábios. O homem se agacha agora nas madeiras paralelas da beirada, prende o capote entre as coxas. De cabeça baixa e com os ombros recuados, atento.
O golfo pode ser perigoso às vezes, gritando tão alto na mente de um homem que é como estar imóvel em meio a uma batalha. Mas hoje, à luz do alvorecer, parece um lago grande e tranquilo. Ondinhas deslizam até os seus tênis e depois recuam, as águas ruidosas, enquanto os seixos lisos se desprendem e saem rolando.
O homem é um guerreiro, mas quando não está no campo de batalha é um nadador, seu elemento é a água. O seu sonho é voar, olhar a imensidão do mundo lá de cima como se ele estivesse nadando em um lugar tranquilo, e abaixo dele estivesse o céu.

Ele queria isso naquele momento.

Aquela voz que se repete todos os dias em sua mente, projetando quem ele mais ama para perto dele, ele não entende aquilo mas se faz entender, pois ele não quer encarar a verdade.

– Você me ouve? Eu estou aqui, eu ainda estou com você.

Este homem não gosta de ir para a praia, ele não gosta de ter que lembrar de seus maus momentos, ele não gosta de ver aquele mar, aquelas almas. Mas ele faz isso pelos seus amigos, ele tenta, todos os dias pedir o perdão deles, mesmo que a culpa não seja totalmente dele. Ele mais uma vez chega na praia e vai em direção ao mar, entregando um lírio branco para o mesmo. Chorando e tossindo, ele procura consolação do seu sonho.
A guerra em seu interior, a guerra do bem contra o mal, de personalidade contra personalidade, de ideias contra ideias. Ele não sabe mais o que fazer... mas agora ele está decidido: ele quer ver os seus amigos.

– Deixe me ver meus amigos.

O Hino EXARMY Vol.1 - Apenas Um DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora