Inércia

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"Todo corpo permanece em seu estado de repouso, ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas nele." Onde a primeira lei de Newton se encaixa nisso?

Laura não podia acreditar que teria que conviver com aquela mulher insuportável. Realmente o mundo era pequeno demais, os cosmos queriam mesmo brincar com ela.

- Eu não acredito que terei que conviver com aquela mulher insolente. Você acredita que essa mulher me humilhou na frente de todos num bar? Que raiva! E ainda por cima quer andar pelo condomínio como uma louca, você viu? Quase batemos.

- Calma Laura, daqui a pouco nós que vamos bater, olha como você está dirigindo.

Laura esmurrava o volante e acelerava, era nítido que tinha ficado incomodada com a situação. Começou a contar tudo o que tinha acontecido em Curitiba para Gabi que a observava minuciosamente

- Mas uma coisa nós temos que levar em consideração: ela é muito boa no que faz, você acredita que ela...

- Eu não acredito em nada Gabriela, não me interessa se ela é boa no que faz, desde que fique BEM longe de mim.

- Sabe que BEM, BEM longe ela não vai ficar né? - Disse Gabi com um sorrisinho sarcástico no rosto.

Laura a fuzilou com os olhos e continuou resmungando até chegar no condomínio. Se identificou na portaria e ao se aproximar do local, precisou abrir caminho entre os moradores curiosos que estavam na barreira feita pela polícia, sua equipe já estava lá dentro, então não perdeu tempo e entrou na casa.

- Nossa Laura, que cara é essa? - Disse um colega de trabalho.

- A mesma de sempre, vamos resolver logo isso.

Começou a trabalhar e isso a distraiu, amava o que fazia e o fazia muito bem, era muito respeitada por todos e principalmente pela sua equipe.
Ana estava lá fora coordenando as buscas, já que a princípio havia uma criança desaparecida.

- Onde está a Dra. Laura?

- Já está dentro da casa Delegada.

Ana virou as costas e começou a andar em direção a casa, jamais passou pela sua cabeça que a Dra. Laura fosse na verdade aquela mulher do bar, do avião e agora do estacionamento.
Laura estava no segundo andar da casa em um quarto sozinha quando ouviu um colega de trabalho chamando.

- OI, AQUI EM CIMA, SOBE, ESTOU UM POUCO OCUPADA NESSA BAGUNÇA.

Laura estava de costas, agachada recolhendo alguns fios de cabelo quando ouviu uma voz que vinha da porta do quarto.

- Laura? Eu sou a nova delegada Ana Letícia, mas pode me chamar de Ana.

Era como se o corpo de Laura tivesse congelado e depois pegado fogo, guardou a amostra na maleta, levantou-se do chão e virou para encarar aquela mulher.

- Eu sei quem você é, mas pra você é Dra. Laura. Tem algo de importante pra falar? Senão me dê licença pois está atrapalhando meu trabalho.

Falava enquanto andava para o quarto ao lado impossibilitando qualquer chance de resposta. No meio do corredor, parou, olhou para Ana e disse:

- Ah, e uma última coisa, saia da casa, não quero que ninguém altere a cena do crime de novo.

Ana não conseguia se mover e permaneceu assim por alguns segundos tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

- Não é possível, essa mulher de novo não. O que eu fiz para merecer tanto castigo.

Infelizmente Ana precisava conversar com a Dra. Laura, que estava com um semblante de poucos amigos. Entrou no outro quarto onde ela estava para tentar novamente.

Entre amor e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora