5º Capítulo

4 3 8
                                    

- Estás a ver o avião?- digo e ele assente novamente.- Imagina a tua mãe muito feliz a voar nele.Pensa que para onde ela vai viajar é um sítio bonito.

- Eu sei que está. Quando o meu pai foi para o sítio onde ela foi agora, ela disse-me que era muito bonito e as pessoas eram muito simpáticas. Mas só há uma coisa má. É que não vou vê-los durante muito tempo. Sabes? Eu gosto muito deles.- ele diz e nem me dá oportunidade de interromper.- A minha mãe diz que ele me está sempre a ver e apoiar. E agora eles são as minhas estrelinhas da noite e os anjinhos do dia.- ele diz e solto uma lágrima. Isto é a coisa mais triste que alguma vez podia ouvir.

- Não chores, os meninos bonitos não choram. É o que a minha mãe me diz sempre.- ele diz e sorri começando a brincar novamente com o seu aviãozinho.

Assim fico, sem reação e entretenho-me com o rapazinho que apenas com as suas palavras me fez refletir e pensar em tudo o que de mau existe no planeta e tudo o quede bom acontece.

Mais tarde, aparece o Harry,continuava sem expressão mas um sorriso apareceu no seu rosto quando viu o irmão que mal o viu, correu para ele.

Eles já passaram por tanto...é incrível como eles estão tão ligados!

Depois o pequenito entra e o Harry senta-se ao meu lado.

- Obrigado por falares com o Tobias.- diz olhando-me nos olhos. Nunca pensei, mas sinto que consigo ver o seu interior apenas olhando nos seus olhos.

- De nada, o teu irmão é muito querido.- digo e ele não responde. Ele limita-se a olhar-me nos olhos. E assim ficamos durante algum tempo.

Eu dei conta de que o tempo que passou foi muito, mas sei que não foi um desperdício de tempo.Estava a ficar tarde e eu decido desviar o olhar fazendo com que ele faça o mesmo. O silêncio volta mas aos poucos sinto a sua mão tocar na minha. Estremeço. Não sei o que fazer. Eu não sei o que se passa. Entrei em pânico e a única coisa que consegui fazer foi despedir-me dele. Fui-me afastando e reparei que ele ficou triste. O que é que eu fiz?

Em quanto caminhava até casa eu pensei. Se eu começar a gostar dele, como será quando eu voltará minha vida normal? Será que gosto dele? Estou mesmo confusa, não sei mesmo o que fazer.

Chego a casa e ajudo a Jessie,depois de jantar vou até ao meu quarto e limito-me a ir até á varanda. Sento-me e começo a observar. Está tudo escuro e silencioso. Segundos depois consigo ver ao longe uma luz vermelha. E logo a seguir um estrondo. Foi uma bomba aposto!

Estou muito assustada. Estou completamente perdida. Já não sei nada. Não sei como voltar. O que vai acontecer se ficar...

Levanto-me e deito-me na cama, segundos depois, adormeço.


*Alguns meses depois*


Nestes últimos tempos a Jessie tem recebido cartas do Albert e até agora está tudo bem, o que fez Jessie animar-se mais.

Para ajudar o Harry, eu tenho tomado conta do Tobias visto que cá não tenho escola, e não tenho nada para fazer. Á uns dias atrás o Harry falou comigo. E eu também tomei uma decisão. O Harry disse-me que sentia algo por mim, mas o que eu descobri, após uma longa conversa com a Jessie, depois do terrível dia de ter falado com o Tobias, foi que eu gosto do Harry. A Jessie disse-me que não havia mal em gostar dele, mas não devia falar-lhe sobre isso pois se desenvolvermos algo, as coisas vão piorar e o certo é que nenhum de nós vai ter um final feliz.

Depois de saber isto, tem sido difícil para mim e para o Harry falar, acho que nem um "Olá!"ou "Adeus." conseguimos dizer.

Agora estou com o Tobias,decidi ensinar-lhe algo, mesmo não tendo escola, acho que era bom ele saber ler ou escrever, pois isso é muito valorizado neste tempo.Não sou professora, mas tenho a certeza de que sei ensinar a ler, a escrever e talvez a fazer contas.

Em três dias ele conseguiu aprender a escrever o seu nome e a ler uma ou outra frase. Ele é muito querido e inteligente.

Olhei pela janela e vi que estava a escurecer.

- Bem, Tobias, vamos até á Jessie e comer qualquer coisa?- digo e ele levanta-se e arruma as coisas numa caixa para que amanhã possamos continuar. Ele sai e a seguir vou eu, abro a porta e deparo-me com o Harry.

- Harry! Assustaste-me.- digo colocando as minhas mãos no coração.

- Desculpa não te queria assustar. Mas podemos falar?- ele pergunta e eu assinto. Entramos e chamo-o até á varanda. O meu quarto não tem nada para além de um armário, uma cómoda e a cama.

Sentamo-nos e rapidamente sinto um cheiro agradável vindo do Harry. Apesar de as pessoas aqui apenas poderem tomar banho 2 vezes por semana, ele cheira sempre bem. Nunca consegui identificar qual o cheiro, mas é agradável.

- Melissa, eu estive apensar...e não consigo suportar isto.- ele suspira.- Eu não aguento passar por ti e não dizer nada, eu gosto mesmo de ti, tens me ajudado tanto...- ele diz e agarra-me nas mãos fazendo-me ficar de frente para ele.

- Diz-me com toda a tua sinceridade, tu gostas de mim da mesma maneira que eu gosto de ti?-ele diz isto com imensa convicção olhando-me nos olhos.

Por dentro estou a gritar de alegria e chorar de tristeza. Se eu lhe disser a verdade, sei que nada vai correr bem, mas se lhe mentir ele vai ficar destroçado. Não tenho reação e não lhe respondo.

- Por favor, responde-me.- ele diz e vejo lágrimas formarem-se nos seus olhos fazendo-os brilhar.


- Eu...

The WarOnde histórias criam vida. Descubra agora