3º Capítulo

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Acordo com o som das galinhas,levanto-me, abro as persianas super enferrujadas e momentos depois sinto alguns raios de sol atacarem-me a cara. Faço a cama e visto-me, ia lavar a cara mas depois lembrei-me que como era domingo,a água da semana tinha acabado. A Jessie disse-me que como eu a ia ajudar já conseguíamos trazer água suficiente para 2 semanas. De repente oiço uns sons de alguém no quintal, aproximo-me da janela e observo o rapaz que vi ontem, quando cheguei.

Ele estava a brincar com um menino que gargalhava a cada movimento feito pelo rapaz. Não evitei sorrir.

Desci até á cozinha e cumprimentei a Jessie que estava a preparar o pão e a cortar umas maçãs.

- Muito apetitoso- digo sorrindo.

- Espero que sim, quero que te sintas muito bem cá.- ela diz e sento-me na mesa.

- Quem é aquele rapaz que está lá fora?- digo e a Jessie olha pela janela da cozinha sorrindo de seguida para mim.

- Ele trata do jardim do Albert, demos-lhe este trabalho porque ele tem uma família para sustentar. O pai dele deixou a mãe sozinha com 2 filhos para cuidar,e como o seu irmão é muito novo para trabalhar, ele trabalha aqui e a mãe dele vende fruta.- depois de ela falar, entra o general.

- Bom dia- diz.

- Bom dia general.

- Quantas vezes preciso de te dizer para me chamares Albert?- ele diz e eu assinto.


*Pouco depois*


Ajudei a Jessie e disse-lhe que me chamasse assim que estivesse pronta para irmos buscar água.

Fui até ao quintal. Queria conhecer o rapaz. Tinha imensa curiosidade sobre ele, não sei porquê. Andei uns metros até ouvir o barulho de alguém a cortar algo. Aproximei-me e ele logo deu por mim.

- Olá.

- Olá.- digo.

- Vives na casa do general?-diz.

- Sim, sou filha de uma das suas primas que morreu no último ataque.

- Sinto muito.- diz com um olhar de pena.

Logo a seguir a Jessie chama-me.

- Parece que tenho de ir.-digo.

- Deixa-me adivinhar, vais á serra.- ele diz e eu assinto.- Então espero ver-te por aí.- ele sorri e não evito sorrir. Ele tem uns olhos mesmo bonitos, parece que brilham á luz do sol, e depois tem uns lábios avermelhados que assentam perfeitamente com o seu tom de pele. Acho que ele acaba por se tornar um dos meus motivos de pensamento.

Vou até junto de Jessie e pego em alguns instrumentos para a ajudar. Começamos a andar e ela pergunta-me:

- Conhecias o Harry?

- Ele chama-se Harry?- digo sorrindo, que nome interessante.

- Sim, achei engraçado ver-vos falar.

- Tem alguma coisa de mal?-digo.

- Não, mas ainda não paraste de sorrir desde que falaste com ele.- ela sorri fazendo-me sorrir também. Ela é mesmo parecida com o meu pai, os olhos azuis esverdeados, são mesmo lindos. Tenho pena de não ter herdado essa caraterística, tenho os olhos como todo o resto do mundo tem,castanhos, como os da minha mãe. Mas a Jessie é muito bonita e parece jovem para além de já ter mais de 50 anos. Tem a pele um pouco enrugada mas mesmo assim, dava-lhe 40 anos, o seu cabelo é apanhado, a sua voz muito doce e o seu sorriso é mesmo adorável,tal igual o do meu pai.

Continuamos a andar e começamos a subir a montanha, começam-me a doer as pernas mas ignoro a dor pois não posso parar já. De repente oiço um estrondo e assusto-me.

- Vá, anda. Temos que nos despachar, lançaram uma bomba algures.- ela diz e o meu coração dispara. Como é que é possível? Mas antes a qualquer momento podiam haver ataques?

Começamos a andar mais depressa e eu ignoro toda a dor que sinto, pois o meu medo é maior.Ao fim de meia hora chegamos ao topo, Jessie começa a deitar água nos cantis e eu observo a aldeia. Ao longe vejo uma grande nuvem defumo.

- Atacaram Burninghom?- diz Jessie.

- Não faço a menor ideia.-digo assustada.

- Vamos então. Quando chegarmos saberemos o que se passou.- ela diz e coloco os cantis aos ombros. São super pesados e deixam uma dor enorme nos ombros.Começamos a descer e o meu ombro habitua-se á dor.


***


Meia hora depois chegamos a casa e mal consigo mexer os ombros por causa dos cantis. Desvio a camisola e vejo a minha pele negra. Faço uma careta de dor ao tocar lá, mas a minha atenção toda desvia-se para o general.

- Já tenho tudo, agora basta correr para conseguir apanhar a carrinha.- diz.

- Mas vais assim? E se acontecer alguma coisa como é que eu sei?- diz Jessie quase a chorar.


- Vai correr tudo bem, não éa primeira vez que o faço.- o general diz e beija a testa de Jessie. Ela não evita chorar.

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