4º Capítulo

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Aproximo-me de Jessie e tento acalmá-la, mas o que é que se faz nestas situações?

Este é um dos piores sentimentos que podemos sentir. Quantas mais mulheres estarão neste preciso momento a sofrer porque algum familiar vai para a guerra e pode não voltar mais! Isto é muito injusto e heróico, pois eles estão a arriscar a sua vida pelo povo, mas isto é tudo culpa de uns irresponsáveis quais quer que só pensam na guerra e sofrimento.

Jessie chora enquanto vê o general afastar-se a acenar tristemente e a mandar beijos pelo ar.Abraço-a o máximo possível, mas eu sei que não é um abraço que alivia essa dor.

- Ele já fez isto muitas vezes, mas e se desta não voltar?- diz entre soluços.

- Mas o que está a acontecer neste mundo?- pergunto.

- Vamos para dentro, explico-tetudo depois.- ela diz e faço exatamente o que me diz. Pego nos cantis e desvio a sua mão recusando a sua ajuda e coloco a água toda no devido local. Ela sobe e começa a preparar o jantar.

Subo também até á cozinha e começo a ajudá-la. Sinto-a fungar.

- Já deves ter ouvido falar no futuro de Hitler.- ela diz eu assinto. Aquele homem de bigode estúpido irrita-me. Foi injusto o que fez...quer dizer, vai fazer...não vale a pena já não entendo nada disto.

- Este ataque significou que nós, os EUA, já entramos na guerra que pensávamos ser apenas na Europa. Não vamos ser muito afetados no geral, mas nós, povo vamos sofrer imenso mas como ninguém dá conta de nós, e os nobre e clerigos não vão ser afetados, acham que os EUA vão manter-se firmes. É tudo verdade, mas o povo vai sofrer de qualquer das maneiras pois os soldados são todos desta classe social.- diz e tudo faz sentido. Detesto admiti-lo mas o general pode nunca mais voltar.Estou cá á poucos dias, mas com esta gente muito simpática é impossível não nos afeiçoarmos a eles. Eu gosto imenso deles e vou-me sentir muito mal quando souber que ele já não estão cá.

- E nós? O que fazemos?

- Não podemos fazer nada,senão rezar e esperar.

Ela tem razão não há nada afazer. Pouco depois batem á porta e Jessie deita as mãos á cabeça.Não sabe se há-de sorrir ou chorar. Vou com ela e ambas abrimos aporta. É o Harry, tem os olhos vermelhos e a cara está húmida. Ele esteve a chorar.

- Harry, querido, o que se passou?- diz Jessie puxando-o para dentro e abraça-o.

- A minha mãe..- ele tenta acabar mas soluça. Respira fundo e continua.-..ela estava em Burninghom a trabalhar.

Ele diz e eu e Jessie olhamos uma para a outra. Soubemos logo o que se tinha passado. E agora? Oh meu deus, isto é demasiada tristeza para mim. Como é que as pessoas conseguiam viver entre tanta aflição, desespero e tristeza?

Jessie foi até á cozinha deixando-me sozinha com o Harry, o que é que eu havia de fazer? A minha única reação foi mesmo abraçá-lo. Ele tinha a sua cara fria e húmida, os seus olhos eram verdes vivos pois sobresaiam devido ao facto de estarem vermelhos das lágrimas. A sua cara não tinha expressão, as lágrimas escorriam-lhe pela face mas ainda assim não havia expressão.

Isto põe-me tão triste...

- Vem Harry, vamos respirar fundo e beber qualquer coisa.- Jessie diz e sorri-me agradecendo o facto de me estar a esforçar para o apoiar.

Vamos até á cozinha e sentamo-nos á mesa. Um enorme e desconfortável silêncio se instala. O Harry não desvia o seu olhar da janela e Jessie olha seriamente para a sua chávena sem expressão. Começo-me a sentir muito mal, como é que em 3 minutos se pode perder tanto?

- O que vou dizer ao meu irmão?- diz o Harry interrompendo finalmente este silêncio.

Jessie olha para mim triste e eu não digo nada.

- Nós vamos ultrapassar isto.-digo sem dar conta de as palavras sairem da minha boca.- Onde está o teu irmão?- pergunto.

- Deve estar agora a chegar a casa.- ele diz e saio de casa. Eu própria vou falar com o rapazinho.Não sei onde me fui meter pois eu nem sei onde é a casa dele, mas por minha sorte encontrei uns meninos pelo caminho e perguntei-lhes,onde eles simpaticamente me disseram.

Segui as instruções dos rapazinhos e finalmente encontrei a casa de pedra de que me falaram,estava um rapazinho moreno de olhos verdes vivos. Sem dúvida alguma de que era irmão do Harry. Aproximo-me dele e ele olha-me desconfiado.

- Está tudo bem, eu conheço o teu irmão.- digo e ele rapidamente me sorri. Que fofinho, ele tem mini covinhas nas suas mini bochechas. Ele é tão fofinho.- Posso falar contigo?- digo.

- Sim.- oh meu deus até a falar é fofinho. Derreti-me por completo, impossível não sorrir.Sento-me ao seu lado e ele está a brincar com um aviãozinho de madeira.

- O que estás a fazer?-pergunto.

- Estou a brincar com o meu avião enquanto espero pelo meu irmão.- ele diz e levanta o seu avião fingindo colocá-lo voar.

- Olha eu tenho uma coisa muito importante para te dizer, mas não quero que fiques triste.- digo.

- O quê?- ele pergunta e olha para mim.

- Já ouviste falar da bomba de hoje?- digo e ele assente.- A tua mãe estava lá...

- Eu sei, e sei também que não vai voltar.- ele interrompe-me e a sua resposta surpreende-me.

- Como sabes?- pergunto.

- Ela costuma chegar primeiro que eu e se ela estava naquele sítio.- diz e volta a brincar com o avião, mas desta vez sem expressão. Ele é tal igual o Harry.



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