Capítulo 1

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Mais um almoço infernal de sempre. Estava concentrada nos movimemtos repetitivos dos meus pés balançando, quando capitei a voz do meu pai, deduzi que não era comigo, e coloquei um pedaço de batata cortada na boca.
Celso: Sinceramente Dakota, você está impossível nesses últimos dias.- revirei os ollhos- Me vende e troca por um coelho então.-
Lúcia: DAKOTA!.
Celso: Eu falei Lúcia, ela não sabe mais o que é ter respeito por nós, ganha tudo de mão beijada e nos trata dessa maneira.
Tive vontade de enfiar aquelas batatas nos meus ouvidos, pra não ter que escutar as próximas reclamações.
Lúcia: eu só queria entender o porque você está tão revoltada. Eu entendo que é algo normal da idade mas...- dei uma risada histérica .
Dakota: não, eu não sou uma adolescente mimada e irritada porque não ganhou um pônei, to irritada porque esse ser que se diz meu pai, quer me trocar por negócios!-  vomitei as palavras e relaxei na cadeira.
Celso: VOCÊ SABE QUE NÃO É NADA DISSO, eu já te expliquei mil e quinhentas vezes, mas você se recusa a entender. Você está sendo teimosa, e egoísta!
Dakota: EGOÍSTA? NÃO QUERER ACEITAR UM CASAMENTO ARRANJADO É SER EGOÍSTA?
Lúcia: PODE PARAR DE GRITAR! Você sabe que não é desse jeito que as coisas funcionam, santo deus, estamos em pleno século XXI, não é algo obrigatório, é uma sugestão.
Dakota: Uma sugestão que eu não estou disposta a aceitar, com licença.- sai da mesa aredondada com passos fortes para o meu quarto. Fechei a porta com força e tranquei a mesma . Peguei meu computador e deitei na cama. Eu só queria falar com uma pessoa agora. Esperei alguns minutos, e logo seu rosto pálido apareceu na tela do FaceTime.
Pierre: olá gatinha.
Ele falava inglês muito bem para um francês, mas ainda era super notável seu sotaque.
Dakota: eu posso ir morar ai contigo?- fiz uma carinha de cachorro abandonado, e ele e deu uma risada que só dele. Ele sabia o porque eu estava implorando aquilo. Afinal, ele é meu melhor amigo.
Pierre: seu pai ainda com a ideia absurdamente machista sobre você ter uma relação amorosa com um filinho de papai para ajudar os negócios dele?- concordei com a cabeça, olhando para a capata de um livro que estava em cima do meu criado mudo.
Pierre: ele é um babaca.
Dakota: ele é louco.- eu disse, olhando para a tela do computador, vizualizando aquele menino de cabelos pretos quase carvão, e pele lívida que, quem não o conhecesse, teria certeza que ele não estaria bem de saúde.
Pierre: eu sei que isso mexe contigo. Eu te conheço.
Dakota: é, talvez.- disse, tentando não dar tanta afirmação no tom de voz.
Pierre: Pode parar de ser a fodona, porque sabe que comigo não cola.
Dakota: você é um idiota.
Pierre: e você me ama.- eu o olhei e revirei os olhos, ele não precisava de uma afirmação para saber que era verdade.
Dakota: e quando você vem pra cá?
Pierre: eu não sei. Meu pai quer que eu ajude ele com a adimistração dos cafés nas férias, eu estou tentando convencê-lo que posso fazer isso nas férias menores.- estralei os olhos.
Dakota: Se ele começar com isso, pode dizer que eu dou um jeito de que apareça em todos os rádios de Paris uma declaração de amor especial para ele.- piadas internas- ele deu uma gargalhada enorme e sorriu para mim.
Pierre: vou usar isso como um dos meus argumentos, pode ter certeza.
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Fiquei conversando com Pierre até ele ir dormir, ou seja, até meus pais saírem de casa para irem trabalhar, até umas 15:30, ou seja 22:30 em Paris.
Fui na cozinha, e levei um susto quando vi Marrie chegar. Corri até ela e pulei no seu colo( algo muito fácil, sendo que eu só tenho 1,63 e ela tem, mais ou menos, 1,70)
Marrie: oi minha pequena, como você está?
(Marrie, Mari pros íntimos, ela era tipo uma amiga minha, mais como eu não consegui nascer normal, a minha única amiga é minha pisquiatra.)
Dakota: na corda bamba, como sempre.- eu disse com um breve sorriso.- como foi a viagemmm?-
Marrie: foi interessante, passou muito rápido, a cultura é tão diferente Dak, você ia amar.- só ela que me chamava assim, é particularmente, eu amava, me sentia um pouco menos doida.
Dakota: e nenhum gatinho Indiano?- eu perguntei, saltitando ao redor dela. Sua risada foi rápida, como sua resposta. Um seco não.
Dakota: 20 dias sem me ver, 30 dias sem transar?- ela me deu um tapa no braço, me repreendendo.
Marrie: 3 meses.- quase matei ela com os olhos.
Dakota: você ta brincando comigo? Qual é, você é gata poxa, solteira, pra que ficar encalhada?
Ela revirou os olhos e foi até a ilha da cozinha esquentar uma água.
Marrie: eu já não tenho mais idade pra isso Dak, eu tenho 37 anos, sou formada, mestrada, para que homens?.
Dakota: acho que se você contar da viagem vai ser mais interessante do que nós duas começarmos a discutir sobre Felicidade.
Eu disse, pegando 2 xícaras para os nossos chás.
Marrie: não. Isso pode esperar. Faz 20 dias que não conversamos. Você teve aqueles sonhos estranhos quantas vezes nessas últimas 3 semanas?
O único sorriso que eu tinha em meus lábios, desapareceu. Eu contei os sonhos como ela havia pedido. Meu número da vez, foi 7. 7 sonhos espalhados em 20 dias.
Marrie: não é um número bom.
Dakota: eu sei- disse, experimentando o chá de frutas vermelhas, o nosso preferido.
Marrie: os enredos ainda são os mesmos?- pensei por alguns segundos.- Alguns detalhes mudaram. Como a cor das salas. Elas não são mais apenas brancas. São pretas, roxas, é assustador, é emocionante ao mesmo tempo, eu não consigo explicar isso.
Marrie: é completamente normal, você sabe disso.- concordei com a cabeça.
Dakota: eu só queria entender o porque.
Marrie: Esse porque nós vamos descobir querida, nós vamos.

Voando Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora