Capítulo 32

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Emily-on
Não. Aquilo definitivamente não iria acontecer de novo. Me afastei rapidamente e sentei mais para trás do banco, olhando para minhas mãos apenas disse- você não pode fazer isso.- Senti seu olhar percorrer meu rosto em busca de algum sinal de explicação, então continuei, agora olhando naqueles olhos, naqueles malditos olhos que fizeram com que eu me perdesse por completo.
Emily: você não pode brincar desse jeito com o coração das pessoas. Eu não sou seu brinquedo. Eu entendi o que aconteceu, ficarei ao seu lado, mas como amiga. Nada além disso. Eu estou mudando, eu quero ser feliz. Quero ser amada. Eu mereço ser.- Agora Rafael já não olhava mais para mim e sim para a janela ao meu lado. À noite fria caia fora do carro, fazendo com que as nossas respirações embaçassem os vidros. Ainda com o olhar longe, Rafael começou a falar.
Rafael: você merece. Você não é obrigada a ser infeliz ao meu lado, me desculpe por isso.
Me toquei depois de alguns segundos do que ele tinha entendido da minha explicação e bufei impaciente.
Emily: você também merece ser feliz Rafa. Eu tenho certeza que quando você se livrar dessa situação, conhecerá alguém que faça valer a pena todo esse sofrimento.
Rafael: o problema é que eu já conheci Emy.- Diz o garoto, voltando seus incríveis olhos para mim. Abri a boca para responder, mas a minha amiga e Tomás entraram de repente no carro. Dakota sentou ao meu lado e o garoto no banco do caroneiro ao lado de Rafael. Pelo sorriso dos dois, eles finalmente tinham se entendido.
Emily: cuidado para não travar o rosto com esse sorriso Tomás.- Dakota me da um tapa fraco em meu braço e Tomás sorri mais ainda e explica que isso é consequência da minha amiga. Rafael começou a dirigir e nós três continuamos a conversar, enquanto o motorista se afogava no seu próprio silêncio. Queria dizer algo, mas sabia que a melhor opção agora era manter aquele clima de felicidade do novo casal.
Dakota-on
Aquela sensação era nova para mim. Meu peito explodia como fogos de artifício, era uma festa dentro do meu coração que eu definitivamente nunca tinha presenciado. Aproveitei cada segundo aquele momento com Tomás na pista, conversamos, rimos e é claro, nos beijamos. As clichês borboletas voavam dentro de mim sem rumo e eu que não iria dar um para elas. Quando chegamos no carro percebi que o clima entre minha amiga e Rafa estava bem pesado. Eu e Tomás tentamos descontrair, puxando papo com os dois, mas aparentemente só a Emily estava interessada em continuar a conversa. Depois de deixarmos o carro na garagem e Rafa colocar a hora que devolvemos, corremos em direção ao muro do colégio. Rafael subiu primeiro e ficou sentado no muro enquanto ajudava Emy a subir também. O garoto pulou para o outro lado e em poucos segundos a loira também pulou. Eu e Tomás fizemos a mesma coisa e assim que chegamos no terreno da escola, começamos a correr em direção a janela do nosso quarto. Tive a sensação de que agora tinha mais luzes acesas, mas não dei muita bola. Talvez eu estivesse vendo o mundo com um pouquinho mais de brilho e otimismo agora. Percebi que Emy estava cansada, então alcancei minha mão para ela que a agarrou sem cerimônias. Assim que avistamos a janela, respiramos aliviados em uníssono. Eu e Emily entramos primeiro e depois os meninos entraram e fecharam a janela. Emily apertou o interruptor e ligou as luzes, pisquei algumas vezes para acostumar com a iluminação e percebi que todos fizeram o mesmo. Nem acreditei que estávamos de volta e olhei para os meus amigos, a adrenalina parecia que ia saltar dos nossos corpos.
Rafael: eu vou indo então galera, até amanhã.- diz o garoto de olhos verdes, fitando o chão.
Dakota: obrigada pela ajuda Rafa.- ele assentiu com a cabeça e deu um meio sorriso, saindo com cuidado do quarto.
Emily piscou para mim e entrou no banheiro, deixando eu e Tomás a sós no quarto. Não sei porque, mas aquela sensação me deixou com um formigamento esquisito! Tomás se aproximou de mim e me puxou pela cintura, me dando um abraço.
Tomás: obrigado por ter ido me encontrar princesa- me afastei para encara-lo e fazer uma careta- princesa? Já conversamos sobre isso!- eu digo, dando um tapa fraco em seu ombro. Tomás sorri e me puxa mais para si.
Tomás: sim, e tínhamos chegado à conclusão que você é mais fera do que princesa.- Revirei os olhos e o encarei. Seus profundos olhos castanhos me deixaram com um sorriso bobo e é claro que ele percebeu.
Tomás: sorri assim de novo que eu não me responsabilizo ruiva.- Aproximei meus lábios nos dele e preenchi o espaço vazio entre nós o beijando. Um beijo cheio de carinho, algo que eu não achei que seria capaz de sentir.
Emily: BOA NOITE TOMÁS!! EU QUERO DORMIR!- Emily grita do banheiro, fazendo com que os dois interrompêssemos o beijo com risadas.
Tomás: boa noite Dak, nos encontramos na cantina amanhã?
Dakota: vou ver o que eu posso fazer por você- brinco e lhe dou mais um sorriso. O garoto sorri também e revira os olhos, saindo do quarto.
Dakota: Ta liberado.
Emily: achei que ele ia dormir aqui.
Dakota: bem que podia.
Emily: já está me trocando?!!- Minha amiga pergunta, fazendo biquinho. Corro até ela e a abraço forte.
Dakota: obrigada
Emily: pelo o que?- Emily pergunta se afastando um pouco para me olhar.
Dakota: por ter me apoiado. Por ter ido junto comigo. Por tudo.
Emily: amigas são para essas coisas Dak.
Dakota: são? Eu não sabia.- Brinco, indo até meu guarda roupa e pegando um pijama. Emily da risada e faz o mesmo, e enquanto nos trocávamos, minha amiga fala- eu e Rafa conversamos.- Olho para ela, que agora já esta vestindo seu pijama branco com bolinhas amarelas.
Dakota: e aí? Tem alguma explicação?- pergunto curiosa, enquanto entro embaixo das cobertas.
Emily: tem, mas por enquanto não posso te contar, isso pertence apenas a ele. O importante é que eu deixei claro que não iria continuar no meio das confusões da vida dele.- arqueei a sobrancelha, encarando a loira que estava sentada em sua cama.
Dakota: e está tudo bem pra você isso?
Emily: acho que não, mas agora eu quero cuidar mais de mim sabe, quero consultar, não quero mais ter essa vida Dak. Algumas pessoas não tem a escolha de mudar de vida, não vou perder essa chance que possuo.- sorri enquanto Emily falava. Minha amiga estava completamente certa e se dependesse de mim ela teria todo o meu apoio.
Na manhã seguinte, acordo cansada. Fomos dormir as 2 da manhã e eu tive mais um dos meus pesadelos. Vejo que Emy não acordou com o alarme do meu celular, pego o aparelho e mando uma mensagem para Marrie, contando do pesadelo. Dou boa tarde para Pierre, já que na França já tinha passado das 14 da tarde, ele me da bom dia e trocamos algumas mensagens, peço a ele que me ligue mais tarde para eu contar de Tomás e nos despedimos. Assim que coloco os pés para fora das cobertas eu me arrependo. O frio daquela manhã está insuportável e definitivamente minhas cobertas estavam bem mais aconchegantes do que uma aula de física. Estava saindo do banho quando levei um susto ao ouvir aquele maldito despertador da Emily.
Dakota: Emily o que você acha de fazermos frango empanado desse seu despertador?
Emily: 7:00da manhã Dakota, deixa o meu galo em paz.- Diz minha amiga com voz de sono. Saio de roupão até o quarto e vejo que Emily ainda não levantou. Vou até a cama dela e sento.
Dakota: a bonita não vai acordar?- digo, afastando mechas rebeldes dos cabelos loiros do seu rosto. Ela me olha e revira os olhos, afundando o rosto no travesseiro.
Dakota: vamos Emy, tenho certeza que hoje vai ser um dia bom. Ela me olhou de novo e fingiu um sorriso, dei risada enquanto caminhava até meu guarda-roupa e Emily para o caminho oposto até o banheiro. Coloquei uma meia-calça preta, a saia do uniforme vermelha uma blusa preta térmica e por cima a camisa creme de manga longa com detalhes em vermelho. Praticamente como eu tinha me vestindo no dia anterior, então para dar uma mudada, fui até o guarda roupa e peguei um casaco preto de couro que eu tinha levado na mala para dias assim. Ele era bem justo e vestiu super bem com o uniforme. Calcei uma bota preta de cano médio e estava quase pronta. Quando Emy saiu do banheiro, ocupei o cômodo para escovar os dentes, passar um corretivo naquelas olheiras que estavam um fiasco e pentear os cabelos. Emy entrou também no banheiro, vestindo uma calça preta jeans justa, a camisa do uniforme o blazer vermelho e uma bota de cano baixo bordo. A Emily tinha um corpo tão bonito, queria que ela se visse da forma que eu a vejo. Minha amiga fez os mesmos passos que eu, e as 7:45 estávamos descendo para a cantina. Chegando na mesma passamos direto pelas pessoas sentadas e fomos  falar com Carla assim como tínhamos combinado no dia anterior, para conversar  a respeito dos exames e das consultas de Emily.
Carla: bom dia meninas, como vocês estão?- A senhora pergunta enquanto abastecia  o buffet com mais pães.
Emily: estou me sentindo bem melhor hoje Carla, só me sentindo um pouco insegura por causa dos exames.
Dakota: não precisa ficar insegura amiga, eu e Carla estaremos lá o tempo todo.
Carla: sobre isso... precisamos conversar. Se sirvam e sentem em uma das mesas, logo vou lá.- Eu e Emily assentimos e pegamos as bandejas. Com muito esforço da minha parte, Emily pegou um café com leite, duas torradas e uma maçã. Eu por outro lado, 2 pães de queijo, uma torrada e um copo grande de suco de laranja. Sentamos para comer e assim que deu oito e 5 no relógio Rafael e Amber entraram de mãos dadas na cantina.
Dakota: Meu deus Emy isso não te da um nó no estômago?
Emily: dava, mas agora nem tanto. Eu sei o que tem por trás daquilo então tenho apenas pena.- Arqueei a sobrancelha e concordei em silêncio. Eu sou uma pessoa muito curiosa mas não queria tocar nesse assunto com a Emy, principalmente hoje que ela iria consultar. Quando ambas terminávamos de comer, Carla sentou na nossa mesa.
Carla: então meninas, eu tenho uma notícia não muito boa.
Dakota: ah meu deus lá vem.
Carla: eu não consegui pegar folga hoje do colégio e não terei como ir com vocês. Me perdoa minha pequena.
Emily: tudo bem Carla, Dak irá comigo e tenho certeza que ela irá te falar cada detalhe.- Sorri para minha amiga. Era verdade.
Carla: Então, não tenho uma notícia muito boa sobre isso também. Vocês sabem que o colégio é muito rígido a respeito da saída de alunos, então Dakota você precisará de uma autorização dos seus responsáveis para acompanhar a Emily, a Emy não precisa porque não tem contato com o dela, mas você precisa.- Ah não, aquilo era péssimo. Eu não falava com os meus pais desde que tinha me mudado para o colégio. Nem mesmo uma mísera ligação.
Emily: você acha que consegue Dak?- minha amiga indaga apreensiva.
Dakota: sim, irei ligar para eles assim que terminar o café.- digo, tentando disfarçar.
Carla: aí que ótimo! A consulta com o psiquiatra é as 14:30, não se atrasem.- Carla diz, saindo da mesa e mandando um beijo no ar para mim e Emily.
Emily: o quanto você está com medo?
Dakota: de 0 a 10?
Emily: uhum
Dakota: 11.
Antes que Emily falasse algo Tomás chegou e sentou na nossa mesa, me dando um abraço, retribui, feliz em vê-lo.
Tomás: bom dia fera, bom dia Emy- olhei para ele e revirei os olhos, Tomás riu e começou a conversar com Emy. comecei a analisar as hipóteses que poderiam acontecer na conversa com os meus pais. Só quando escutei meu nome que voltei para o presente.
Tomás: Dak, você está bem?
Dakota: estou sim, é só que hoje terei que ligar para os meus pais.
Tomás: e vocês não tem uma boa relação?
Dakota: nem um pouquinho.
Tomás: eu tenho certeza que eles vão ficar feliz com a sua ligação.
Emily: é amiga, me desculpa por colocar você nessa situação.
Tomás: como assim?- antes que Emy tivesse que explicar, falei- então irei arrancar esse curativo logo, vejo vocês na aula.- Dito isso, sai em direção aos corredores. Acabei chegando na sala de estar, peguei meu celular no bolso do casaco, me sentei em um dos sofás e disquei o número da minha mãe. Respirei fundo e escutei chamar.
Dakota: alô, mãe?
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Capítulo novinho pra vocês! Não esqueçam as estrelinhas e comentar o que acharam! Um beijo!🥰❤️

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⏰ Última atualização: Jun 22, 2020 ⏰

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