Estadia.

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Fui em sua direção, esperançosa diante de seus possíveis mistérios. Eu estava tão perto... Mas é claro, que não daria certo, e que minha mãe me chamaria. Mesmo assim, ignorei, correndo o risco de ser castigada, mas valia a pena. Segunda vez que ouço meu nome, mas em um tom mais autoritário. Medo, isso sim que eu tenho desse tom, mas continuei. Terceira vez, minha derrota. O tom de voz que ela usou foi totalmente medonho. Mesmo sorrateiramente, minha mãe conseguira me ver. Coisa de mãe. E então, para piorar a situação, ela aparece atrás de mim. Além do sexto sentido, também se teleporta? Quando eu for mãe, usarei meus poderes para o bem, com certeza.

Foi então, que algo me deteu. Algo chamado "puxão de orelha", um daqueles bem doloridos, que você passa uma semana com a orelha latejando. Infelizmente, minhas descobertas ficariam para mais tarde, pois o dever me (infelizmente)  chama!

-Oi mãe... Não tinha ouvido a senhora...

-Conta outra garota, vai escolher seu quarto... aliás, limpa-lo, por que já foi escolhido por você.

E saiu. Dá para acreditar? Nem sequer um 'Oi filha, gostou da casa?' ou então um 'Oi filha, tudo bem?'. Era tudo 'Evelyn, faz isso', 'Evelyn, faz aquilo'. E ainda mais! Faziam vinte minutos que estávamos na casa e já me mandavam limpar, limpar e limpar.

Entrei e no mesmo instante minha mãe me mostrou o caminho para o cômodo. Mas tenho certeza absoluta que ela estava se certificando que eu limparia e não me esconderia em outro lugar.

Não sei por que ela é assim comigo. Uma vez minha prima deixou escapar que ela não queria que eu ficasse igual minha irmã.

OK, eu sei que tinha uma irmã mais velha (muito mais velha) que falecera. O que não sei é como ela se foi e como ela era, na verdade, eu não sei nada. Somente que ela um dia existiu. O que é bem deprimente, por que, se ela estivesse comigo, ela talvez pudesse me ajudar com a mãe... Bom, não adianta pensar no passado, um dia eu vou descobrir como ela se foi.

As crônicas de EvelynOnde histórias criam vida. Descubra agora