Boa impressão

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    A noite foi bem tranquila na nova casa. Agora tudo é muito silencioso. Um pássaro ali ou la as vezes, mas nada comparado com as buzinas e gritarias da minha antiga cidade. Aliás, o ar daqui é tão limpo que meu pulmão parece queimar com o oxigênio puro.

    Pretendo visitar a floresta mais a fundo hoje, assim que eu voltar da escola, é claro. Infelizmente serei obrigada a ir, o que não faz sentido, toda minha familia aprendeu em casa, por que eu tenho que sofrer? ''Para que tenha mais oportunidades na vida'' de acordo com a minha mãe.

    Já são sete horas e minha tia está me esperando na frente de casa. Estou fisicamente pronta, roupa, tênis e cabelo organizado. Mas psicologicamente é outra história.

    Desci correndo a escada para chegar em minha tia, que já estava impaciente com a demora, que por acaso foi de somente dois minutos.

    O caminho foi curto e feito a pé, mas mesmo curto, foi cansativo. Por que? Por quê, quem gosta de andar em plena manhã de segunda?

    Chegando lá, a primeira impressão passada foi: velho, muito velho. Tudo parecia antigo e usado demais. A escola ocupava metade do quarteirão, era toda cercada por muros de quase dois metros, com trepadeiras que eu posso jurar que tinham uns cinco centímetros de grossura. Quando o segurança, que aparentava ser mais velho que a escola, abriu o portão, meus tímpanos estouraram de agonia com o estridente rangido que suas juntas fizeram.

    Após o berreiro, entramos  em um pátio, uma metade dele estava descoberta, enquanto outra estava coberta. Ou era tao ultrapassado que caiu, ou o arquiteto tinha muito mal gosto.

    O lugar parecia umas super casa de um piso (térreo). Parece muito aquelas escolas de bairro onde os professores conhecem três gerações de cada família dos estudantes.

    Depois da área coberta terminar, começava o casarão. Suas paredes iam de um canto a outro do terreno, com uma cor pairando entre cor de ovo podre e vomito. Suas janelas eram seguidas de um espaço aparentemente de um metro e meio, e exatamente no meio, tinha a porta de madeira maciça. Cheguei a conclusão de que: quem projetou isso merece uma bela lição de estilo.

    Muito contrariada, passei pela porta. A secretaria era o único comodo aparente, e em um canto da sala, havia uma porta de correr escura. Uma moça muito bonita nos atendeu e começou a conversar com minha tia. Uma longa e entediante conversa depois, ela anunciou que eu ficaria na sala C do primeiro ano do ensino médio. Assim que fiquei sabendo disso, ela se aproveitou da minha distração e me fez uma pergunta que não sei ainda se me arrependo de ter respondido:

    - Você trouxe um caderno e uma caneta?

    - Sim.

Minha distração me pregou uma peça e eu não percebi o alerta de perigo que a pergunta tinha. E então, veio a desgraça!

    - Já que trouxe, sua aula começa agora!

As crônicas de EvelynOnde histórias criam vida. Descubra agora