♦ Carta 2 ♦ De Júlia Para Lara ♦

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Não revisado, porém feito com carinho, espero que goste

Não revisado, porém feito com carinho, espero que goste

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Carta 2, dia 02 de Abri, Crisália

Flor-Azul,

Não sei por onde devo começar, por isso, perdoe-me se eu soar prolixa ou se me perder no meio do caminho. Sei que já está acostumada as minhas voltas, e nem eu pretendo forçar uma linha reta que, sabemos, não sei andar.

Apenas peço que entenda: Rever o passado é bom, mas além dos amores, ele também é regado de dores.

Talvez eu pareça perder o foco em algum momento, posso acabar esquecendo – propositalmente ou não – que o propósito dessas cartas é te contar uma história de amor.

Uma história de amor...

Será mesmo que posso definir meu encontro com Henrique como uma mera história de amor? No fim, não seria o amor apenas um antecessor de histórias maiores ainda; as nossas próprias, as histórias que nós somos?

Eu confesso que sorri ao abrir sua carta, a primeira depois de anos regados apenas de redes sociais, textos virtuais, contato não-humano.

Já se pegou pensando o quanto não-humano nos tornamos quando perdemos o hábito de escrever à mão, Lara? Eu sei que foi bem antes de mim que as cartas saíram de linha, mas confesso que peguei apreço a caneta correndo pela folha, me sinto mais eu quando vejo as palavras se formarem na minha frente sem que eu tenha a chance de corrigi-las, sem retorno como a vida.

Enfim, onde estava?

Ah! Está tudo correndo bem com meu mestrado, e o livro já foi concluído há pelo menos um mês, o tempo que você ficou sem dar notícias, Flor-azul. Sua irmã o pegou para ler há uns cinco dias. Até agora, ela parece estar gostando. Talvez haja alterações antes de enviar para você. Enfim. Depois de terminar o epílogo, eu fiquei sem escrever uma linha, vítima de um bloqueio que não me deixava rabiscar nem receita de bolo, mas, me vi motivada a escrever quando vi que desejava saber a história de amor por trás dos seus pais. Estranhei, claro, no entanto, em hipótese alguma recusaria seu pedido. Quando contei a sua irmã isso, Isabella riu, dizendo que tinha mandando um e-mail para ela dois dias antes, avisando que estava se desligando do mundo virtual por um tempo e que só manteria contato por cartas.

Perguntei a Bella se havia acontecido algo para que você tomasse essa atitude. Quem, em pleno século vinte e um, no ano de 2046, abdicaria completamente da Internet, afinal?

Sua irmã não me contou nada, o silêncio de quem não iria trair a confiança de alguém importante selara os lábios dela; porém, quando vocês duas precisaram abrir a boca para que eu soubesse o que se passava em suas cabeças? Só foi preciso unir um fato a outro e pronto, descoberta feita: Você está apaixonada pela Elisa e não sabe como lidar. Eu confesso que não entendo os motivos pelos quais não me disse nada sobre isso ainda, o que só me resta pensar que está com medo desse sentimento. Sempre fomos próximas, pequena, sabe que pode me contar tudo. Independente do que estiver acontecendo, eu irei te ouvir e entender. Não sou sua mãe para julgar, sou sua mãe para ser o que toda mãe deveria ser. Te ouvir, compreender ou, ao menos, tentar. No fim, o tentar vale muito, Lara.

Escreva Em Mim (RESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora