♦ Carta 5 ♦ De Júlia para Lara ♦

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Não revisado, porém feito com carinho, espero que gostem.

Carta 5, 07 de Abril, Crisália

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Carta 5, 07 de Abril, Crisália

Lara,

Confesso que as primeiras semanas no apartamento foram... Solitárias. Embora eu tivesse a companhia da Mariana e, depois daquele dia com as caixas, a do Henrique, ainda parecia faltar algo. Talvez fosse a risada que o seu avô dava quando a sua avó brigava com a televisão ou as broncas por estar indo dormir muito tarde.

Mas, para suprir minha saudade – está mais para a dela –, mamãe me ligava sempre, querendo notícias que eu não negava passar. Foi apenas depois de seis semanas, já mais acostumada a ausência diária dela e do papai, que eu comecei a encurtar as conversas e as notícias.

Não era por falta de amor a ela, e sim por ter demais e querer que entendesse de uma vez que eu, Júlia Medeiros, já era uma jovem de dezenove anos que tinha quase total controle sobre sua própria vida e, definitivamente, não precisava da vigilância constante dela, mas dona Joana, sempre coruja, não entendia isso.

Está bem que eu ainda não possuía emprego e mesmo assim pretendia entrar para alguma faculdade, no entanto, Mariana estava bancando a água, luz e a comida do apartamento e eu estava encarregada de arrumar tudo nele. Não era um acordo muito justo, mas Mariana era teimosa e não me deixava ajudar com isso.

Nessa época, Mari cuidava da empresa da família dela. Minha melhor amiga dispões muito cedo de uma fortuna imensa depois que os pais, infelizmente, faleceram, porém, a avó dela cuidava de tudo, até que a mulher sofreu um acidente que a causou danos permanentes, inclusive a perda da memória. Me lembro, claramente, como foi doloroso para minha amiga ver a sua vó tão indefesa e sem saber quem era a garota diante de si.

Enquanto eu estava pensando em como as coisas caminhavam bem, Henrique andava pela cozinha.

— Vamos lá, Júlia, não é tão difícil, é?

Ele estava, novamente, tentando me ensinar como fazer café. Eu foquei minha atenção nele.

Henrique tinha se tornando um amigo, e eu gostava da presença dele, mesmo que ela às vezes causasse uma sensação que eu não sabia mais definir. Era algo gostoso, mas, em algumas momentos, desconfortável.

— Você faz parecer fácil, só que para mim não é. Olha, eu até aprendi o preparo do macarrão com molho branco — lembrei o prato que ele havia me ensinado há alguns dias —, mas, definitivamente, isso aí não é para mim. — Apontei para pia, onde estava o coador de café, a vasilha com água fervente e a garrafa térmica. — Acho muito mais fácil comprar uma cafeteira e pronto!

Eu dei de ombros, pulando do balcão da cozinha e indo até ele. Na verdade, tinha que admitir que o café artesanal, como Henri chamava, acabava sendo estupidamente mais gostoso do que qualquer capuccino que eu já havia tomado. Mas, com certeza, ou eu segurava o coador ou a vasilha da água ou a colher que mexia o pó dentro do crivo, ou seja, não tinha como eu fazer os três sem me queimar ou estragar o sabor divino do líquido.

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⏰ Última atualização: Nov 22, 2018 ⏰

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