✨ CAPÍTULO CINCO ✨

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Naquela noite, Matthew não me procurou. Eu esperei que o fizesse, que se preocupasse, afinal, eu pulei de um carro em movimento, mas ele simplesmente me ignorou. Felizmente, só tive uma imensidão de arranhões e algumas luxações, mas nada realmente grave. Quando cheguei em casa, vi Terry com uma expressão aflita, segurando Darling em uma coleira azul e parado na frente do meu prédio. Como se sentisse que eu estava precisando, ele passou seus braços ao meu redor e me deu um abraço bem forte, acolhedor. Eu contei tudo pra ele, e como já esperava, ele me disse o que eu já sabia, sempre soube: fique longe dele.
Esses romances extremamente intensos podem parecer fofos em livros e novelas, mas nada vida real é diferente. É muito complicado, doloroso, extenuante. Eu deveria tê-lo ouvido quando disse que não era um príncipe encantado. Longe disso. Deveria ter me afastado e talvez, não sairia tão afetada desse relacionamento que nunca foi um relacionamento de verdade. Terry cuidou dos meus ferimentos e me ajudou a enganar o Sr. Willians para que eu ficasse uma semana sem ir trabalhar, até que os ferimentos em meu rosto suavizassem.
A delegada entrou em contato, desculpando-se por não poder conversar comigo nos próximos meses, pois entrou em uma missão sigilosa e não poderia retornar logo a São Paulo. É estranho dizer que senti um pouco de alívio com isso? Meu emocional estava ferido demais e eu não iria saber como lidar com essa bomba. Ficar sem vê-lo e ficar sem notícias dele não ajudou. Se o tempo cura tudo, não me curou de Matthew. Pelo contrário, sinto como se me apaixonasse cada vez mais. Mesmo estando longe. Meus hormônios estão descontrolados. Eu poderia ter uma vida inteira para continuar tentando esquecê-lo, não fosse por um pequeno (grande) detalhe. Falando em hormônios, algumas semanas depois daquela noite, eu passei muito mal. Sem contar que minhas roupas ficaram muito apertadas. Meus seios sensíveis. E meu grau de masoquismo também estava altíssimo. Sim, eu olhava para uma foto de Matthew todas as noites, mas eu não precisava de fotos, pois na minha mente nossos momentos juntos são tão  vívidos como se tivessem acabado de acontecer. Quando minha menstruação atrasou um dia, eu já sabia o que estava acontecendo, quando atrasou quinze dias, aquelas duas listrinhas me revelaram o que no meu íntimo eu já sabia.
Então aquela noite, foi um divisor de águas na minha vida. É realmente impressionante como sua vida pode mudar em tão pouco tempo.
Terry surtou muito mais do que eu quando soube da minha gravidez. Na verdade, parecia que ele que iria ser uma mãe solteira aos 23 anos. Sem contar que me xinga toda vez que lembra que eu estava tomando relaxante muscular no lugar da pílula pelo menos nos últimos meses. Não tenho culpa, eram exatamente idênticos: rosas e minúsculos. E eu? Bom, eu não sei como me sinto. Eu sei a importância que um pai tem na vida de uma criança e também sei que não posso esconder a existência desse bebê de Matthew só por que não estamos mais juntos. Mas nesse momento, o que realmente importa para mim é a vida que está crescendo e eu não quero que essa criança sofra por nada nesse mundo. Eu tenho certeza que Matthew não vai reagir bem. Dependendo do seu humor, talvez me acuse de trepar com Terry e peça um exame de DNA. Sim, isso parece horrível, mas é a imagem que ele me passou no breve romance que tivemos. Me sinto culpada porque em parte estou feliz demais; terei um pedaço dele para o resto da minha vida.  Mesmo que Matthew não tenha sido o melhor cara do mundo, longe disso, ele foi o cara que pegou meu coração para sempre. Ele foi — é — o amor da minha e eu me sinto envergonhada por admitir isso tão sinceramente, mas é a mais pura verdade. Nem todo mundo tem a sorte de encontrar o verdadeiro amor, eu tive. Pelo menos da minha parte.
Tive que adaptar minha vida para a criança que está chegando. Minha barriga ainda não é aparente, então fisicamente eu não tive nenhuma mudança. De qualquer forma, somos obrigados a seguir em frente e é isso que eu ando fazendo. Estou trabalhando normalmente, mas deixei o plano de academia para o final do ano. Meus finais de semana se resumem a me entupir de Marshmallow com chocolate, ler o dia inteiro e chorar até dormir, porque a saudade que sinto dele é maçante. Já fui há duas consultas e o bebê parece bem, mas não consigo pensar nele como um bebê, uma vez que ele é do tamanho de um caroço de feijão. Não me julgue, meu instinto maternal imediato não apitou, embora constantemente eu me pegue acariciando minha barriga e imaginando como serão os seus traços. Seus olhos. Seu cabelo. Acho que ninguém ama imediatamente descobrir que está grávida. Esse amor nasce com o tempo, acredito. Não tive uma presença materna na minha vida.
Agora, entrando no carro de Terry, me pergunto o que Matthew estaria fazendo. Nunca tive a oportunidade de visitá-lo em seu emprego.

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