🌸 CAPÍTULO QUATRO 🌸 Divisor de Águas!

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Olho ao meu redor na cama, mas não vejo nem sinal de Matthew. Sinto uma sensação ruim no peito, esmagadora. Desço as escadas rapidamente, preciso vê-lo, abraçá-lo, preciso de conforto. Não me lembro com o que sonhei, mas foi algo muito ruim. Está tudo em silêncio. Encontro dona Ana na cozinha e ela abre um sorriso gentil, mas franze o cenho quando vê a minha expressão.

- O que houve, meu bem? - Ela vem para perto de mim e observa o meu rosto de perto.

- Eu tive um sonho ruim. A senhora sabe de Matthew? - Indago, ansiosa.

- Ele está com Marcelo, na garagem. Quer que eu a leve até lá?

- Não, tudo bem, eu sei onde é. Obrigada. - Dou-lhe um breve sorriso e caminho apressada para fora da casa. A garagem de carros fica na parte esquerda da casa e eu quase corro para lá. Assim que piso do lado de fora, ouço Matthew dizer:

- ... Quero que queime-o. Destrua-o. Eu ainda não sei o que ele faz aqui. - Matthew parece desapontado e o seu tom de voz é cortante.

- O que você quer que seja destruído, Matthew? - Pergunto, pegando-o de surpresa. Ele e Marcelo estão perto de um carro cinza, grande, um Tucson talvez, mas não entendo muito de carros, mas eu acho que esse seja o escolhido para ser despachado.

Matthew fica momentaneamente pálido, os olhos arregalados. Talvez seja minha expressão. Amo o fato de ele se preocupar tanto, comigo.

- Samantha, eu... - Ele começa a dizer, mas eu me jogo em seus braços, não importando o fato de que não estamos sozinhos.

- Shh, apenas me abrace. Preciso tanto de você. - Ele envolve os braços fortes em volta de mim e me aperta com força; muita força. Sinto-o acenar com a cabeça, possivelmente pedindo para Marcelo se retirar.

- O que aconteceu? Você está tremendo. - Sua voz é contida. Eu levanto o meu rosto para ele e de repente não consigo evitar que lágrimas pulem de meus olhos. Esses sonhos me fazem tão mal, mesmo que eu não me lembre deles. Esses sonhos me trazem a mesma sensação que senti antes de saber da notícia da morte de meu pai. Aquela sensação de algo ruim. Iminente. O famoso pressentimento.

- Eu... eu tive um sonho... um pesadelo, muito ruim. - Eu pressiono meu rosto contra seu peito e aguardo a esperança de que, o seu cheiro, irá me tranquilizar.

- Eu não sabia que você tinha pesadelos. - Ele diz acariciando minhas costas suavemente.

- Eles não são frequentes, e nem são tão ruins quanto esse que tive hoje. O pior, é que eu nem sequer lembro do sonho...

- Ainda bem que você não se lembra. - Ele diz baixinho.

Agora, presa firme e protetoramente nos braços de Matthew, sinto o meu coração se acalmar, e assinto, concordando com as suas palavras.

Sinto seu celular vibrar entre nós e ele se afastar para atendê-lo com uma expressão culpada. Me pergunto internamente por que o seu celular está no modo vibratório e também por que sua expressão é de nervoso. Para não ficar encarando-o enquanto ele fala no celular, algo que aparentemente o deixa desconfortável, decido caminhar pela garagem e observar os seus carros, mas ele me detém, segurando o meu pulso. Confusa, observo ele responder a pessoa do outro lado de forma monossilábica com sim e não, até finalmente guardar o aparelho parecendo apreensivo.

- Quem era? - Pergunto, com meus olhos percorrendo cada uma de suas expressões. Matthew está estranho desde o momento que entrei nessa garagem.

- Samantha, não quero soar grosseiro, mas não é acha que está sendo invasiva? Isso é irritante pra caralho! - Ele diz, com o cenho franzido.

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