Sou Maisie

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》》Maisie
Acordo e sinto que minhas roupas estão secas, meu cabelo não está mais molhado e eu não estou naquela sala embaixo da mesa. Estou deitada em um sofá muito macio e essas almofadas tem um cheiro muito bom.

Abro os olhos devagar, a minha frente há uma mulher dormindo, provavelmente é a dona da casa.

Ai caramba o que eu fiz? Eu deveria esta la no hospital com a vovó. Sinto meus olhos começarem a arder, não quero chorar, para com isso agora Maisie lembra no que a psicóloga disse, respira fundo, "Respira fundo Maisie e você só precisa falar, não precisa ficar guardando isso apenas pra você, não é justo que você carregue essa âncora de sentimentos" a mulher esta dormindo mesmo e não vai se lembrar de nada do que eu disser então o que eu tenho a perder?

Me arrumo no sofá e a encaro, está chovendo muito la fora e a luz tímida que vem da cozinha ilumina levemente seu rosto, seu cabelo é aparentemente ruivo ou castanho claro. Essa é minha chance de desabafar sem ver o olhar de pena no rosto de ninguém, respiro fundo, conto até 10 e começo a falar:

--Oi... -é a segunda vez que tento por em prática o que a psicóloga falou e isso é estranho. --Sou Maisie Swan, tenho 12 anos.

Estralo meus dedos porque isso me acalma e contínuo:

--Perdi minha mãe em um acidente de carro quando tinha 2 anos, eu não me lembro dela, só a conheço por fotos... minha avó me acolheu quando ela se foi e se tornou minha mãe, mesmo ela falando que minha mãe me amava e que eu não devesse chama-la de mãe só de vovó.

"As vezes eu me esqueço de que minha mãe morreu antes mesmo de eu poder memorizar seu cheiro..."

Não consigo conter as lágrimas e começo a chorar

--Ou como gostava de tomar seu café e isso me deixa triste.

Começo a beliscar meu braço para que eu pare de chorar e continue falando.

--Eu não sei quem é meu pai, minha mãe nunca falou pra vovó e agora ela está morrendo e eu vou ficar sozinha, vou entrar no sistema e nunca vou ser adotada por ser muito velha.

O conselho da psicóloga mais uma vez me fez ir as lágrimas como se eu tivesse debaixo daquela mesa de novo.

Respiro fundo inúmeras vezes tentando voltar ao controle.

--Okay... -limpo as lágrimas aos soluços --Coninue Maisei você... você consegue -respiro fundo mais uma vez limpando meu nariz que estava escorrendo na manga da blusa.

--Eu gosto muito de... de Ballet -me esforço para conter os soluços- --Eu danço desde... desde os 3... ou 4 anos.

"A vovó precisava dar aula e tinha uma amiga que dava aula de Ballet no mesmo horário -que se ofereceu para me ocupar nesse meio tempo-, então eu era a mais nova da turma, enquanto as meninas tinham entre 5 ou 6 anos eu era a que ainda estava aprendendo a andar."

Sorrio com a lembrança da tia Sophia me ajudando a pintar minhas sapatilhas rosa de amarelo, eu gosto muito de amarelo desde criança e não queria usar sapatilhas na cor rosa. Me animo em continuar a falar.

--Eu também gosto de ir ao cinema e a vovó sempre me levava ao teatro, ela fez com que William Shakespeare virasse minha inspiração terrena, me tornou uma amante da música clássica e da literatura, ela sempre me incentivava a ler.

"Gosto de acordar cedo e assistir desenho enquanto tomo meu café da manhã, e meu Deus como eu amo desenhos! Confesso que declamo poesia aos seus ursinhos e canto no chuveiro."

"Eu tambem sou muito boa em desenhar e pintar, a vovó estava me ensinando a tocar violino antes de ficar doente, mas tivemos que parar com as aulas porque ela se sentia fraca."

Não vou chorar em lembrar da vovó em momentos assim, são momentos felizes, não posso estragar com as minhas lágrimas.

--A vovó era professora de história da arte e devo tudo o que aprendi e venero a ela, eu cresci apreciando o que a vovó lia pra mim todas as noites antes de dormir, nós fazíamos um teatrinhos todo mês e era sempre uma história nova, tínhamos tantos personagens e éramos só nós duas...

Sorrio amarelo torcendo meus dedos suspirando pesadamente.

--Eu não quero perder a vovó -Sinto novamente meus olhos se encherem d'água.

Não tenho vontade de chorar mais, eu quero continuar, apesar de estar sendo difícil não quero parar de falar.

Pucho a manga na blusa pra enxugar meu nariz e volto a falar:

--Eu acho que sou uma aluna exemplar, eu diria até que poderia ser representante da turma sabe... minhas notas são excelentes, sempre dei meu melhor pra vovó se orgulhar de mim.

"Eu também nunca fui boa em fazer amigos e acho que por isso a vovó sempre achava algo para fazermos juntas, ela sabia que eu preferia ficar em casa do que ir brincar com as outras crianças no parque"

"Ah sim, estava quase me esquecendo, na minha classe fui rotulada, quer dizer, eu sou um alvo de piadinhas, aparentemente levantar a mão pra responder a professora é algo engraçado."

Reviro os olhos em lembrar daquelas pessoas.

"Eu não me importo, mas as vezes fica meio constrangedor passar pelas pessoas enquanto você sabe que elas estão falando algo de mau gosto sobre você, sendo que não fez nada".

"Bom, enfim..."

Nessa hora o barulho do trovão domina toda a sala fazendo com que a moça que estava dormindo acordasse num pulo.

Ela massageia o pescoço acho que esqueceu que estou aqui. Tenho vontade de cair no choro e contar aquela mulher que nem me conhece e me trouxe para sua casa. Me encolho no sofá enquanto eu a encaro e então me lembro que ela tinha perguntado meu nome antes de cair no sono e então respondo:

--Sou Maisie

______

Obs: gente esse nome lê-se Meisi

(REVISÃO) Need? Need!Onde histórias criam vida. Descubra agora