Assimilar ou Eliminar

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Tudo está desmoronando. Mike foi preso, Maisie esta desaparecida, Donna não fala comigo. Maisie foi desaparecer justo quando entrei com um pedido de guarda, tentei contar isso a Donna, mas não consegui, ela ter desaparecido foi tudo culpa minha e Donna sabia disso.

Tenho que resolver o problema do Mike e conciliar nas buscar pelo desaparecimento da minha filha, como pude ser tão egoísta com ela?

A firma está uma loucura, Jéssica está subindo pelas paredes, não a culpo por isso. Tudo está um caos.

Sophia estava desesperada no Japão e até agora não tivemos nenhuma pista do desaparecimento, eu nem posso ir até la por conta de Mike, se viajar agora é capaz da Anita Gibs distorcer tudo e fazer parecer que estou fugindo, não preciso de mais um problema desses, no entanto ficar sem notícias está me matando.

Quando soube que ela sumiu Donna apareceu na minha casa, ela estava devastada e de início tentei compreender o que ela dizia, e depois que eu entendi me senti um lixo, o pior ser humano da face da terra.

Tudo aconteceu no mesmo dia, Mike e Maisie. Era um cabo de guerra de desgraça, de um lado eu tinha que focar em tirar o Mike da prisão e do outro tinha que saber se havia notícias sobre o paradeiro da minha filha.

E até agora nada, zero informação, me sinto impotente ainda mais com Donna longe de mim, não sei o que se passa. Ela me culpa pelo sumiço, mas como eu iria saber? Sei que sou sim culpado, mas Sophia também é. O fato é que agora não adianta ficar achando um culpado, admito que errei e estou disposto a fazer tudo o que for possível e impossível para trazer minha filha de volta.

Mais uma vez não consegui dormir, então sai cedo de casa para correr, parei ao escutar no telejornal de um café que a polícia tinha novas pistas do sumiço de alguém. Me aproximei para ouvir melhor e não era sobre a Maisie, era sobre uma garotinha que foi sequestrada no subúrbio de algum lugar, e o corpo foi encontrado em um lago.

Senti minha pressão baixando, engoli em seco tentando não pensar que a essa hora Maisie poderia estar morta em alguma vala.

Afasto esses pensamentos e continuo a correr até meus músculos não aguentarem mais, então vou para casa. Tomo um banho muito demorado, e saio ao ouvir meu celular tocando. Era a Rachel, recuso a chamada.

--Agora não Rachel.

Preciso conversar com Donna sobre isso. Sobre a Maisie, sobre Mike. Não to aguentando essa barra sozinho.

Descido ir até a casa dela, toco a campainha várias vezes e ela não me atende, quando estou quase desistindo ela abra a porta.

--O que faz aqui Harvey? -pergunta cruzando os braços se encontando no batente da porta.

--Donna, precisamos conversar.

--Ja estamos conversando.

--Posso entrar? -peço em tom de súplica.

--Não... -o jeito dela falar é tão distante.

--Donna, por favor.

--É melhor você ir.

--Não quero ir.

Nos encaramos por longos minutos, até parecer que foram décadas de silêncio. Donna tem que me ouvir hoje, ela tem que saber que ja tinha mudado de idéia, mas não sei como fazer isso.
Ela se afasta dando espaço para que eu entre e assim o faço, passo por ela que não me olha.

Conto a ela o que fiz, que entrei com o pedido, mas tinha sido tarde, naquela mesma tarde soube que Maisie tinha desaparecido e depois soube que Mike tinha sido preso. Contei que estou disposto a lutar por Maisie e que não iria desistir. Mas tudo parecia promessas vazias, em certo momento Donna se levantou e se dirigiu a janela.

--Naquela noite de sábado, um dia antes dela ir com a Sophia. - Sei exatamente do que ela está falando, aquela madrugada em que Donna praticamente implorou para que mudasse de ideia. --Por que não aceitou? -A voz dela era baixa e angustiante. Eu realmente sou um merda.

--Não sei. -digo sabendo que estou mentindo.

Sabia exatamente o motivo por não ter aceitado. Fui fraco.

--Mentira. -a convicção com que diz me faz engolir em seco. Ela se vira me fitando. --Fala a verdade Harvey.

--Eu tive medo. -disse sem nem ao menos pensar, e era a mais pura verdade.

--Medo?

--Medo de estragar tudo, de ser um merda, fui um covarde egoísta.

--Acha que eu também não tive medo? Eu senti medo desde o dia que a encontrei e ainda continuo sentindo -nesse momento ela começa a chorar, ver Donna chorando é a pior coisa e saber que sou o motivo me faz sentir ainda pior. --Estou tão preocupada Harvey... Não sei onde ela está, se esta bem ou até mesmo viva... isso está me matando, não aguento mais não ter nenhuma notícia. -Ela coloca as mãos na cintura tentando se controlar, essa é a pior tortura que alguém pode ter, ver alguém chorando e não poder dizer nada para ajudar.

Me aproximo e a abraço, tento dizer a ela que Maisie esta bem e que vai voltar em segurança, mas a medida que repito isso começo a ter dúvidas. Afago seus cabelos e a aperto forte.

Sinto meu celular vibrando no bolso e quando o pego Donna se afasta limpando seu rosto.

É Vanessa mandando a cópia do vídeo de segurança da casa no Japão. Esta escuro, mas da pra ver nitidamente Maisie saindo. Mostro o vídeo sem áudio a Donna.

--Pra onde ela está indo?

A câmera muda para a lateral, Maisie esta escalando a casa vizinha. Donna leva a mão na boca. E chega mais uma mensagem de Vanessa.

"Tudo indica que ela pegou uma "carona" no avião da família que foi viajar no mesmo dia"

"A Polícia ainda não identificou para onde o avião foi, mas tenho uma ideia de onde"

E logo depois mandou um endereço onde devia encontra-la para mais informações, disse a ela que iria imediatamente.

--Eu vou junto. -Disse Donna atrás de mim.

--Você tem que ficar aqui, alguém pode ligar. -ela tenta fazer com eu mude de ideia, mas não mudo. --Donna, eu vou te ligar assim que ouvir o que Vanessa tem a dizer.

--Tudo bem. -Ela aperta seus olhos cansada --Mas me de notícias.

--Eu prometo.


5 meses depois


Estou fugindo, corro o mais rápido que posso, ainda ouço o tiroteio atrás de mim. E quando o primeiro tiro atinge meu ombro direito a dor se espalha imediatamente, a adrenalina me força a continuar correndo e assim o faço. O segundo tiro passa de raspão na minha panturrilha esquerda me fazendo cair. Não consigo gritar, apesar da dor e o grito sufocar minha garganta, me arrasto me obrigando a ficar de pé indo em direção ao pequeno penhasco. Ele está perto, sei disso. Sinto a mão grande do homem segurar meu antebraço e me virar com o puxão que deu. O homem que é duas vezes maior do que eu, leva em seus olhos um sorriso diabólico e a dor e o medo transborda por meus olhos, e agora sinto o sangue dançando em minha pele suja, que escorre queimando cada parte.

--Por favor. -suplico tentando em vão me desvencilhar de seu aperto. --Por favor, não!

O homem nada diz e com um olhar mortal me empurra. Tento me agarrar a algo, mas não ha nada a ser agarrado. E então sinto a água me abraçar. Depois do que pareceu ser um século. Vi meu sangue subindo nas bolhas se misturando com luz do sol que brilhava através da água, e vendo isso logo pensei "caramba, como isso é lindo" e então tudo começou a ficar lento.

Eu aceito o que quer que aconteça, aceito minha sentença, não escolho o medo, aceito meu destino e se meu fim for assim, então esta tudo bem.

E com essa linda imagem que fecho meus olhos pela última vez.

(REVISÃO) Need? Need!Onde histórias criam vida. Descubra agora