Capítulo VI

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Romeo

Parei no sinal e fitei Aika que dormia serena no banco, levei meu tempo admirando seu rosto. Me lembro de pensar que ela fosse um anjo assim que a conheci, me encontrei cativado e com o passar do tempo me descobri cada vez mais apaixonado.

Dizer que a situação foi desconfortável é um eufemismo daqueles, Aika ainda brincava com bonecas quando comecei a reparar no belo contorno de seus lábios, tão rosados e bonitinhos, na forma como seus olhos eram de um raro marrom acobreado e seu sorriso... Seu sorriso mexia comigo de uma forma única.

Era completamente perturbador me encontrar desejando estar com ela, me sentia um pervertido por estar atraído por ela e tentei me afastar.

Foram anos a desejando em silêncio, tentando de todas as formas lutar contra o que eu sentia. Sempre pensando que passaria com o tempo, teria de passar, mas os meses viraram anos e embora eu estivesse fisicamente longe ainda me sentia tão louco por ela quanto antes.

Miguel se tornou meu confidente e conselheiro, posso dizer que ele me conhece melhor do que eu mesmo.

Suspirei ao me lembrar de nossa conversa hoje mais cedo, sei que ele está certo, eu tenho que abrir o jogo com Aika. Mas apenas o pensamento de que ela possa vir a me rejeitar aciona todos os meus alertas.

Apertei o volante ao ver a entrada do meu prédio, entrei no estacionamento e parei o carro. O visor mostrava que eram quase onze da noite, peguei Aika nos braços e caminhei até o elevador.

"Romeo?" Ela murmurou sonolenta, a acertei em meus braços para apertar o botão do meu andar. "Deveria ter me acordado." Murmurou tentando descer, mas não permiti.

Apertei meu domínio sobre seu corpo amando a forma como a sentia, percebendo que era uma causa perdida Aika simplesmente circulou meu pescoço com os braços e deitou a cabeça em meu ombro.

Respirei fundo deixando seu cheiro tomar conta dos meus sentidos. Simplesmente parece certo tê-la em meus braços como minha mulher. Eu sinto isso infiltrado em meus ossos, ela é minha! Senti a tensão tomar conta do meu corpo ainda irritado com a cena que presenciei.

Levei Aika até meu quarto e antes que ela alcançasse a cama estava dormindo novamente. Seja lá o que for que ela tenha bebido somado ao sexo a deixou totalmente apagada, abri as fivelas de suas sandálias olhando com assombro para elas. Me inclinei beijando os dois tornozelos e soltei os instrumentos de tortura no chão, embora ame olhar suas pernas quando está de salto não gosto de imaginá-la desconfortável. Olhei para meu belo anjo e não pude deixar de tirar o restante de sua roupa, tudo para ela dormir mais confortável...

Minha respiração acelerou e praguejei baixinho antes de a cobrir com um lençol. Abri minha camisa e me livrei dos sapatos, eu definitivamente preciso de um banho frio.

***

Me concentrei em cortar alguns legumes e logo os misturei ao cozido de porco, eu definitivamente odeio não ter o controle sobre o futuro. Uma relação com Aika vinha com uma grande parcela de insegurança, nas duas vezes que estivemos juntos pude perceber que ela é bem inexperiente e quando trouxer o assunto sobre as minhas preferências ela pode reagir de duas formas.

Pode me escutar e resolver tentar ou então pode me considerar um pervertido doente e me mandar para o inferno, definitivamente não estou pronto para a segunda opção.

O cheiro da carne já estava dominando o ambiente, desliguei o fogo e fui checar o arroz. Estava tomando uma taça de vinho quando senti os braços de Aika me envolvendo.

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