PROLOGO

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HÁ 18 ANOS ATRÁS...

— Mãe, deixa que eu coloco a mesa, a senhora precisa descansar.

— Não precisa filha.

— Claro que precisa, seus pés estão super inchados.

— Eu te ajudo, filha, só não posso demorar. Tenho que jantar e correr para o posto, hoje estou responsável pelo fechamento do caixa. — Responde meu pai, vindo da sala.

Minha mãe está grávida de sete meses. Sempre sonhei em ter uma irmã ou um irmão, nunca gostei de ser filha única mas, meus pais nunca quiseram ter outro filho. Diziam que as coisas não estavam fáceis, que a violência estava cada dia maior e não queriam colocar outro filho no mundo, que já se preocupavam demais comigo.

Até que, na troca do anticoncepcional, minha mãe engravidou e eu vou ter uma irmãzinha.

Meu pai é sócio, junto com um amigo, de um posto de gasolina. Nesses últimos dias, ele tem trabalhado dobrado, para quando a Catarina nascer, ele poder ficar mais tempo em casa.

— Filha, seu aniversário de quinze anos está chegando, já resolveu como vai querer a sua festa? — Papai pergunta enquanto me ajuda a colocar a mesa do jantar.

— Pai, eu já disse que não quero festa. Não ligo para essas coisas. Além do mais, os gastos agora vão aumentar, o senhor precisa economizar.

— Já disse que não precisa se preocupar com isso. Você é nossa filha amada e queremos que tenha tudo que tem direito, inclusive uma festa digna da princesa que você é. — Termina de falar e pisca para mim.

— A vida não é só feita de estudos, você está nova e precisa se divertir também. — Complementa.

— O senhor sabe que passar para uma faculdade pública, ainda mais no curso de medicina que é meu maior sonho, é muito difícil. Eu preciso estar preparada.

— Eu sei filha. E sei também que você vai conseguir, sempre foi tão determinada. Mas, quero que curta todas as fases da sua vida, para no futuro não se arrepender, não quero que pule etapas. Vai ter uma festa linda, sim, está decidido. Além do mais, sonho com o dia que vamos dançar valsa.

Balanço a cabeça sorrindo. Quando meu pai colocava uma coisa na cabeça, era quase impossível fazê-lo mudar de idéia.

Ele sempre reclamou quando eu trocava as bonecas por um livro. Não que ele não gostasse, não é isso. Pelo contrário, ele sempre teve muito orgulho de mim, da aluna exemplar que sou desde criança. Mas, também queria que, na época, eu brincasse e aproveitasse a infância. Dizia que eu tinha tempo para fazer as duas coisas. Só que não tinha jeito, eu sempre preferi os livros.

Meu grande sonho sempre foi ser médica, pediatra para ser mais específica. Mas não qualquer pediatra, quero ser a melhor. E sei que tenho que estudar muito para alcançar o meu objetivo.

— Amor você vai voltar muito tarde? — Pergunta minha mãe, quando sentamos para jantar.

— Um pouco. Além de fechar o caixa, tenho que deixar os pagamentos de amanhã separados. Pode deitar depois do jantar, não precisa me esperar.

Conversamos sobre a festa, a decoração do quarto do bebê e planejamos sair final de semana para comprar alguns ítens que ainda faltavam. Mamãe não queria deixar tudo para cima da hora.

Depois do jantar meu pai se despediu e foi para o posto. Mamãe e eu continuamos na mesa, comendo a sobremesa. Papai não quis esperar, disse que já estava atrasado.

Poucos minutos após a saída dele, ouvimos uma gritaria na rua, seguida de barulho de tiros. Mamãe pediu para que não fosse na porta ver o que era mas, eu já estava correndo em direção a ela com o coração disparado. Sabe quando pressentimos que algo de muito ruim aconteceu? Eu estava com aquela sensação.

Abri a porta de devagar vendo o que estava acontecendo e a primeira coisa que vi foi o carro de papai com a porta aberta. Mas, não o vi. Olhei para os dois lados da rua tentando identificar de onde vieram os tiros, só que a rua estava vazia, com exceção de dois vizinhos que saíam no portão, na certa procurando saber o que aconteceu, assim como eu.

Fui em direção ao carro do meu pai para ver se estava tudo bem com ele mas, ao me aproximar da porta do motorista, a cena que vi fez meu mundo párar. Ele estava caído no chão e tinha uma enorme poça de sangue em volta. Minha mãe estava logo atrás de mim e, quando viu o estado do meu pai, um grito angustiado saiu da sua garganta. Nos aproximamos do seu corpo estirado no chão, cheio de sangue, e fui tocar nele, com medo do pior ter acontecido. Ao longe, escutava mamãe gritando por socorro e pedindo que chamassem uma ambulância.

— Papai fala comigo, por favor. Papai você não pode nos deixar. Papai, por favor, abre o olho, fala comigo, eu te imploro. — Gritava desesperada, agarrada ao seu corpo inerte.

Com muita dificuldade, ele abriu os olhos e tentou falar algo mas, não conseguia.

— Meu amor, não fala nada, não faz esforço nenhum, o socorro já está chegando. — Mamãe pedia desesperada, enquanto passa a mão em seu rosto.

Sabia que eu precisava dar força para a minha mãe, ainda mais no estado que ela estava mas, não conseguia desviar os olhos do meu pai, com medo dele morrer e eu não ver. Achava que se ficasse olhando para ele, prendendo seu olhar no meu, nada aconteceria.

Com muito esforço, sem emitir son nenhum, meu pai balbuciou sua úlimas palavras, olhando para nós duas: — Eu amo vocês.

Antes que ele fechasse os olhos para nunca mais abrir, uma lágrima escapou deles.

Ali, naquele momento, agarrada ao corpo sem vida do meu pai, eu fiz a ele uma promessa: Eu prenderia o seu assassino, aquele que acabou com a minha vida e da minha família.


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Mais um livro, mais um filho sendo criado com Muito Amor!! E fico feliz de dividir ele com vocês!

Quem leu Destinos Opostos, sabe que gosto de colocar cenas Hot's no livro, então o wattpad pode bloquear a história. Para não correr de ficar sem acompanhar, é só me seguir aqui!!

As postagens começaram no dia 23/06/2017.

Ansiosa pelos comentários de vocês!! Espero muito que gostem!!

Acima da Lei - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora