Capítulo 3

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Cheguei na delegacia as quatro e meia da manhã. Praticamente não dormi. Mal fechei os olhos e já estava na hora de acordar. Mas, é por uma boa causa. Na verdade, uma ótima causa.

— Bom dia.

— Bom dia, doutora Helena. — Responde a estagiária de plantão.

— O Caio, o Bastos e o Fernandes já chegaram?

— O Bastos e o Fernandes, sim.

— Pede para eles irem na minha sala, por favor?

— Claro. — Responde lá indo chama-los.

— Obrigado.

Dou uma olhada em volta e vejo um inspetor na mesa dele fazendo atendimento, fora isso, a delegacia está vazia.

Chego na minha sala, coloco a bolsa em cima da mesa e vou conferir se o mandado de prisão está no envelope. Sempre bom conferir antes de sair. Coloco-o dentro da bolsa, pego o coldre com a minha arma e coloco na cintura. Faço uma oração pedindo a Deus proteção e, quando estou terminando, ouço dois toques na porta.

Os três policiais entram e repassamos todo o plano.

Eles iriam me acompanhar mas, teriamos reforço. Ao todo seriam nove policiais, divididos em três carros.

Quando saímos para pegar as viaturas, encontramos os outros seis policiais nos esperando.

— Isso aqui hoje tá animado, do jeito que eu gosto. — Falo para eles.

— A senhora sabe que na hora que os repórteres descobrirem, eles viram para cá. Isso aqui vai ficar lotado de gente querendo informação. — Caio fala.

Faço uma careta: — Essa parte eu dispensaria.

Não gosto de ficar aparecendo na mídia, não gosto de exposição. Só que é o meu trabalho e, as vezes, é necessário.

Dou instruções para os demais policiais de como agir e aonde se posicionar quando chegarmos em frente ao prédio do Junqueira, entramos em nossos respectivos carros e vamos em direção ao Leblon.

As seis horas da manhã, estacionamos em frente ao prédio.

— Pode deixar que eu faço questão de ir falar com o porteiro. Fiquem nas suas posições, ele não pode fugir. E não atirem. Tem muita gente indo trabalhar esse horário, não quero nenhum inocente ferido.

Como não é uma operação na favela, ninguém está com arma em punho mas, estamos alertas. Sabemos que ele pode querer aprontar alguma gracinha ou mandar alguém fazer.

Chego em frente ao portão e o porteiro já está ali, olhando assustado para os carros da polícia.

— Bom dia, Senhor. Sou a doutora Helena, delegada de polícia, quero ir na cobertura. Tenho um mandado de prisão para o Junqueira.

— Desculpa senhora, vou ter que interfonar. Mas a senhora pode esperar aqui dentro. — abre o portão e posso perceber que está tremendo, de tanto medo que está sentindo.

Ele interfona e quem atende é a empregada, que depois de alguns minutos libera a nossa subida. Certamente deve ter ido acordar o patrão primeiro para pedir autorização.

Entramos com o carro na garagem no prédio e estacionamos perto do elevador. Subo com o Caio, o Fernandes e o Bastos. Deixo dois policiais na portaria, dois na frente do prédio e dois em volta do mesmo.

Ao chegarmos na cobertura, a empregada já está nos esperando na porta.

— Bom dia.

— Bom dia. Vocês podem entrar, o senhor Junqueira já está vindo. — Fala com os olhos tão arregalados que parecem que vão saltar.

Acima da Lei - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora