Capítulo 5

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Acordo com uma enorme dor de cabeça. Levanto, pego na bolsa um comprimido e tomo com a água que sempre deixo no criado mudo, ao lado da cama.

Ontem o dia foi tão cansativo, que cheguei em casa e apaguei, nem vi a Cath. Decido ir até o quarto dela, por sorte ainda não foi para o cursinho e podemos tomar café juntas.

Saindo do meu quarto, sinto cheiro de café vindo da cozinha e vou para lá, imaginando ser a Cath. Mas, quando chego vejo que é a Cida, nossa ajudante que vem três dias na semana.

— Bom dia, Cida. — Falo sentando em frente a mesa repleta de coisas gostosas.

— Bom dia, minha menina. Fiz um cafe fresquinho, já vou te servir.

— Obrigada mas, acordei com dor de cabeça. Prefiro um suco, senão for te atrapalhar.

— Que trapalhar nada, já faço. Ah, vi sua entrevista ontem. Fico tão preocupada com você no meio desses bandidos.

Ontem depois que intorreguei o Junqueira, dei uma entrevista para os jornalistas que estavam na porta da delegacia. Eles estavam alvoroçados atrás de informações. O que era de se esperar, tendo em vista que o Presidente da Câmara de vereadores tinha sido preso sofre fortes acusações.

— E a Catarina, já saiu? — Pergunto mudando de assunto. Cida é como uma mãe para nós duas, trabalha comigo desde que me mudei para o Rio, tenho um cariho enorme por ela mas, assim como a Dona Lourdes, acha que eu tinha que escolher uma profissão menos perigosa.

— Saiu cedo. Deixou um bilhete para você lá na sala.

Termino de tomar meu café e vou para a sala, procurar o bilhete da minha irmã.

Encontro-o na mesinha ao lado telefone.

Irmã, cheguei e você já estava dormindo. Assisti sua entrevista ontem. Fico muito orgulhosa de você. Absiosa para o nosso final de semana, vamos comemorar junto com a mamãe.

Te amo, Catarina.

Sorrio olhando o papel.

Hoje só vou para a delegacia na parte da tarde, então decido voltar a dormir mais um pouquinho. Os últimos dias têm sido muito corrido e o cansaço está começando a cobrar seu preço.

Chego na delegacia e precebo uma movimentação de jornalistas por ali. Na certa estão esperando a transferência do Junqueira, que aconteceria no final da tarde.

Mal desço do carro e eles já vêm em minha direção.

— Doutora, o Junqueira confessou os crimes? — Pergunta um deles.

— Ele vai mesmo ser transferido para o presídio hoje? — Pergunta o que está mais atrás.

— Tudo que eu sabia já disse na coletiva, ontem. Se surgirem novas informações, vocês ficaram sabendo. Boa tarde. — Digo enquanto vou entrando na delegacia.

— Boa tarde. — Comprimento todos.

— Boa tarde, doutora. — Respondem juntos.

— Doutora Helena. Doutora Helena. — Caio chama atrás de mim. Noto pela sua voz que está ansioso. Nervoso, talvez. Isso não é um bom sinal.

Me viro e falo: — Aconteceu alguma coisa, inspetor Caio?

— O doutor Alencar, advogado do Junqueira, está aqui. — Vejo ele passar as mãos pelo cabelo e abaixar a cabeça, como se tivesse com vergonha. Então, ele completa: — Ele estava bem nervoso porque a senhora não viria na parte da manhã. Para não causar nenhuma confusão, ainda mais que têm jornalistas de prontidão lá fora, deixe que esperasse na sua sala.

Acima da Lei - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora