Capítulo 4

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Eduardo

Hoje o dia foi exaustivo.

As pessoas acham que vida de advogado é moleza mas, não é. Nós não chegamos, defendemos o cliente e pronto. Acabou. Nós temos que pesquisar sobre o caso, a que defesa que pode ser apresentada, os argumentos. Por que a pessoa está pagando pelo seu serviço e ela quer que a causa seja favorável a ela, óbvio.

Ou seja, você é o melhor senão perder a causa dela.

E não é querendo me gabar mas, apesar de ser novo na profissão e na idade, sou considerado um dos melhores na minha área, nunca perdi uma causa.

Desde criança sempre tive o sonho de "defender" as pessoas. Nunca teve nenhuma outra faculdade que eu quisesse crusar que não fosse a de direito. A profissão sempre me encantou.

Não é porque uma pessoa é presa que ela é culpada de determinado crime. Todos têm direito de defesa. E é aí que eu entro. O destemido e solicitado: Dr Eduardo Alencar.

Já ouvi pessoas questionarem o porque de um advogado com vinte e sete anos ser tão disputado. E a resposta é simples: Eu faço o meu trabalho com dedicação e empenho.

Saio dos meus pensamentos quando ouço meu telefone tocar.

— Fala Ricardo. — Ricardo é meu irmão mais velho. Quando me formei, tinha vinte e três anos. Ele tinha trinta e já era dono de um conceituado escritório de advocacia. Eu comecei a trabalhar com ele e posso dizer que, grande parte do que sou e sei, devo a ele.

Há dois anos ele passou na prova da magistratura e se mudou para o interior do Rio de Janeiro, deixando o escritório para mim. Sempre serei eternamente grato a ele.

— Irmão, como estão as coisas?

— Cansativas. Estou em São Paulo, tive uma audiência aqui, hoje.

— Tudo sob controle? — Pergunta.

— Sim. Apareceram provas novas de última hora. Consegui contornar mas, você sabe como fico estressado quando o cliente mente. Como vou defender alguém que não confia em mim e esconde fatos importantes? — Falo exasperado.

— Esse tipo de coisa ainda vai acontecer muito. E você sabe que na sua profissão não tem só vitórias. Apesar de ser bom no que faz, uma hora pode perder uma causa. É normal. Acontece. — Diz cauteloso.

De nós dois, o Ricardo sempre foi mais centrado, o que tinha mais juízo e os melhores conselhos.

— Não gosto de pensar nisso. Sou Eduardo Alencar, imbátivel, aquele que não perde. Quero continuar assim sempre.

— Tá bom. Vamos mudar de assunto. O que acha de irmos para Arraial do cabo no final de semana?

— O que vai ter lá? Alguma comemoração específica? — Pergunto, já me animando. O lugar é o verdadeiro Caribe brasileiro.

— Fiquei sabendo de uma pousada que está atraindo muitos turistas, devido a sua programação e seu ótimo atendimento. Estou precisando de uns dias de descanso, relaxar um pouco, e não conheço lugar melhor para isso do que naquele paraíso. E aí, topa? — Pergunta animado.

— Claro que eu topo.

— Combinado então. Sexta, no final da tarde, eu passo aí para buscar vocês.

— Quem seria: vocês? — Pergunto curioso.

— Você e a piralha. Saudade de passar um final de semana entre irmãos. — Suzana tinha dezessete anos e fica furiosa porque ainda tratamos ela como se fosse criança. Mas, para nós dois e nossos pai, ainda é mesmo. Por isso implicamos com ela, chamando-a carinhosamente de piralha.

Acima da Lei - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora