Spencer R. Fletcher
Não existia alguém que eu poderia confiar, nunca conheci alguém a quem poderia recorrer quando estivesse exausta, não cresci em uma religião, mas os confessionários vazios de igrejas eram lugares confortantes para uma mente pesada e barulhenta como a minha, torcia todas às vezes para que não houvesse ninguém do outro lado, queria apenas deixar que as palavras saíssem em voz alta e que algum deus pudesse as tomar para si, assim tirando as das minhas costas e me deixando seguir a vida que era forçada a viver.
Respirei fundo e fechei meus olhos enquanto encarava o teto de madeira, um véu preto sob o meu rosto que só deixava meus lábios em vermelho visíveis, caia como um escudo para mim, me sentia protegida como se estivesse usando uma maldita mascara.
— Perdoe-me padre, eu pequei. — Suspirei, apertando a barra do meu vestido longo. — Todos os dias eu acordo certa de que a vida que levo não é minha, mas quanto mais estou dentro dela, mais me sinto pertencente. Eu tenho medo, medo de um dia acordar e ver que meu pai estava certo, que tudo o que sei fazer, é ferir as pessoas e lhe trazer poder. Eu — Abaixei minha cabeça e fechei meus olhos. — Eu procuro uma maneira de me punir todas as noites por todas as almas que perturbei, mas, talvez o meu castigo divino é esse, continuar sendo quem sou.
Antes que pudesse continuar, ouvi o confessionário ao meu lado ser aberto.
— Eu esperei você lá fora por uma hora, consegui pensar em diversas coisas que poderia estar fazendo aqui dentro, nenhuma delas era se confessando.
Engoli em seco e respirei fundo.
— Pensei que eu fosse te procurar, e não ao contrário, Bieber.
— Achou que ia fazer um acordo comigo e que eu não iria te seguir para ver se não estava tramando contra mim? — Revirei os olhos. — Eu sou filho da puta, não burro.
Dei de ombros e coloquei minhas luvas de volta.
— Eu fui sincera. — Encarei os pequenos buracos esperando ver mais do loiro. — Eu não menti para você, não seria preciso. Se quisesse acabar com você era só conseguir uma confissão sobre o que realmente pretende com o plano de acabar com John e entregar a Peter. Você não é burro e eu não sou iniciante.
Riu, me fazendo abrir um sorriso de lado pensando em tudo que rondava sua mente.
— Eu gosto da sua personalidade. — Confessou.
— Pensei que odiasse meu ar de superioridade. — Repeti o que me disse uma vez.
— Estamos em um confessionário, Fletcher. Não minto na presença de deus. — Assenti rindo baixo. — Mas eu odeio, quando me sinto subestimado por ela.
— Eu não subestimo você.
— Seus olhos sim. — Murmurou. — Sinto como se eles pudessem ver por dentro de minha alma, como se você soubesse dos meus segredos mais sujos e pudesse ler meus pensamentos mais obscuros. Eu gosto, mas fico pensando por tudo que me julgaria.
— Eu não julgo. — Murmurei de volta. — Entendo seus pensamentos, seus sentimentos e seus segredos, e te perdoo meu filho.
Disse o final como se fosse a porra de um deus, recebendo uma gargalhada gostosa como resposta.
— Qual a minha punição? — Perguntou.
Por um momento minha mente divagou até a primeira vez em que Bieber esteve na mansão, conseguia me lembrar perfeitamente como se fosse ontem, todos os anos de serviços sujos para meu pai e todos os segredos que compartilhavam. Antes da história com John ser assunto principal, Bieber precisava ser respeitado, ele precisava de poder, então decidiu trabalhar como agente duplo, servindo aos South, mas fazendo trabalhos pesados para os North's, recebendo armas, dinheiro e aliados como recompensa, com seu nome crescendo nas ruas de Minnesota tanto quanto o de John, ele poderia criar uma Máfia do zero quando quisesse, tinha pessoas, poder, dinheiro e até armas para isso, mas ele queria mais, ele não poderia ficar somente com o segundo ou terceiro lugar, ele precisava preencher todos os pódios, ser o único.
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Criminal Soul
Fanfiction"Sua história é a sua armadura" "Esta é quem realmente você é, é a sua melhor versão" Eu costumava olhar no espelho todos os dias e repetir as frases magicas para camuflar o quão fraca fui em não ter resistido. Uma garota ingênua, de cidade pequena...