01.10 dear God

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Minha punição foi pior do que havia pensado, o pau duro no confessionário só não seria pior do que a fúria divina que cairia sob mim assim que meus pensamentos passassem no juízo final.

Foram dias sem falar com Spencer, precisávamos conversar sobre nosso plano, mas nada além da confissão passava em minha mente, lembrava do dia exato da nossa primeira interação, não por ser algo marcante e sim porque aquela garota me deixou com a pulga atrás da orelha. Depois daquele dia, John me contou tudo sobre o que sabia de Spencer, um dos meus trabalhos era ficar de olho na garota, estávamos em guerra com Peter e poderíamos usá-la a qualquer momento, isto claro se eu não tivesse outra carta na manga, logo North e South voltaram para seus trabalhos e levantaram a "bandeira de paz".

Spencer se tornou uma mulher incrivelmente atraente, de longe era a mais linda que conheci em toda a minha vida, seus olhos me quebravam todas às vezes que me encaravam - jamais confessaria esta parte a ela -, seu corpo praticamente implorava por um toque, seus lábios estavam sempre pintados de vermelho o que a tornava ainda mais atraente, e sequer preciso falar o quanto sua personalidade me atrai e agora eu sabia que não se tratava apenas de perversão minha. Normalmente, preferia mulheres que me colocavam num pedestal, mulheres que davam suas vidas para ter uma noite comigo, que eram submissas antes e durante, mas com Spencer era diferente, tinha curiosidade em saber até onde ela sabia tocar, o que sabia fazer e se todo seu poder era presente na cama, o desconhecido é excitante.

Adentrei minha casa e me joguei no sofá sem ligar o interruptor, gostava de estar no escuro e eu só precisava dormir. Comecei a retirar meus sapatos até ouvir uma arma ser engatilhada a minha frente, antes que pudesse levantar do sofá e tirar a pistola do cós da minha calça, senti o cano gelado em minha testa, me fazendo travar o maxilar e forçar a visão para enxergar quem estava querendo me assustar.

Um passo foi ouvido e não era da pessoa que estava a minha frente, entregando que havia mais de uma no local. O abajur da sala foi ligado e encarei o homem a minha frente antes de olhar para o lado direito do sofá, onde alguém havia acabado de sentar.

— Mas que porra é essa? — Perguntei ao ver quem era.

— Assustado, Bieber? — John perguntou me fazendo arquear a sobrancelha e relaxar meus músculos que estavam tencionados, ele não faria nada.

— Agora não. — Dei de ombros.

— Erro comum que meus inimigos costumam cometer.

— Eu não sou seu inimigo. — Revirei meus olhos e um envelope foi jogado em meu colo.

Abri o papel amarelo, retirando do mesmo algumas fotos da porta da igreja, haviam fotos minhas num carro e entrando no local, logo depois Spencer deixando o mesmo e eu logo atrás, isto não queria dizer nada, mas eu sabia que ele interpretaria de sua maneira, da maneia doente devido a um sonho, a porra de um sonho cigano onde alguém estava o traindo.

E ele estava certo, mas eu só assumiria quando ele tivesse a certeza e eu chances de lutar.

— Não sabia que orava, Justin. O que foi que pediu a deus esta manhã?

— Que nenhum desgraçado me apontasse uma arma e como podemos ver, ou ele não ouviu, ou não existe.

John não gostava do meu ceticismo, para um homem que nem pagando entraria no céu, ele acreditava em seu deus, orava todas as manhãs e a noite, participava de cultos e doava dinheiro para igrejas mesmo sabendo que no final da noite toda a grana estaria no bolso do padre pagando para comer qualquer puta ou uma menor de idade.

— Duas chances, ou nosso amigo aqui vai atirar em você e pintar de vermelho o seu sofá preto de couro legitimo. — Soltei uma risada baixa. — Esta me testando?

— John, eu vou dizer por uma última vez e espero que não me faça repetir. Se desconfia de mim, me mate, e procure outro idiota fodido para fazer a porra do seu serviço sujo. — Me exaltei como se tivesse razão.

— Não me enrole, Bieber. — Mandou.

— Ultimamente não estou enrolando nem baseado porque estou atolado de trabalho. — Murmurei me levantando e empurrando o homem a minha frente. — Estava na igreja a trabalho, você não pediu para que eu ficasse de olho em Spencer? É o que estou fazendo. Em minha viagem para Londres encontrei com a mesma fazendo um trabalho e sei que estão armando contra você, ela está me vigiando. Acha mesmo que se eu fosse me encontrar com alguém por suas costas seria em um lugar publico? Não fode. — Abri a garrafa de vidro e despejei Whisky em meu copo. — E eu sei quem está trabalhando para trair você.

Bebi o líquido em um longo gole e encarei o homem armado, com um sorriso. Dimitri, um dos homens de confiança de John, diria que seu segundo melhor soldado, mas ele, sim, se jogaria em frente a uma bala por John. Esta com o homem desde criança, é como uma herança no mundo do crime, toda a sua família trabalhou de forma suja para os Enomou's e seu pai morreu para que o pai de John pudesse viver, isto que é lealdade.

Mas Dimitri era uma ameaça para mim, ele fazia basicamente tudo que eu conseguia fazer, exceto se livrar dos problemas e limpar a barra de John, por isso eu era tão útil.

— Dimitri, quer contar ao seu chefe onde esteve sexta-feira? — Ele não mentiria, estava no jogo de Pôquer com alguns mafiosos em um clube, nenhum problema e nenhum inimigo de John.

Mas digamos que alguém foi capaz de juntar alguns de seus inimigos no local apenas para conseguir fotos e inventar informações a seu favor.

— Jogando Pôquer no Burn Clube. — Assenti, abrindo a gaveta do móvel em minha sala e retirando uma pasta de lá, jogando no colo de John assim como havia feito comigo. — Sabe o que é mais interessante, Dimitri? Que você estava justamente na sexta temática, e sabe qual era o tema, John? — O homem passava os olhos por todas as fotos, podia ver a veia de seu pescoço saltar, estava conseguindo o que queria. — O tema era: todos contra o John.

Dimitri foi rápido o suficiente para se explicar, ele estava visivelmente preocupado, e aquilo era um prato cheio para John que já estava desconfiado e que confiava em sua religião e seus sonhos mais do que em qualquer outra pessoa. Eu tinha certeza que Dimitri estava me seguindo, sabia que ele estava de olho em meus passos, ele era o único dos de John que não me temia e que faria qualquer coisa que o homem pedisse sem falar com ninguém, ele não tinha amigos e muito menos família, o trabalho era tudo que ele tinha, e era gratificante ver seu desespero para não perder tudo, inclusive a vida.

Estava sendo um filho da puta, colocando a vida de um homem em risco para sair ileso, mas precisava pensar em mim acima de qualquer outra pessoa, isto era ser chefe, isto era espirito de liderança.

John não disse uma palavra ou esperou que o homem terminasse, apenas levantou do sofá com sua arma em mãos e disparou um tiro no meio da testa de Dimitri, pintando minha parede com o sangue do mesmo antes que meu chão fosse o próximo alvo assim que o corpo caiu estirado.

Fui impedido de dizer algo quando John apertou no gatilho diversas vezes até acabar com as balas, terminando de marcar o cadáver, eu podia ver sua raiva se esvair.  

— Livre-se do corpo. — Mandou antes de deixar minha casa.  

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⏰ Última atualização: Jul 05, 2023 ⏰

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