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23 de Julho de 2014 às 03h42. Montparnasse, Paris, França.
A qualquer um que observasse à distância, aquele parecia um casal voltando de algum bar onde estenderam a noite depois de algum jantar. As suas mãos estavam dadas, mostrando uma cumplicidade recente, mas encantadora.
Ao menos era isso que um observador despreparado veria.
Um observador mais atento, notaria que havia um volume estranho perceptível quando o vento grudava as saias da garota às suas coxas, uma faca não muito grande, mas que nas mãos de uma assassina tão capaz, seria capaz de um verdadeiro estrago.
O homem parecia calmo enquanto descia as ruas do bairro calmo de mãos dadas com a mulher jovem, mas o observador nato poderia ver que seu maxilar estava tenso e que seus dedos sempre vinham ao interior da jaqueta, ao menor som identificado ao redor deles.
Enquanto o calçamento das ruas fazia um frequente barulho, sob seus passos, as duas mentes criminosas pensavam na melhor forma de escaparem da mira da Interpol, porém, era bem mais complicado do que qualquer plano comum.
Bloody não era buscada por apenas um grupo criminoso, vários cárteis, grupos, famílias e até mesmo as polícias de todos os países estavam à sua procura. Não havia ninguém em quem confiar. Todos naquele momento eram seus inimigos.
Menos o homem que segurava a sua mão.
Ele já a abandonara uma vez, no momento em que mais precisava dele. Não se surpreenderia se ele a deixasse naquele momento, porém, contra todas as possibilidades, lá estava Ethan, segurando a sua mão com cuidado, mas com uma pressão que a fazia ter certeza de que não a soltaria.
E Bloody não sabia até que ponto isso era bom ou não.
Não precisava de Ethan para se defender. Tinha pelo menos três facas escondidas pelo corpo e poderia usá-las da forma mais letal possível. Não estava sendo mortalmente caçada pela Interpol se não fosse talentosa e capaz. Mas havia algo na forma como a mão de Ethan segurava a dela que lhe dava segurança.
Algo que não sentia há anos. E que não deveria sentir.
No meio em que eles trabalhavam, segurança era efêmera. Não se podia confiar em ninguém. E aquele momento que enfrentavam provava isso da maneira mais óbvia possível.
Enquanto passavam por um cruzamento, o telefone público começou a tocar. Era um toque discreto, diferente dos toques comuns em telefones públicos como aquele. Algo que parecia indicar que aquela não era uma chamada comum.
Sem pensar duas vezes, Bloody soltou os seus dedos do enlace de Ethan e caminhou apressada para o telefone. Antes que ela pudesse alcança-lo, Ethan a segurou pelo braço, puxando-a com força de volta.
Aquilo poderia ser uma armadilha. Uma bomba plantada que estouraria no primeiro "alô" ou ainda uma armadilha dos policiais, tentando captá-los através de uma das várias câmeras espalhadas pelo bairro.
- Eu vou atender.
- Isso é uma emboscada, Mia, fique longe desse telefone. – disse ele puxando o seu braço mais uma vez, sem pensar se estava a deixando brava ou não. Ethan tinha apenas um objetivo: manter Mia a salvo, e é isso o que faria, independente se a deixasse brava ou não.
Vivera sem ela por muito tempo, por sua escolha. Pela sua péssima e errônea escolha, mas não viveria sem ela pela escolha de mais ninguém, nem mesmo ele mesmo.
Antes que pudesse aplicar pressão novamente , suas costas estavam pressionadas contra o vidro da cabine telefônica e a faca que Bloody até então levava pressionada contra a sua coxa, estava tocando a garganta de Ethan de modo suave, mas incisivo o bastante para que ele sentisse o corte da lâmina perto o bastante de sua pele. Engolir em seco já fazia com que o cheiro de sangue se insinuasse levemente entre os dois.
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Versus
Storie d'amoreDurante muito tempo Mia Petrovich chorou a morte de seu noivo Ethan Wyatt. Porém, seguindo o credo de que chorar não resolvia nada, Mia pintou os cabelos, aprendeu a atirar e assumiu a persona de Bloody, a melhor assassina dos Estados Unidos, sem...