Capítulo 67

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- Gostei do carro, o que acha Pari? – Niall mostrava a ela.
- Muito bonito e realmente está novo.
- Vou ver no banco sobre um empréstimo; eu lhe dou uma entrada e financio o resto. – falou com Lauren.
- Não precisa financiar Niall. Dê a entrada e o resto a gente negocia no seu salário.
- Está falando sério?
- Você é bom funcionário, não tem por que eu não ajudar.
- Então como garantia ele fica no nome de Camila até eu pagá-lo totalmente.
- Tudo bem. – sorriu.
- Negócio fechado. – apertaram as mãos.

Lauren sorriu e ficou feliz ao ver o rapaz entusiasmado. De volta em sua sala, Lauren falou.

- Bom, aqui está a chave e o manual dele. Esta é a apólice do seguro que ainda vai vencer, veja se faz seguro dele hein. – entregou tudo ao rapaz.
- Com certeza! Um carro desses sem seguro chega a ser ultrajante. – brincou. Já ia saindo quando Selena entrou na sala informando que Camila estava no telefone.
- Oi meu anjo.
- Amor, pode passar no mercado e trazer leite? Sua mãe pediu, mas ela quer o desnatado.
- Tudo bem. Eu ia ligar, queria saber se você não quer vir me buscar.
- Vendeu o carro?
- Vendi.
- Que rápido! Achei que ele ia pensar ainda.
- Niall está precisando de um carro e aquele estava novo.
- Então eu te pego aí.

Quando Camila chegou Lauren estava quase saindo, dava algumas coordenadas a Parisa antes de ir.

- Sabe se Niall marcou alguma coisa no fórum desse caso aqui? – apontou para uma pasta verde.
- Já, ele foi lá ontem. Agora me diga uma coisa, eu li sobre um processo de uma família do Mato Grosso, aquilo vai dar uma indenização e tanto. Quando vai ser?

Camila bateu na porta e a abriu com cuidado, mas Sofia irrompeu escritório adentro.

- Sofia, espera! – chamou a atenção da menina. - Oi, boa tarde. Atrapalhamos?
- Não querida, entre. – Lauren fez sinal e se levantou indo ao encontro das duas. – Já estou saindo. Ei menina! – pegou-a no colo – Este caso é o seguinte... – sentou no sofá junto com Sofia. – O motorista tem dezenove anos, é filho de um empresário muito rico em São Paulo, dono de uma empresa de turismo conhecida no país inteiro. O rapaz estava dirigindo em alta velocidade e possivelmente embriagado quando perdeu o controle do veículo e bateu em duas árvores e um poste. Uma garota se machucou, perdendo o movimento do braço esquerdo e outro garoto morreu na hora.
- Hum. – Parisa fez uma cara de desolação. - Não tem nenhum exame?

Lauren fez que não com a cabeça.

- E também não quis fazer teste de bafômetro no local. É direito dele, mas depois ficou alegando que não havia ingerido álcool.
- É o caso que me contou? – Camila perguntou.
- Sim. Achei incrível o médico legista não ter pedido algum exame toxicológico do rapaz logo depois do acidente.
- Suspeito não?
- Muito. Eu acho que esse médico foi comprado. De qualquer forma o outro médico que fez a necropsia do outro rapaz questiona no laudo dele a falta de qualquer exame do motorista.
- E o que aconteceu com o motorista?
- Foi preso em flagrante, mas agora está em liberdade, o pai pagou fiança. Porém vai responder processo por homicídio culposo, direção perigosa e talvez por dirigir embriagado. Isso se eu provar que ele ingeriu álcool antes de dirigir. Isso é o que vai acontecer com ele sem que ninguém faça qualquer acusação. Além disso a família do rapaz falecido está entrando com uma ação na justiça por sobrevida.
- Que é isso? – Camila não entendeu,
- É quando falece uma pessoa que provavelmente teria uma vida estabelecida na sociedade. O garoto tinha dezessete anos, estava na faculdade federal e era bom aluno. Pelo ritmo de vida e hábitos cotidianos ele seria talvez um bom profissional, trazendo para a família uma estabilidade financeira. O que fazem neste caso é uma estimativa de vida e o valor que ele ganharia por mês, isso é multiplicado e o resultado é o valor da indenização.
- Nossa! Isso vai dar uma grana alta.
- Sim, segundo os familiares ele não bebia, não fumava e praticava esportes, foi medalhista num torneio de química e física, passou em terceiro lugar no vestibular da Unicamp.
- Ou seja, tinha um futuro brilhante.
- É isso aí. É lógico que nenhum dinheiro no mundo o trará de volta, mas a família quer ser ressarcida dessa perda de alguma forma.
- E nada melhor que com dinheiro no bolso. Sempre tem um advogado pra vir com aquela história: Eu sei que é uma perda lastimável e que o dinheiro não aplacará a saudade, mas você tem seus direitos. – Parisa falava com se encenasse uma peça de teatro.

Camila achou graça.

- Estou rindo, mas você está certa.
- Agora estou mais inteirada desse processo. Sou promotora do primeiro caso, quanto ao da indenização que a família pede eu só acompanharei. Eu fico indignada com essas situações, o moleque estava correndo, vinha de uma festa as quatro da madrugada e foi muito imprudente. A CNH dele nem foi apreendida, achei isso um absurdo e se depender de mim ele não dirige tão cedo.
- O pai dele deve ter comprado o policial. – Parisa comentou.

Sofia prestava atenção em tudo sem dar um pio.

- Ah claro. Bom, agora eu vou Pari. Se precisar de mim pode ligar no celular. Amanhã eu não venho, mas estou no Rio mesmo.
- Sem problemas, bom final de semana pra vocês. – sorriu.
- Pra você também. – Camila falou.

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