Capítulo 73

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Na mesa do jantar na casa dos pais de Camila todos comiam sem conversar, vez ou outra Zayn olhava para Perrie ou para a mãe. Sofia apareceu e perguntou intrigada:

- Por que ninguém fala nada?
- Sofia vai brincar na sala. – Perrie falou.
- Eu vim saber se tinha alguém aqui, porque não ouvi vozes. Cadê tia Camila, ela não vem hoje?
- Camila já veio e você estava dormindo.
- Não me chamaram? Ah... – virou as costas voltando para a sala.
- Camila tem vindo aqui? – Alejandro perguntou.
- Sim, quando estavam no sítio ela veio alguns dias para nos ver.
- Por que ela está na cidade?
- Ela não veio pra cá, estava em São Paulo a negócios e resolveu chegar até aqui.
- Pra que? – Zayn perguntou.
- Como pra que? Somos a família dela, ela gosta de Sofia, será que não pode vir visitar ao menos a mãe e a sobrinha?
- Pode mãe, eu só fiquei curioso.
- Você debocha demais, devia ficar na sua, é o último que poderia falar. – Perrie recriminou o rapaz.
- E você anda muito puxa saco pro meu gosto, qual é? – Zayn se alterou.
- Calem a boca. – Alejandro falou em voz baixa, mas a discussão continuou.
- Ela ta é querendo comprar você e Sofia com presentes caros. – Zayn continuou.
- Camila nunca me deu nada e pra Sofia ela dá presentes desde quando era estudante.
- Está fazendo de caso pensado e...
- Calem a boca!! – Alejandro gritou. – Não quero mais ouvir o nome de Camila nessa casa!

Todos ficaram em silêncio e de cabeça baixa. Sinuhe comia devagar, mas em dado momento deixou o talher e falou em tom calmo.

- Camila é uma excelente profissional, trabalha muito e todos gostam dela, tanto que sempre é chamada por muitos artistas famosos. Além de dona de seu próprio negócio, ela tem a cabeça feita, é ajuizada, sempre foi, mas não se tornou fútil ou egoísta porque ganhou dinheiro. Ao contrário, ela é humilde, nos ajuda sempre. E ajuda os outros, quer ver o bem de todos. E agora eu pergunto: por que ela não é digna de estar aqui sentada conosco? Porque está casada com outra mulher e isso agora é crime? Deve ser... – ela mesma respondeu sua pergunta. - Antes então ela fosse imprestável ou irresponsável, mas se estivesse casada com um homem seria melhor. – levantou-se da mesa e saiu da sala.

Todos ficaram quietos se olhando e digerindo as palavras de Sinuhe. Perrie foi a primeira a levantar e sair com o prato na mão, Zayn foi atrás e Alejandro ficou ainda um tempo pensando no que a esposa tinha falado, os olhos perdidos não conseguiam achar uma razão.



De madrugada Camila se remexeu e acabou acordando Lauren, que estava abraçada a ela. Tinha uma luz acesa deixando o quarto parcialmente iluminado. A chuva havia piorado, trovões faziam a trilha sonora da noite.

- Que foi amor? – perguntou abraçando mais forte a mais nova.
- Assustei com o trovão, está chovendo muito. – se encolheu naquele abraço. – Como você me trouxe?
- No colo. Você dormiu no carro e não quis te acordar, achei que só iria cochilar, no fim eu que acabei dormindo com você. – sorriu.
- Podemos ir embora amanhã? – Camila falou com dengo, quase chorando.
- Claro minha linda, cedo nós fechamos a conta e partimos. – beijou-a. - Vou tirar você dessa cidade, voltamos pro nosso cantinho o quanto antes, ta bom? – beijou-a mais uma vez.
- Às vezes queria esquecer que tenho família, pensar que sou sozinha. Seria mais fácil se fosse. Não ter família para julgar meus atos, talvez tivesse mais paz...

Lauren a virou de frente e falou olhando em seus olhos.

- Você é a melhor pessoa que conheço, tem caráter, humildade e amor no coração. Paz não é encontrar tudo perfeito do lado de fora, é quando olhamos pra dentro sem nos assustar. Eles não podem te julgar, porque você é perfeita, ao menos pra mim. – beijou a ponta do nariz dela.

Os olhos de Camila se encheram de lágrimas, sorriu e chorou ao mesmo tempo.

- Eu amo tanto você. – segurou o rosto de Lauren com as mãos.

Lauren sorriu e a beijou nos lábios com carinho, depois beijou seus olhos, a ponta do nariz e por último a testa.

- Não quero vê-la chorando, você não merece isso. Faço qualquer coisa pra que se sinta melhor. – alisou o rosto dela. – Me fale que eu faço agora se quiser.
- Que me abrace e fique comigo. – Camila falou quase num sussurro.

Aconchegaram-se de novo debaixo das cobertas e dormiram.

No dia seguinte partiram cedo da cidade, mas antes entraram em Jaú e Camila comprou um presente para a mãe, outro para Perrie e um para Sofia. Pediu que entregassem em casa junto com um cartão de despedida para elas. Ainda chorava quando pegaram a estrada e Lauren sempre tentava animá-la. Sinuhe foi quem recebeu os presentes e ficou emocionada, se trancou no quarto por horas. Alejandro nada falou, mas sentiu vergonha de sua própria atitude com a filha. Quase perto de São Paulo Lauren olhou e viu que Camila ainda dormia, a chuva havia diminuído, mas o tempo estava nublado.

- Viagem fuleira essa... – resmungou.
- Que foi amor? – Camila acordou.
- Nada linda, estou olhando o tempo.

Camila se endireitou no banco e pôs a mão na perna de Lauren.

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