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-Não estou te entendendo Sophi.- Diz ele intrigado.

-Te explico no caminho. Por favor, vamos embora... E tem que ser rápido.- A este ponto, tinha me acalmando um pouco, já me conformando do tsunami que são os meus pais.

Luke não estava entendendo absolutamente nada, porém não pensou duas vezes para começarmos a descer as escadas.

...

Estávamos no começo da rua e já dava para ver as luzes do carro da polícia.

-Quase perto da porta do inferno.- Pensei comigo.

Contei para Luke o que Alice tinha dito no telefone. Então pedi para ele me deixar na esquina de casa.
Se eu aparecesse com um cara, só deixaria a situação pior.

Luke parou o carro e destrancou as portas. Desci e olhei para dentro.

-Vai dar tudo certo.- Luke diz sorrindo, mas percebi que ele não tinha certeza do que estava falando.

-Espero...- Dou um sorriso quase não perceptível.

Eu amo esse jeito dele tentar nos fazer bem, enquanto o mundo está caindo em nossas cabeças. Mesmo que eu o conheça á pouco tempo, já o vejo como um irmão.

Me afasto do carro e caminho para a boca do furacão.

-Temos no caso uma garota desaparecida com 19 anos, seu nome é Sophia Waren- Ouvi a voz de um homem, provavelmente o policial.

Parei no jardim, respirei fundo, tomei 2 litros de coragem e entrei pela porta da cozinha.

Antes de ir para sala me belisquei algumas vezes para saber se eu estava dentro de um pesadelo.
Porém, esse pesadelo eu não iria acordar.

A cena que vi na sala, foi um tanto quanto, melhor do que imaginei.

Minha mãe andando de um lado para o outro, meu pai com um olhar furioso e Alice sentada no meu sofá do lado do meu vizinho.

Espera, meu vizinho?

Encarei o cara de cabelos cacheados, por uns segundos.

Mas o que ele está fazendo aqui?

-Sophia! Graças á Deus!- Minha mãe vem me abraçar, enquanto todos os olhares vão para mim. Inclusive o olhar matador de meu pai.

-Onde foi que você se meteu?!- Grita meu pai.

Deixo os braços da minha mãe e encaro meu pai, que tinha se levantado da cadeira.
Seu rosto parecia que iria explodir de tão vermelho que estava.

-Eu saí, só isso.- Digo calmamente, mas por dentro, estava gritando.

-O que? Eu acho que não ouvi direito.- Meu pai diz dando eu riso irônico, que me deu um arrepio na espinha.- Depois de você sumir o dia inteiro, depois de eu chamar a polícia, depois de eu ter que envolver Harry- Então é esse o nome dele...- para ajudar a te procurar, é isso que você me diz? "Eu só saí?"- Ele fala imitando minha voz, de um jeito cômico e ridículo.
Parecia engraçado, mas sua cara me fazia sentir medo.

-Pai, eu só saí. Que droga, toda vez vou ter que dizer que não sou mais uma criança? Vocês chamaram a polícia e ele- Direcionou o meu olhar para o cara no meu sofá.- porque quiseram, não tinham motivo para fazer esse alvoroço todo.- Termino olhando para minhas unhas, o irritando mais.

Apesar do medo estar se apoderando de mim, mostro que eu sou confiante, que não tenho medo dele, que sei me virar e que vou enfrentar se for preciso. Não vou continuar recebendo ordens, não mais.

-Sophia, você tem ideia do que está falando e acontecendo?- Minha mãe olha com uma cara de repreensão.

-É claro que tenho. Eu saí de casa, passei o dia fora. Estou aqui agora, muito bem por sinal. Fim de história.- Digo e cruzo os braços.

Love, Sophia.Onde histórias criam vida. Descubra agora