Go Little Singer

Didn't know I was so replaceable

Piper's P.O.V.
Segui as instruções, fiz tudo o que era pedido, e o teste deu positivo. O Dean ia ser pai, e isso eu não lhe podia esconder. Como é que eu lhe ia contar aquilo, depois de tanto tempo a fingir de morta? E como é que aquilo aconteceu, sequer?! Houve alguma vez em que não usámos proteção?
Peguei na Harley e fui até ao Kansas, a tentar preparar um discurso qualquer para lhes dizer. Estava tão nervosa... Não sabia se ia sequer ter coragem para lhe contar uma coisa assim. Quando cheguei, estacionei a mota a tentar não fazer barulho e toquei à campainha, insegura. Quem abriu foi uma miúda, que parecia da minha idade e parecia uma daquelas cheerleaders perfeitas de liceu. Aquelas que me fariam fugir para a floresta, chorar à noite ou apanhar uma detenção por lhes ter dado uma sova. Ela olhou-me de alto a baixo, e com um ar de desdém e uma ponta de inveja perguntou:
-Quem és tu?!
Notava-se o veneno na voz dela, e nem me conhecia de lado nenhum. Levantei a cabeça, fazendo um meio-sorriso trocista, que só a irritou mais e disse:
-Piper Singer, e quero falar com o Dean e com o Sam.
Ao ouvir o meu nome, ela quase deu um salto. Depois, fez outro ar de superioridade e disse:
-Dean, baby, há aqui uma Piper que quer falar contigo e com o teu irmão!
-Já vou, Courtney!-gritou o Dean.
Baby?! Eu fui assim tão substituível para o Dean?! Partia-me o coração só de pensar nisso.
-Piper?!-ouvi o Dean exclamar do fundo das escadas, e os passos deles a correr para cima. Quando me viram ficaram petrificados à minha frente durante uns segundos, quase atropelando a Courtney, o que quase me fez desatar a rir ali à frente deles, mas controlei-me. Eles puxaram-me para um grande abraço antes de dizerem alguma coisa.
-Piper, entra!-convidou o Sam.-Podes deixar-nos a sós, Courtney?-pediu o Sam, à porta do quarto dele. Deu-me a impressão de que ele também não gostava da Courtney. Sentámo-nos os três na cama e o Dean disse:
-Kiddo, achava que estavas morta. Eu vi-te nos braços do Edgar, Piper!
-Eu sei Dean. Eu explico tudo.
-Pois, é melhor começares.-ele disse, irritado.
-Então vê se te acalmas, Dean Campbell Winchester!-disse, com a voz mais autoritária que consegui. Ele baixou a cabeça e murmurou baixo: "Desculpa".-Bem, quando o Edgar e o Dick me raptaram eles tinham uma proposta para mim. Se eu fingisse que morri eles não matavam a Charlie, o Cass, o Kevin e vocês. Ele disse que se eu "morresse" vocês iam ficar bem. E eu só queria ver-vos vivos e felizes, porque já bastou perder o meu pai. Portanto eu aceitei. Dean, eu juro que queria ter saltado dos braços do Edgar e ter corrido para ti, mas eu não ia deixar que vocês morressem.
-Kiddo... Porquê... Nunca devias ter feito isso...-ele disse, abraçando-me.
-Foi o mais certo. Agora estamos aqui todos vivos!
Mas não era isso que eu pensava... "Agora estamos todos vivos mas eu perdi o Dean"-isso sim era o que eu realmente pensava. Mas perdê-lo foi para o bem maior, eu só não sabia que ia doer tanto.
-Porque é que não voltaste mais cedo? Com o Dick Roman e os leviatãs mortos já não havia perigo.
-Eu não fazia ideia que eles estavam mortos. Acabei de saber isso! Eu voltei por outra razão, mas...-comecei, mas não tive coragem para acabar.
-Qual foi?-perguntou o Dean.
-Bem... é que...
-DEAN! BABY, VEM TIRAR ALI UMA COISA!
-ESTOU A IR! Se me dão licença...-ele disse, saindo do quarto e correndo para aquela Courtney. O Sam revirou os olhos ao mesmo tempo que eu suspirava de raiva.
-Também não gostas muito dela, pois não?
-Eu? Gostar dela? A Courtney é horrível, já não a aguento mais. É a Charlie e o Cass também não. Eu acho que ela é péssima, mas desde que o meu irmão seja feliz...
-É porque eu quero que o teu irmão seja feliz que eu não lhe conto porque é que voltei.
-Mas podes contar-me?
-Posso, se prometeres não contar a ninguém. Só à Charlie e ao Cas.
-O teu segredo está salvo connosco.
-O teu irmão vai ser pai, Sam.
-Oh, Piper...-ele disse, abraçando-me. Sentia falta daqueles abraços.-Isso é ótimo, mesmo. Mas vais ter de lhe contar.
-Eu sei, Sammy. Não vou conseguir esconder isto para sempre, e eu quero que esta criança nasça.
-Claro que sim! Eu vou ser tio, nem acredito... Estou muito feliz por ti, por vocês!
-Mas agora o Dean está com a Courtney...
-Não penses dessa maneira.
O que é que ele quereria dizer com isso? Para eu fingir que a Courtney não existia? Mas existia, e era a pessoa a mais na minha vida, a que eu tinha de afastar.
-Obrigada, Sam.-disse, abraçando-o.-É bom saber que ainda está alguém aqui para mim.
-Eu estou, sempre que precisares. É o Cass e a Charlie também. Eles fartam-se de dizer que estão cheios de saudades, que queriam que estivesses aqui... Devias ligar-lhes. Convida-os para virem cá. Eles adoram-te, falam imenso de ti.
-Eu também os adoro. E é isso que eu vou fazer.

Uma hora depois...
-Eles nem acreditaram, Sam! Eu tinha imensas saudades. Foi à tanto tempo, não é?
-Sim, mesmo...
-DEAN! COMO É QUE PUDESTE, SEU...
-Fogo, Sammy, esta aqui ainda é mais irritante que o Crowley, e eu nunca pensei dizer isto. Preferia fazer um churrasco com o Crowley do que passar um dia a fazer uma coisa que eu adorasse com ela.
-Já somos dois. Às vezes nem o Dean tem paciência. Tu ainda gostas dele, não é? Nota-se.
-Muito, Sam. E dói muito saber que eu fui tão substituível assim.-disse, caindo nos braços dele, à beira das lágrimas.