Goodbye

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Piper 's P.O.V.
-NÃO!

***

Era horrível ver a casa na qual eu passei a minha infância inteira completamente destruída, a desaparecer em chamas. Ainda se conseguia ler, escrito na parede: "Vamos atrás de ti e de tudo o que tu amas".
Porquê? O que é que eu fiz de mal? O que é que uma criança que ainda nem sequer nasceu fez de mal? Era preciso tanto ódio, tanta desumanidade? Agora sim aquele Crowley ia pagar por tudo. Aquilo era literalmente como se tivessem queimado parte do meu passado, e me forçassem a vê-lo desaparecer diante dos meus olhos. As lágrimas que caíam dos meus olhos não paravam e tornavam-se mais fortes a cada minuto, mas não eram nada comparadas com o ódio e com a raiva que eu carregava em mim. Quando eu matasse o Crowley, ia ter a certeza de que os últimos momentos de vida dele fossem a olhar para a minha cara, para ele ver o mal que me causou. Dick Roman e agora este? Ai não. Isso eu não ia deixar.
-PIPER!-gritou o Dean, tirando-me dali.
-Eu vou matar o Crowley... Eu vou matar o Crowley...-eu repetia, vezes sem conta.-Porquê?!
-Não olhes para lá.
-Como? Não tem como não olhar. O que é que eu fiz de tão errado contra ele?!
-Tu não fizeste nada. O Crowley é um demónio, é um insensível que não percebe o que significa amor. Vamos proteger o nosso Bobby a todo o custo e vamos matar esse monstro do Loch Ness.
-Sim. Mas, para onde é que vamos agora?
-Tem de ser para um motel qualquer bem longe daqui. Nada que tenha a ver com Singer, Winchester ou qualquer outro desses nomes. Podemos até viver de tarte, tic tacs e sopa e desaparecer do mapa mas ao menos salvamos o nosso filho.
-Claro. É isso que importa.
Duas horas depois, parámos num sítio chamado Paradise Motel e alugámos quatro quartos. Eu tinha a impressão de que aquele sítio ia mesmo ser a nossa casa durante algum tempo. Quando chegámos ao nosso quarto, a primeira coisa que fizemos foi trancar as portas e as janelas e guardar o arsenal todo para caçadas. Nem sequer fizemos as malas... Nada ia ser como dantes. Eu tinha imenso medo do que poderia acontecer com o Bobby de agora em diante. Claro que queria participar, mas não o queria pôr em risco.
De repente, alguém bateu à porta.
-Fica aí, eu vou ver quem é.-disse o Dean, agarrando a Colt atrás das costas. Bateram à porta de novo.
-Dean? Piper?-perguntou o Castiel, do lado de fora. Ele abriu a porta lentamente, e pudemos confirmar que era mesmo o Cas.
-Castiel?-perguntei.
-Sim, sou eu. Precisamos de falar os três.
-Diz.
-Bem, eu, o Sam e a Charlie estivemos a falar muito sobre isto e nós achamos que nós é que devíamos matar o Crowley.
-Porquê?!
-Porque nós achamos que vocês deviam começar uma vida normal para proteger o Bobby. Nós matamos o Crowley, deixem connosco. É para a vossa segurança. Para a segurança da vossa família.
-Mas vocês também são a nossa família!-protestei. Não é que não gostasse da ideia, mas tinha medo por eles, medo do que o Crowley lhes poderia fazer.
-Mas nós ficamos bem, Piper. Nós somos capazes, não somos a equipa B dos incompetentes.
-Eu não disse que eram, Cas.
-Piper. Podemos falar a sós?-pediu o Dean. Cruzei os braços e disse que sim. O Castiel saiu do quarto e ele e o Dean trocaram olhares. Estava com a impressão de que o Dean concordava com isto. Que até foi ele que fez o plano.
-Pie... Pensa bem. É a melhor maneira de mantermos o Bobby a salvo. Nós devíamos ser os primeiros a querer isso.
-Eu sei, mas... E eles? Se o Crowley lhes faz alguma coisa vamos sentir-nos as piores pessoas de sempre!
-Eles conseguem. Mas tu gostas da ideia ou não?
-Sim, claro. Mas eu sinto que os estou a abandonar...
-Pie, ouve. Há alturas em que temos de parar de ser simpáticos e preocupar-nos connosco. Até eles concordam com isso, não ouviste? Pelo Bobby.
Fiquei em silêncio a processar como seria a minha vida dali em diante. Por um lado, era um alívio, mas por outro, era tão mau deixar o resto da família para trás... Eu estava pronta a aceitar, pelo nosso filho e por nós.
-Ok, vamos.
Pusemos as malas no carro e estávamos a fazer as despedidas. Nunca imaginei que aquele momento fosse tão triste.
-Adeus Sammy, Cass, Charlie. Vocês conseguem, eu tenho a certeza. Isto vai ser rápido e vamos poder estar todos juntos outra vez, eu sei disso. Vocês são os meus melhores amigos, são as melhores pessoas que eu já conheci na minha vida. Obrigada por tudo, a sério. Adoro-vos, pessoal.-disse, cheia de lágrimas nos olhos. Nunca fui fã de despedidas.
-Não chores, Puff, nós voltamos depressa. Adoro-te, és a minha melhor amiga e tu e o Deano são o casal mais fofo de sempre, mal posso esperar para o pequeno Bobby começar a chamar pela tia Charlie. Nós fazemos isto rápido.
-Adeus, Piper, Dean. Nós ficamos bem e voltamos muito depressa. Ainda antes do Bobby nascer.-disse o Castiel.
-Dean, vou ter saudades de ti, irmão. E de ti também, irmãzinha!-disse o Sam. Ele também era como um irmão para mim.-Isto vai ser fácil, e é pelo bem do Bobby. Boa viagem.
Cinco minutos depois, estávamos na estrada em rumo à nossa Flórida, onde finalmente íamos ter uma vida normal com a nossa família.

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