Dance with the Devil

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Pus o vestido e deixei o cabelo solto, achava que estava bom assim e também não gostava de me arranjar assim tanto. Depois, os meus velhos inimigos: saltos altos. Detestava-os, mas era por uma boa causa. Estes também não eram desconfortáveis como os do teatro, portanto fiquei a achar que alguns saltos altos não eram assim tão maus. Nem perdi muito tempo com maquilhagem, que era outra das coisas que eu achava totalmente desnecessária. Fazia sempre uma maquilhagem o mais natural possível, para nem se notar que eu a estava a usá-la. Quando saí do quarto, desci as escadas tipo Cinderela, mas nem foi minha intenção. Eles ficaram a olhar, encarando-me, impressionados.
-Estás linda...-disseram. Eles também estavam bastante bem.
-Obrigada, rapazes. Vamos, agora.
-Claro.
Quando chegámos, só havia pessoas bem vestidas, mulheres com vestidos compridos e colares de diamante, a agarrar copos com champanhe e homens de fato, todos a dançarem e a conversarem alegremente. Subitamente, a Betty começou a descer as escadas com a prima, Kendra, e uma orquestra começou a tocar. Usavam vestidos espetaculares e colares com jóias extravagantes e eu segredei-lhes:
-Bem, elas podem ter oitenta anos, mas têm estilo.
Quando tudo acalmou, fomos por um corredor que não tinha ninguém. Fomos ao quarto da Kendra, mas não encontrámos nada de suspeito, e depois eu precisei de ir à casa de banho, enquanto eles foram aos outros quartos. Estava tão zonza e tão maldisposta... Eram os sintomas outra vez, e o Bobby a dar chutes. Encarei o espelho, com uma mão de cada lado do lavatório e respirei fundo. De repente, as luzes apagaram-se, e eu apaguei com elas. Acordei num quarto enorme, que reconheci logo como o quarto da Betty. Cheirava imenso a enxofre.
-Piper!-disse a Betty, saindo das sombras, com os olhos negros. Fez um sorriso malicioso e avançou até mim. Como é que ela me conhecia?
-O que é que quer de mim?! Porque é que me raptou?
-Bem, eu quero algo, mais especificamente alguém, que tu tens dentro de ti.-ela disse, olhando para a minha barriga, tirando uma faca de trás das costas. Começou a avançar cada vez mais até mim, e eu estava assustada.
-NUNCA!
-Bem, é isso que vamos ver...
BANG!-ouvi. Era o Dean, que tinha arrombado a porta.
-Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incursio infernalis adversarii, omnis congregatio et secta diabolica, ergo draco maledicte, ut ecclesiam tuam secura, tibi facias libertate servire, te rogamus, audi nos!
Ela contorcia-se e gritava enquanto ele fazia o exorcismo. Depois, apagou por um segundo e voltou a acordar.
-Senhora Kennedy... Está bem?-perguntei. Ela olhou para mim, sorriu e disse:
-Sim, querida, estou bem. O que é que se passou?
-Bem... A senhora sentiu-se mal e desmaiou.
-Ah, ok. Não me lembrava, mesmo. Obrigada! Venham, desçam. Vou juntar-me à festa. Muito obrigada, mais uma vez.-ela disse, e retirou-se. Quando ela fechou a porta eu desatei a chorar.
-Dean... Eu já sei o que os demónios querem.
-Então?
-Eles querem o nosso filho...-disse, e ele correu para me abraçar.
-Eu não vou deixar que uma coisa dessas aconteça. Ninguém toca no meu filho nem em ti. Mas agora não chores mais. Vamos lá para baixo. Lembras-te quando eu te ensinei a dançar?
-Claro que lembro. Foi o dia em que nós começámos a namorar.
-Sim. Foi um dos melhores dias da minha vida. Então, danças comigo?
-Sim.-disse. Descemos as escadas e fomos para a pista de dança. Começámos a dançar, e todas as memórias daquele dia vieram à minha cabeça. Dançámos e depois fomos para casa, porque eu já estava cansada. Adormeci no sofá, a fazer uma maratona de Dr. Sexy com o Dean, enquanto o Sam protestava, dizendo: "Vocês estão sempre a ver essa porcaria!".

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