Capitulo 3 - A vontade de viver afirma-se, depois nega-se

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     Como eu dissera anteriormente, entre meus transtornos mentais e emocionais estavam a despersonalização e a desrealização, que consistiam em uma complexa estranheza com a realidade e com o meu próprio eu. A despersonalização em mim, fazia com que eu tivesse a impressão de que houvesse uma batalha entre dois polos de minha existência pensante... O instinto e a consciência. O instinto era o meu lado impulsivo, cego e que não temia as consequência, enquanto a consciência era retraída, tímida e dominadora. A consciência era o que em si, me controlava, reprimindo meus instintos que cresciam e me sufocavam por já quase não caberem em meu corpo e mente. O instinto sufocado, causava-me angustia. A consciência tinha o prazer incomodo de torturar-me fazendo-me repudiar tudo o que o instinto em uma brecha de fuga me obrigou a fazer .... O instinto eu sentia que era como eu realmente era no fundo, quando a consciência em mim não possuísse nenhum poder. Era irracional, diferente da consciência autodestrutiva, o instinto era a pura destruição, a ausência do medo, uma força sem freio sem um deus que a condicione... Toda essa batalha em minha mente, fazia-me as vezes ter a sensação de que havia duas pessoas completamente distintas tentando ter controle sobre meu corpo. Lucas me dissera que era extremamente igual, apesar de que no momento entregou-se muito mais aos instintos, tentando abandonar as amarras da consciência. Dissera ele, exatamente com essas palavras que o seu instinto matou a sua consciência, mas que a minha consciência só ficaria perfeita para morrer em paz, se ela matasse o meu instinto em um caso de exceção.
     "Portanto, a alegoria pretende sempre designar um conceito e consequentemente dirigir o espírito do observador da representação intuitiva apresentada para uma outra, abstrata, não intuitiva, localizada inteiramente fora da obra de arte; aqui portanto quadro ou estátua devem realizar o mesmo que, de modo mais perfeito, é realizado pela escrita, O que nós declaramos como sendo o fim da arte, apresentação das ideias apenas intuitivamente apreensíveis, aqui não é o caso. Mas para o que aqui se pretende, também não é indispensável uma grande perfeição da obra de arte; é suficiente que se veja o que a coisa deve ser, já que, feito isto, o objetivo está atingido e o espírito é dirigido a uma representação inteiramente diferente, um conceito abstrato, que constituía o fim pré-traçado". Lucas sempre possuía a mania de mandar trechos dos livros dos quais estava lia, apenas para gravas as partes das quais julgava as mais interessantes... Essa era uma das quais ficou em minha mente, pois por algum motivo eu conseguir extrair sua mensagem e criar uma analogia em minha vida.
     Eu estava nervoso, mas finalmente estávamos um de frente ao outro. Percebi uma estranha semelhança em nossos traços, mas o modo como nos portávamos era extremamente diferente. Ele passou por mim, balançou a cabeça de cima para baixo em um gesto de cumprimento e se debruçou no balcão para logo em seguida pedir ao barman dois drinks de catuaba.
     – Está sozinho? – perguntou ele.
E foi como se ao ouvir essa palavra, eu estivesse entrado em estado de êxtase. Lutava naquele instante contra meu próprio corpo, que insistia em fazer com que meus músculos do rosto se contraíssem involuntariamente, revelando um em minha concepção vergonhoso sorriso. Meus batimentos cardíacos aceleraram e minhas pernas amoleceram gelatinosamente.
     – Estou.
     – Já te vi duas vezes aqui sozinho e apenas encostado a festa toda aqui no bar. Esta afim de dançar? – respondeu ele entregando-me o copo do qual segurava com a mão esquerda.
     Eu peguei o copo de sua mão e o agradeci timidamente com um sorriso e um dobrar de lábios característico. Fomos então para o centro da pista. Do bolso da calça preta de couro ele arrancou um óculos de sol de lente redonda e a colocou no rosto.
     – Você usou algo? – perguntei em uma coragem impulsionada pelo o que havia tomado.
     – Tomei uma bala. Você gosta?
     – Gosto e você?
     – Tomo as vezes só, tenho receio de pegar alguma doença se tomar demais. Mas só uso bala, LSD, maconha e recentemente tomei Lucidum... Álcool eu bebo muito raramente também; cigarro eu fumo quase nunca e cocaína eu nem chego muito perto.
     – Está certo – respondi após um profundo suspiro ocasionado por um peso que tomara contra de meu peito e atrofiara meu coração ao ouvir aquelas palavras.
     Dançamos por alguns minutos, enquanto eu o observava sem que ele percebesse. Invejei-o pelo fato de ainda de poder beber sem que aquilo o enjoasse ou fizesse-o vomitar litros de sangue como acontecia comigo ou como se portava conversando com todo mundo e com todo mundo admirando-o e tentando puxar assunto. Quando ele retirava o celular do bolso para ver a notificação do Facebook aonde por um instante vi suas duzentas e trinta curtidas. Invejei-o até por quase não pensar muito diferente de mim e mesmo assim ter aparentemente tudo o que eu nunca tive... Ele gostava dos mesmos filmes que eu, inclusive o favorito dele era o mesmo que o meu. Gostava dos mesmo escritores e filósofos, sendo seu favorito igualmente Schopenhauer. Mas essa inveja não me causou em nenhum momento raiva, muito menos admiração. Apenas um curioso fascínio. Mesmo sem poder beber, para o impressionar acabei bebendo um copo de vodca da qual acabei pegando da mão de uma menina da qual por ali conhecera. O enjoou tomou conta de mim, mas de certa forma consegui o controlar. Ao termino do evento eu e o garoto, ficamos no ponto aonde pudemos conversar muito. Era estranho dizer a ligação que possuíamos um com o outro. Nunca havia conhecido uma pessoa como ele. Ele me contou sobre sua vida, de sua faculdade, de seu trabalho e como ainda assim conseguia arrumar tempo para sair sempre. Ele contou também sobre seus relacionamentos, enquanto eu permanecia sempre calado ou contava algumas mentiras para contribuir com a farsa de o quanto minha vida era descolada. Apesar dessas pequenas frustrações demos boas risadas. Daquelas que permaneceram em minha mente e ainda insistiam em contrair os músculos de minha face, fazendo-me parecer um bobo sobre o acento do ônibus ou no meio da rua para a volta.
     – Bom, amanhã então te mandarei uma mensagem nesse número do qual me passou. Estou pensando em sair do meu emprego mesmo e já que você mexe bem no Photoshop é provavelmente que irão te contratar – respondeu ele a respeito do que também havíamos conversado.
     Ele iria sair do emprego e procurar algum do qual acreditava encaixar-se mais, por isso alegou que iria me indicar para seu chefe e fora preciso ao afirmar de que eu seria contratado.
Ao chegar em casa, entrei pela porta da sala, cômodo do qual abrigava meu pai em seu interior, sentado sobre o sofá bege coberto por uma capa de pano azul e branca quadriculada. Assistia o jornal característico daquele horário e naquele dia ele me recebera em uma abordagem totalmente diferente.
     – Eu queria te pedir desculpas... Eu não sei como lidar com você, mas estou realmente querendo mudar – começou a dizer emocionado, enquanto timidamente se levantava do sofá. Ele caminhou em minha direção, me deu um abraço e depois prosseguiu arrependido pela discussão que tivemos no dia anterior: – Você sabe que a morte da sua mãe foi difícil pra nós. Eu marquei uma psicóloga que nos atendera juntos caso não se incomode.
     – Sem problemas pai – respondi carinhosamente enquanto me desvinculava com cautela de seus braços.
     Aquele dia estava sendo perfeito. Acertei-me com meu pai, conheci uma pessoa incrível e ainda de quebra provavelmente conseguiria um bom emprego. Depois de tudo aquilo, algo tomara conta de mim. Um sentimento do qual a tempos eu não sentia. Eu estava eufórico por tudo o que aquele dia me proporcionara. Um êxtase de prazer tomou conta de todo o meu corpo e me fez pela primeira vez voltar a apegar-me a vida. Ver que ainda mesmo que poucos, eu possuía motivos para não desejar o suicídio. Para finalizar tentei deixar meu dia ainda melhor, mandando uma mensagem para Lucas.
     "Está dormindo?"
     "Não" – respondeu ele.
     Contei a ele sobre o meu dia maravilhoso e espantei-me com sua reação. Ao invés de ficar feliz por mim (apesar dele não aparentar ser esse tipo de pessoa) ele de forma pessimista me aconselhou com a seguinte mensagem:
     "Não acho que seja essa a forma mais feliz de terminar sua vida. Ela é você quem rege, mas tenha em consciência de que ela está no fim e você precisa decidir. Se você optou por aproveitar o máximo dela até que ela termine, talvez você esteja certo. Se optou em desapegar-se totalmente dela, para que quando ela chegue ela não possua o impacto de ir contra sua vontade, você está indo pelo caminho oposto. Agora por acaso se apenas se esqueceu disso, peço desculpas por acabar te lembrando".
      E ele estava certo. Eu realmente esquecera; mas não fora as suas duras palavras que me lembraram e sim o que aconteceu logo em seguida... Naquele instante um enjoou tomara conta de meu corpo, obrigando-me a se levantar e dirigir-me imediatamente para o banheiro que ficava logo ao lado de meu quarto. Ao encontrar no cômodo de cor creme, dirigi-me para o vaso sanitário. Minha pernas amoleceram a ponto de não com seguir mais parar de pé e joguei-me em sua frente para logo em seguida vomitar uma grande quantidade de sangue, eu caia sobre a água e fazia com que aquela mistura liquida respingasse sobre meu rosto. Enquanto eu vomitava a única coisa da qual eu conseguia pensar era no maravilhoso dia do qual eu tivera. O sangue se cessou, junto com ele, o desconforto e as fortes contrações abdominais e ao seu termino a frase que Lucas um dia me dissera voltou a pesar novamente.

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