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...

Acordo num banco perto da escola.

- Você está bem? - pergunta a garota de ontem.

- O que? - pergunto assustado.

- Dormiu aqui? - ela parece preocupada.

- O que te faz pensar isso? - pergunto sonolento

- Tá com o rosto sujo de baba - ela fala rindo. - E com a mesma roupa de ontem - ela percebeu.

- Não importa.

Levanto e vou até o banheiro da escola. Lavo o rosto e vou filar aula.

Encontro Jeremy, um amigo meu da rua.

- E aí, V? - V é um apelido que acabei ganhando por aqui. - Vou pichar aquela escola de riquinhos no final de semana. Quer entrar?

- Nem dá, meu pai me matriculou naquela merda, se eu me der mal de novo vai me mandar pro exército - ele sabe que meu pai é rico.

- Cara, tu ta f*dido.

Suspiro soltando meu corpo no chão.

- As vezes só dá uma vontade de fugir.

Ele tem que sair e fico sozinho por um tempo, mas volto para a escola na hora do almoço, e vou para o teatro. Querendo ou não aquele lugar é tranquilo, e consigo relaxar sem me preocupar com os idiotas mascarados lá em baixo.

A garota consegue chegar na hora dessa vez. Ela começa a perturbar um garoto, que reclama com ela. Ela se segura para não rir.

Ela é muito doida.

Ela me olha e dá um tchauzinho. Levanto a mão para ela de volta.

Ela começa a fazer caretas, e começo a rir dela. Quando o ensaio acaba ela vem até a cabine:

- Você filmou aquilo?

- Até foquei em você.

Mostro o vídeo e ela começa a rir.

- Tem "pânico" para gravar hoje?

- Não, hoje é outro tema, mas tem uma coisa.

- O que?

- Você meio que não devia filmar isso já que não é da turma de teatro.

- Depois eu passo para o meu celular, excluo da câmera e te mando.

- Você é incrível - ela me dá um beijo na bochecha e sai correndo. - HOJE É FELICIDADE - ela grita do palco.

Ela coloca uma música e começa a dançar, só dançar, de qualquer jeito. Ela sorri muito, as vezes até gargalha. Ela gira pelo palco até cair tonta e começar a rir no chão.

Ela é tão linda, tão de bem com a vida, queria ser assim, mas relaxado, mais livre.

Depois que ela acaba passo os vídeos para o meu celular e excluo da câmera. Arrumo tudo e tranco.

- Demorou - ela me dá um susto.

- Estava me esperando? - ela afirma com a cabeça. - E porque não me ajudou a arrumar as coisas?

- Não pensei nisso - dou um tapinha na cabeça dela.

Ficamos andando em silêncio.

- Ei, garota - ela me encara. - sua casa é pra lá?

- Até um certo lugar é.

- Então vamos juntos. Me dá seu celular aí para eu passar os vídeos. - Depois de passar tudo para ela digo: - Salvei meu telefone.

- V?

- É como meu amigos me chamam.

Ela sorri.

- Minha casa é pra cá agora - ela aponta pra direita. - Tchau.

- Tchau - ela me abraça e vai embora.

Volto para casa.

- Chegou tarde - diz meu pai que já está jantando.

- Tive que resolver umas coisas da equipe de teatro.

- É ator agora? Pensei que tinha desistido dessa idiotice.

- É atividade obrigatória na escola - digo irritado.

- Ah sim. Só não arranje confusão - ele passa a mão no meu cabelo e vai para o quarto sem me olhar.

Janto, porque não como já faz um tempo. Depois tomo um banho para trocar de roupa e durmo no sofá.

Só queria sumir.

21st Century Girls - kth (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora