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De manhã ela me acorda e digo que estou sem fome.

- Você devia comer mais, por isso está tão magro.

- E você devia trabalhar menos.

- Preciso pagar as contas.

- Por que não mora com seus pais?

- Porque sou órfã.

Não sei o que responder então ficamos em silêncio. No caminho alguém grita.

- Gostosa.

Me viro irritado.

- Tae, depois eu resolvo isso.

- Mas...

- Você não conhece as pessoas daqui. É sério, Tae, depois eu resolvo.

Eu vou para a escola revoltado e depois me perco dela. Não a vejo nem no teatro à tarde.

Quando estou indo para casa não aguento e vou até a casa dela. Buzino e ela atende rápido.

- Tae? Entre logo - Ela fala agoniada.

- Onde você estava? Não te vi nem na escola nem no teatro - será que devia mesmo me preocupar?

- Voltei para casa, na hora do almoço, pra resolver o problema com aquele cara - Como assim?

- Sozinha?

- Não, tive uma ajudinha - Que tipo de ajudinha?

A campainha toca e ela vai correndo atender.

- Carlos, entre - um garoto entra. - E ai?

- Deu tudo certo - A ajuda dela foi ele?

- Ele ficou irritado porque eu o repreendi - Ela diz como se fosse normal.

- Quando cheguei lá ele estava irritado, mas felei que era seu irmão e ele ficou todo mansinho - eles são irmãos? - Me avise se ele não pedir desculpas, que eu mando alguém dar um jeito nele - dar um jeito?

- Eu não quero que ninguém dê um jeito nele - ela diz.

- Eu sei, mas eu vou dar - ele sorri de modo provocativo e avança para beijá-la mas ela o para com as mãos.

O que está acontecendo aqui?

- A gente não tem mais nada - quê?

Ele suspira.

- Se cuide - ele beija sua cabeça. - E ele - ele aponta pra mim. - Chama muita atenção.

Estou com muita vontade de socar esse cara.

- Okay - Ela diz.

- Tchau - ele abre a porta e sai.

- O que acabou de acontecer? - pergunto.

Ela suspira.

- Aquele é Carlos, meu ex.

- Seu irmão é seu ex? - pergunto confuso.

- Ele não é meu irmão, só disse isso para tirar o cara de perto. Ele é tipo o fod*o daqui, a maioria das pessoas tem medo dele.

- Então você anda com essa tipo de gente? Que dá um jeito nos outros? - pergunto irritado.

- Eu era fraca antes, precisava de ajuda para me defender - ela explica. - E ele nunca fez nada contra mim.

- Pelo visto, continua fraca, já que pediu a ajuda dele - digo ainda irritado.

- Deixe de ser idiota, ele me encontrou e ofereceu ajuda, eu aceitei porque facilitou tudo - reviro os olhos. - E você não pode voltar aqui.

- O quê? - agora estou realmente irritado.

- O que ele falou foi um aviso, não volte aqui. O bairro é perigoso e não é só ele que sabe dar um jeito em alguém.

- E vai mesmo acreditar nele? Ele só falou isso porque você é a ex e está saindo por aí com outro cara.

- Eu moro aqui há três anos e sei como as coisas funcionam. Então vai embora - Ela aponta para a porta

- Quer saber, f*da-se. Tchau - abro a porta irritado e vou embora.

- E NÃO VOLTE - Ela grita e fecha a porta.

21st Century Girls - kth (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora