Rafael

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Part Chuck/Deus

Eu estava com pena, com muita pena do Miguel, do meu filhinho mais velho. Ele estava todo desconfortável naquela cadeira e ainda soltava algumas lágrimas. Miguel nunca foi punido daquele jeito, na verdade, nenhum dos meus filhos foi, então fez um misto de surpresa, de medo e de vergonha, se eu soubesse que esse tipo de punição era tão eficaz, a muito tempo eu teria a usado naqueles meninos desobedientes. Teria evitado tanta coisa...mas mesmo assim, eu tinha que tira-lo de meu pensamento agora, por que querendo ou não, ainda haviam quatro garotinhos na minha frente com medo de umas boas palmadas que sabiam que iam levar. Decidir ir de acordo com a ordem em que cada um nasceu, só deixando Lúcifer de fora dessa ordem por que já havia decidido que ele seria o ultimo a ser punido por ser o caso mais grave.

Eu entendia o sentimento de vergonha, mas se ele conseguiram entrar em guerra um com o outro na frente de varias pessoas, uns tapas não seriam nada.

-Rafael, eu já mandei você vir. -Eu ordenei ao meu terceiro mais velho e ele me olhou como se suplicasse. De todos os meus filhos, Rafael era o mais maduro, mais sensato, mas calmo, porem ele não se via como um filho e sim como um soldado, já estava na hora dele perceber que não era desse jeito que ele pensava, ele era meu filho e eu estava disposto a mostrar isso a ele.

-Meu pai...por favor...-Ele pediu, mas pediu sabendo que eu não iria voltar a trás com minha decisão.

Em outra ocasião, ele seria motivo de zoação entre os irmãos durante um longo tempo, mas como todos estão no mesmo barco, não havia nada pra rir.

-Meu menino...-Falei. -Você é o meu filho mais maduro...sabe que estou certo, sabe também que o comportamento dos seus irmãos e seu é merecedor de punição, não sabe?

A quem eu queria enganar? Eu estava me remoendo por dentro pedindo que tudo aquilo acabasse logo, para que eles não dessem trabalho e para que todos nós voltássemos pra casa. Mas aqueles meninos tinham o dom de empurrar a paciência até o limite e eu não sabia quem seria o artista que me provocaria a paciência, só esperava que não fosse Rafael.

Meu filho abaixou a cabeça e fitou o chão sem humor.

-Sim meu pai, eu sei. -Ele respondeu todo formal e eu não consegui evitar, eu tive que revirar os olhos. Até quando ele vai continuar agindo dessa maneira?

-Então venha filho, não vamos prolongar mais isso.

Pedi e ele se levantou de sua cadeira, andou em passos lentos até mim e parou na minha frente.

-O que foi Rafael? -Perguntei.

-E-Eu...-Ele tentou falar. -Me sinto muito velho pra isso pai...

Sorri com bastante humor, eles não sabem bem como e quando usar a palavra "velho", se eles eram "velhos", imagine eu. Me divertir muito com meu pensamento, e ele notou isso.

-O que houve? O que é tão engraçado? -Meu filho me perguntou e eu respirei fundo o olhando com doçura.

-Meu filho, eu quero que você, e todos vocês...-Olhei para meus outros filhos ali presente. -Saibam que nunca, jamais, em toda a eternidade se tornaram velhos de mais para que não caibam em meu colo, seja para um carinho ou para uma palmada, pois tenham certeza que daqui por diante, as palmadas serão o meio de punição adotado quando voltarmos pra casa.

Todos gemeram em desgosto, infelizmente teria que ser assim, conversar apenas não estava funcionando, olhe o que apenas as conversar fizeram? Se todos tivessem levado umas boas tapas na bunda desde que nasceram isso não teria acontecido, não estaríamos aqui, eu não precisaria ver meus filhos brigando uns com os outros pelo controle do céu e eu não precisaria está punindo um de cada vez na frente dos irmãos e de dois amigos do meu caçula. Eu tenho muito a agradecer aos humanos, a cada dia aprendo mais com eles.

O quase ArmagedomOnde histórias criam vida. Descubra agora